{mosimage}Conferência do sistema de câmaras italianas de comércio e indústria reuniu mais de 200 delegados de 50 países e serviu para promover a cidade como meta turística renovada
Um reformado e renovado Teatro San Carlo, “joia artística de importância mundial que representa um dos momentos mais expressivos da identidade napolitana”, como bem definiu o presidente da Câmara de Comércio de Nápoles, Maurizio Maddaloni, serviu de moldura para a XX Convenção Mundial das Câmeras de Comércio Italianas no Exterior, que reuniu, entre os dias 22 e 26 de outubro, mais de 200 delegados representantes de 75 câmaras de comércio italianas provenientes de mais de 50 países de todos os continentes. Do Brasil, estiveram presentes os presidentes das câmaras do Rio de Janeiro e de São Paulo e representantes dos estados de Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O evento serviu principalmente como uma oportunidade para a cidade de Nápoles que, no momento de se propor como sede para o importante encontro, enfrentava, pela enésima vez, uma fase crítica da chamada “crise do lixo”. A ocasião era propícia para reapresentar-se ao mundo, desta vez, com a dignidade de uma grande capital europeia na qualidade de meta turística e exportadora de produtos e serviços de qualidade.
— Apresentar Nápoles como palco para o sistema italiano mundial de câmeras de comércio parecia um ato de contradição e, ao final, tornou-se um ato de confiança e esperança para esta cidade — explicou Maddaloni, o anfitrião do evento, destacando o duplo resultado projetado e obtido, o de “apresentar a cidade como destino turístico e propiciar o desenvolvimento do empresariado local”.
O encontro, organizado pela Câmara de Comércio de Nápoles, em colaboração com a Associação das Câmaras de Comércio Italianas no Exterior (Assocamerestero) e a Unioncamere (Associação Italiana das Câmaras de Comércio) constitui um momento de contato dos delegados com todos os órgãos ativos na promoção italiana, em especial àqueles operantes no território anfitrião. Segundo os organizadores, um dos principais objetivos desta edição da Convention foi a possibilidade de apresentar as potencialidades econômicas de Nápoles, com a valorização de todos os componentes do sistema econômico produtivo local, a fim de identificar hipóteses de colaboração concreta. A ocasião também serviu para apresentar ao sistema italiano o estado de desenvolvimento da rede mundial, com a sua consistência numérica e as atividades realizadas e projetadas.
Turismo que desenvolve
O principal momento da Convention foi intitulado Turismo uma oportunidade de desenvolvimento para crescer juntos, realizado no Teatro San Carlo, que contou com apresentações de diversas autoridades locais e regionais, como o atual prefeito de Nápoles, Luigi De Magistris – considerado um dos responsáveis pelo recente renascimento da cidade. Na ocasião, o arcebispo de Nápoles, o cardeal Crescenzio Sepe, falou sobre o “turismo como instrumento de aproximação das culturas” enquanto dois casos de cidades que adotaram novos e bem sucedidos modelos de turismo foram apresentados. A cidade de São Paulo, com seu bem sucedido plano turístico, foi ilustrada pelo presidente da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria (Italcam), Edoardo Pollastri, enquanto o secretário de Turismo de Madri, Mar de Miguel, apresentou as mudanças recentes na capital espanhola.
O presidente da Câmara de Comércio de Nápoles destacou que, em um contexto econômico negativo, um dos poucos sinais positivos da balança comercial da região da Campânia repousava justamente nas exportações. Segundo Madalloni, em 2010, as exportações da região registraram crescimento de 5%, “confirmando a vitalidade da nossa indústria e da nossa rede de câmaras com seus representantes no exterior”. O anfitrião também afirmou que um dos tópicos discutidos entre os representantes das câmaras foi a reorganização do sistema diante da ausência do Instituto de Comércio Exterior (ICE), órgão público abolido pelo governo em junho deste ano.
— O nosso desafio com este evento é simples: fazer negócios em Nápoles e fazer negócios globalmente, concentrando-se sobre as exportações e o turismo, que são os nossos dois valores agregados e os nossos dois imediatos multiplicadores de oportunidades para todo o tecido econômico local — explicou Maddaloni sobre o desafio de transformar a capital partenopea em um local atraente de investimentos.
— A Convention deste ano é uma importante ocasião para comunicar mais uma vez ações e potencialidades de serviço das câmaras de comércio a favor das empresas — afirmou o presidente da Assocamerestero, Augusto Strianese.
Para Strianese, a principal mensagem de Nápoles é a de que “somos uma oportunidade que as pequenas e médias empresas italianas podem usufruir cada vez mais e da qual não é possível ignorar os benefícios, principalmente na situação de dificuldade geral que nosso país atravessa”. Ele afirma isso do alto de sua posição: é autoridade máxima de uma rede de câmaras que, apenas em 2010, assessorou cerca de 180 mil empresas italianas, desenvolvendo mais de 300 mil contatos de negócios.
Mais de 1200 contatos diretos
O penúltimo dia do evento foi dedicado à promoção da cooperação e internacionalização das empresas italianas, quando os representantes das 75 entidades realizaram mais de 1200 encontros diretos com mais de 300 empresas e instituições da região de Nápoles. As câmaras italianas presentes no exterior sempre constituíram um ponto de referência confiável para as empresas que pretendem operar em outros países, graças aos profundos conhecimentos do mercado local e aos contínuos monitoramentos das oportunidades de negócios nas suas regiões de atuação.
O presidente da Câmera Ítalo-brasileira de Indústria e Comércio do Rio de Janeiro, Pietro Petraglia, destacou que a entidade que dirige foi uma das mais procuradas durante os encontros diretos.
— Todos estamos conscientes do momento importante vivido pelo Brasil e, em particular, pelo Rio de Janeiro, que receberá os mais importantes eventos esportivos dos próximos anos, além de grandes acontecimentos como a visita do papa Bento XVI em 2013 e a Conferência das Nações Unidas Rio+20, em 2012 — destacou. Para Petraglia, os produtos italianos são complementares a diversos setores que vão de serviços, à energia e agroalimentação.
Petraglia também considerou o encontro importante por mostrar “que existe uma Itália que não para, uma Itália empreendedora que não aceita calada o momento de dificuldade e quer procurar em outros mares portas para os produtos made in Italy de tecnologia avançada, designer inigualável e valor agregado pela excelência italiana”.