Comunità Italiana

O novo Saara

Massa scirocco provinda da África sufoca europeus com temperaturas em torno dos 44 graus e deixa a Itália em alerta

{mosimage}Junho infernal em toda a Itália, com temperaturas em média de 6 graus superiores aos valores normais da estação. Além do calor excessivo, a umidade relativa do ar, freqüentemente entre 90 e 95%, agravou ainda mais a situação. Tudo culpa de uma massa de ar proveniente da África que se estacionou sobre a Europa, chegando até mesmo à Escandinávia.


Para resistir ao calor, os principais conselhos de médicos e proteção civil foram os de evitar sair de casa durante as horas mais quentes do dia, beber muita água e redobrar o cuidado principalmente com crianças e idosos, estes representam a parte mais indefesa da população. Segundo o Ministério da Saúde italiano, cerca de 1,5 milhão de idosos sofrem risco de morte devido ao forte calor. Mas mesmo assim houve o agravamento do quadro clínico de muitos pacientes e a morte repentina de algumas pessoas, como aconteceu com Maria Angela Martini, 70 anos, que faleceu em Cagliari, caindo em frente à porta de sua casa, enquanto esperava um táxi, e Nicola De Dominicis, 51 anos, que se sentiu mal na praia de Varcaturo.


O calor abafado fez com que o consumo de energia elétrica chegasse a níveis recordes devido ao uso de ar-condicionado e ventiladores. Também houve aumento nas vendas de frutas, como melão e melancia, de sorvetes, sucos e demais alimentos que pudessem contribuir no combate à desidratação e ao aquecimento perigoso do organismo.

Em toda a península, os governos regionais criaram planos operacionais para a prevenção de ondas de calor e para socorrer os cidadãos mais necessitados, como é o caso dos idosos que vivem sozinhos e em modestas condições econômicas. Somente em Roma, o telefone “118” recebeu uma média de 100 chamadas por dia de pessoas que pediam socorro em casos de desmaios e indisposições variadas, ligadas à queda da pressão arterial. No Lazio, até dia 15 de setembro, o plano em vigor vai fornecer uma previsão dos dias de risco e publicar boletins no site da região e da proteção civil, além de fazer a identificação da população idosa em perigo, e definir como atuar na prevenção social. O plano tambémse estende ao litoral que, ao longo dos seus 300 quilômetros de praia, conta agora com um maior número de ambulâncias.


Em Roma, o nível de emissão de gases po-
luentes voltou a superar os limites aceitáveis
devido às condições atmosféricas que não per-
mitiram uma disperção maior das partículas no
ar. Para enfrentar o problema, a prefeitura da
capital proibiu a circulação dos veículos que
poluem mais, como carros sem catalizador, au-
tomóveis velhos movidos a diesel e alguns mo-
delos de motos.
De acordo com o ‘Telefono Blu’ [Associação do Serviço ao Turista] cerca de 14 milhões de italia-
nos deverão passar uma média de 10 dias no lito-
ral ou nas montanhas durante as férias de agos-
to. O restante da população, aproximadamente 6 milhões de pessoas, provavelmente deva fazer o mesmo nos fi ns de semana para fugir do calor.

ÁRIDO ITALIANO
Como aconteceu em 2003, de norte a sul, a Itá-
lia está sofrendo com a seca. O nível dos rios e
lagos no norte do país está chegando aos valo-
res mínimos históricos e, se as condições cli-
máticas não mudarem nas próximas semanas, o
problema irá se agravar também no centro e sul,
com uma inevitável recaída sobre os preços dos
produtos para os consumidores.

Devido ao calor abrasador de junho, o leito
do rio Pó está seco em alguns pontos, onde é
possível caminhar a pé. Um fenômeno pareci-
do ocorreu somente em 1962, quando os parti-
cipantes de uma competição de natação foram
obrigados a nadar em alguns trechos e correr

em outros. Em Cremona, o nível hidrométrico chegou a -7,6 em relação à média. Com uma situação tão crítica, existe grande probabilidade de perda das plantações de arroz, milho e hortofrutas. A Confagricoltura [Federação dos Agricultores] solicitou o estado de calamidade para as regiões Piemonte e Lombardia, mas o Veneto também apresenta campos quase totalmente secos. O quadro ainda pode piorar se a escassez de água atingir também as habitações.

Na ilha italiana da Sardenha, a temperatura superou os 30 graus, com cerca de 15% do território registrando mais de 40. Com base nos dados recolhidos pelo serviço meteorológico local, a temperatura máxima foi registrada na localidade de Ottana, com 44,3, ou seja, 12,8 a mais em relação às médias da estação.