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Home > O mestre das máscaras

O mestre das máscaras

15 de janeiro de 2014 - Por Comunità Italiana
O mestre das máscaras

O mestre das mscarasEscultor italiano impressiona público carioca ao mostrar as suas obras durante o lançamento de seu primeiro livro em português

Quem pensava em participar de um clássico evento na apresentação do livro A Arte Mágica de Amleto e Donato Sartori, no dia 2 de dezembro, no Rio, teve uma agradável surpresa. O título da obra já dava uma indicação de como seria o evento: mágico. Filho da arte, como ele mesmo se define, Donato Sartori é uma das maiores referências sobre o assunto máscara teatral, seja como artista, seja como pesquisador. Ele se envolveu com esse mundo por influência do pai, Amleto Sartori, que faleceu aos 46 anos em 1962. No próximo ano, se comemoram 100 anos do seu nascimento.
— Eu bebia máscara no leite materno. Máscara entendida como forma de arte, não como objeto de artesanato, como aquelas horríveis de Veneza — explica à Comunità o escultor, que considera a máscara um “meio para levar a outras dimensões e assim transformar o corpo numa arte mágica”.
O livro, apresentado no Espaço do Teatro Moitará, reúne textos de vários autores, como o antropólogo Claude Levi-Strauss, o historiador Jean-Claude Schmitt, o diretor teatral Giorgio Strehler e o ator Jacques Lecoq — organizados para dar vida a uma viagem imaginária em torno da máscara através de fases históricas e de seu uso no teatro, buscando suas origens e narrando as lendas relacionadas a ela.
Amleto Sartori deu vida à máscara do teatro italiano, depois de quase dois séculos de esquecimento. O rico patrimônio de tradições, artes e técnicas foi transmitido ao filho Donato, que deu continuidade à atividade do pai, enriquecendo-a com pesquisas e experimentações sobre formas e materiais. Foi assim que os Sartori se tornaram “mascareiros”, ou seja, escultores de máscaras conhecidas por todos os “teatrantes”.
— Nós mostramos um pouco da máscara para todo o mundo como embaixadores culturais deste importante objeto — declara Donato.
Durante o lançamento do seu primeiro livro traduzido para português, o escultor de Pádua mostrou algumas das suas obras de arte realizadas em diferentes materiais, deixando o público, literalmente, de boca aberta. Sartori, que especificou não ser um ator, pegou uma das suas máscaras em couro para cobrir o rosto. Naquele instante, tudo parou e a plateia se concentrou no objeto material que tomou vida, transformando o artista em um verdadeiro personagem teatral.
— A máscara nasce de uma combinação entre ator e diretor e, pouco a pouco, o personagem começa a tomar forma no desenho. Depois, vêm as experimentações com luzes e figurinos, e testes, para ver se funcionam, caso contrário é modificada. É um trabalho muito complexo — ressalta o escultor.

Máscaras criadas para artistas em várias partes do globo
Sartori criou máscaras para vários atores, diretores e encenadores ao redor do mundo, como Barrault, Eduardo de Filippo, Giorgio Strehler, Jacques Lecoq, Dario Fo, Ferrucio Soleri, Enrico Bonaver, Peter Oskarson e para os atores do Teatro Kyogen do Japão. 
— Quando o meu pai faleceu, eu frequentava a escola de arte onde ele dava aula e o ambiente de teatro. Após sua morte, vivi entre dois mundos: a escultura e o teatro. Esse duplo canal se uniu em um momento histórico muito importante, em 1968.
Ele lembra aquele ano como um momento cheio de esperanças e ideias.
— Em 1968 foi destruída, pelo menos por um tempo, a ideia de mercantilismo, a mecanização da arte. Até então, os artistas não faziam obras como objeto de arte, mas como uma mercadoria. Isso foi ótimo porque nasceram novas experimentações, como a body art, a land art, a arte conceitual — conta o escultor de 74 anos, que não vê nos jovens de hoje a mesma esperança que tinha naquela época de manifestações e revolução.
O efervescente contexto de 1968 provocou mudanças no trabalho de Donato: da união do mundo do teatro da máscara com as artes visuais, a escultura ganhou vida.
— Foi então que me dediquei às formas plásticas chamadas de Estruturas Gestuais, que são um tipo de escultura portátil, como a máscara, porém são grandes estruturas anatômicas, corpos humanos com um significado de denúncia social — explica o criador das estruturas nascidas nos anos 1970, representando corpos devastados e cortados que contam o sofrimento da época.
Neste novo contexto de experimentações, em 1979, Donato fundou o Centro Maschere e Streutture Gestuali, em Abano Terme, no Vêneto, junto com a arquiteta e companheira Paola Piizzi e o cenógrafo Paolo Trombetta. O centro reúne um grupo multidisciplinar dedicado ao estudo dos aspectos etnológicos e cênicos da realidade da máscara, considerada em toda a sua complexidade.
Sartori é um incansável pesquisador, o que o levou, junto a Paola, a conhecer países da África, Indonésia, América do Sul, Europa e Ásia.
— O elemento que une tudo é a máscara, um fio vermelho que percorre culturas diferentes, espaços e tempos diversos, e os transforma — ressalta Piizi à Comunità.
O casal de artistas diz que trabalha mais no exterior do que no Belpaese, embora em Abano Terme, além do centro de estudos, tenham inaugurado, em 2004, com um espetáculo do vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, Dario Fo, o Museu Internacional da Máscara Amleto e Donato Sartori, que narra a historia do homem por meio das máscaras.
— O museu é um ato de coragem, pois, apesar da cultura na Itália ter poucos financiamentos, conseguimos criar essa pequena joia — afirma orgulhosa Paola, a diretora do museu. Graças à prefeitura de pequena cidade italiana, ganhou como sede a vila vêneta dos Savioli-Trevisan, datada do século XVIII.
O museu é dividido em várias partes. Enquanto uma seção é dedicada às máscaras de outras culturas, do Oriente ao Ocidente, outra é dedicada ao trabalho de 80 anos dos Sartori.
— A escolha das obras não foi fácil, pois pai e filhos criaram muito. Só conseguimos expor 10% de toda a produção — admite Piizi.
O terceiro setor é dedicado à Estrutura Gestual, o que, segundo a diretora, “torna o museu único, pois o visitante, que espera encontrar as máscaras venezianas, descobre que a máscara é escultura, uma obra de arte que vive através do corpo do ator”.

Escultor realiza todos os anos o seminário internacional da máscara no Norte da Itália
Abano Terme se tornou um centro renomado não apenas pelas águas termais, mas também pelo Seminário Internacional Arte da Máscara, na Commedia dell’Arte, que todos os anos Sartori organiza. Este ano, alcançará a 29ª edição.
— É uma porta pela qual passam muitos profissionais, não apenas dos Estados Unidos, mas também da América do Sul, do Japão, da Europa e até de Israel — comenta Paola.
Durante o seminário de 1990, nasceu a parceria com os então alunos e agora amigos Venicio Fonseca e Erika Rettl, do Grupo Teatral Moitará, sediado na capital fluminense.
— Sartori é uma referência para nós. Foi ele que criou três máscaras para o nosso espetáculo Acorda Zé! — revela Venicio, diretor do grupo.
A amizade e a colaboração deram origem a vários eventos, inclusive uma exposição de máscaras que percorreu várias cidades brasileiras em 2008 e uma ação coletiva chamada ‘mascaramento urbano’, no centro do Rio de Janeiro, em 1995.
A performance se desenvolve como uma teia que, através do gesto, da imagem e do som, modifica a aparência do espaço urbano, criando uma reinterpretação por parte do público participante. É uma arte viva e social, da qual participam em média 100 mil pessoas, embora já tenha alcançado um público de 220 mil pessoas.
— Cria-se um ritual primitivo onde é o público quem faz a obra de arte. Dessa forma, anula-se a distância entre o artista e as pessoas — relata Sartori, mostrando as imagens, pois “é mais fácil vivenciá-las do que explicá-las”.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.