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O que é o homem?

18 de fevereiro de 2016 - Por Comunità Italiana
O que é o homem?

O que  o homemNo Dia da Memória pelas vítimas dos campos de concentração, Conferência Primo Levi é realizada pela primeira vez no Brasil

No ano 2000, a República Italiana reconheceu o dia 27 de janeiro como o Dia da Memória para lembrar as vítimas da Shoah — um importante momento de reflexão para recordar o que pode acontecer quando o racismo, os preconceitos e o ódio são deixados sem controle. A data escolhida é o aniversário da libertação, pelas tropas russas, em 1945, de Auschwitz, o maior campo de extermínio nazista. Desde 2005, se tornou uma data simbólica, em nível internacional, por uma decisão da ONU.
Este ano, a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, em parceria com o Instituto Italiano de Cultura do Rio e o Centro Internacional de Estudos Primo Levi, organizou dois encontros na capital fluminense nos dias 27 e 29 de janeiro com o objetivo de refletir sobre a obra e a figura eclética do escritor e químico Primo Levi, sobrevivente do campo de Auschwitz. Pela primeira vez, o público brasileiro teve a oportunidade de ouvir a Lezione Primo Levi (Conferência Primo Levi), renomada iniciativa realizada anualmente pelo Centro Internacional de Estudos Primo Levi, em Turim, na Itália.
— Estou satisfeito com o fato de que conseguimos chegar a um acordo com o centro Primo Levi e com a Biblioteca Nacional para repetir, a cada ano, em torno dessa data, a Lezione Primo Levi no Brasil e poder analisar mais profundamente a figura do escritor — afirmou à Comunità o diretor do Instituto Italiano de Cultura, Andrea Baldi.
Além dessa iniciativa pioneira, o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Renato Lessa, anunciou a criação de um fundo de pesquisa Primo Levi a partir da disponibilização dos valiosos arquivos de textos digitalizados em italiano em torno da obra do poeta, pertencentes ao centro de estudos de Turim.
 — Vamos criar um centro de referência importante para os brasileiros que, crescentemente, tem demonstrado interesse em sua obra — relatou Lessa, que frisa a importância do autor italiano como um guia “para a nossa capacidade de escuta diante da dor humana”.
A primeira Lezione di Primo Levi escolhida para ser apresentada na Biblioteca Nacional foi In un’altra lingua (Em outra língua), texto escrito pelo professor da Universidade de Milão, Domenico Scarpa, e pela curadora das Obras Completas de Primo Levi em inglês, Ann Goldstein. A conferência propõe uma reflexão sobre a linguagem de Levi como escritor e testemunha, e foi proferida pela primeira vez em Turim em 2014 por ambos. A versão brasileira foi proposta pelo professor Scarpa, sem a presença de Goldstein.

Os livros do escritor torinese são leitura obrigatória nas escolas italianas
Primo Levi era um químico e tinha apenas 24 anos quando foi capturado pelas forças fascistas italianas e deportado para Auschwitz, a fábrica da morte construída pelo regime nazista para executar judeus, pessoas com deficiência, homossexuais, opositores do regime e ciganos. Por 11 meses ele conseguiu sobreviver no campo de Monowitz (Auschwitz III) e passou os 40 anos seguintes à sua libertação dando testemunho sobre os horrores vividos. Ele foi um dos 14 sobreviventes do grupo de 650 judeus italianos com os quais foi  levado ao campo de extermínio.
Levi escreveu o seu primeiro livro Se questo è un uomo (É isto um homem?) movido pela necessidade irreprimível de testemunhar a sua experiência no lager. Sua primeira obra, considerada um clássico da literatura contemporânea, foi traduzida em dezenas de idiomas e é leitura obrigatória nas escolas italianas.
Inicialmente, o seu primeiro livro foi recusado pela renomada editora Einaudi e foi publicado em 1947 por Franco Antonicelli, um dos líderes do antifascismo piemontês que tinha uma pequena editora chamada De Silva em homenagem ao primeiro tipógrafo do Piemonte.
— Já tinham sido passados dois anos e meio do fim da guerra e muitos livros sobre fascismo, nazismo e deportação tinham sido publicados pelo mundo editorial italiano e não havia interesse em outros. A obra de Levi estava à frente de seu tempo, porque é atual ainda hoje, porém estava atrasada em relação à situação política e editorial de então — explicou o acadêmico italiano.
Por isso, o autor-testemunha do campo da morte teve de esperar até 1958, ano em que a Einaudi republicou o livro em uma edição expandida e contou com uma recepção muito maior.
De acordo com Scarpa, Levi inventou uma nova linguagem em cada novo livro que escreveu, ou seja, um mundo linguístico para cada um dos novos mundos que ele pretendia apresentar.
— Se Levi conseguiu contar Auschwitz em É isto um homem? e escrever obras tão diferentes, como O sistema periódico e A trégua, é porque tinha uma profunda  curiosidade pelo destino dos seres humanos. Era um homem que gostava de observar os seus semelhantes, o mundo, e de contá-los. Ele possuía as ferramentas para fazê-lo porque tinha uma enorme riqueza de palavras — comentou à Comunità o professor italiano.

Recém-publicado no Brasil, livro reúne textos inéditos
Os escritos de Levi, morto em 1987, capturam a atenção do leitor graças à sua prosa seca e límpida, e sobretudo por relatar a verdade. E essa mesma verdade impactante é revelada na obra Assim foi Auschwitz – Testemunhos 1945-1986, recentemente traduzida para o português e publicada no Brasil, e apresentada no dia 29 de janeiro na Biblioteca Nacional pelos professores Domenico Scarpa e Fabio Levi, que recolheram e organizaram depoimentos em processos contra nazistas, cartas e relatórios do autor italiano sobre o campo de extermínio. O livro se abre com o relatório sobre a organização higiênico-sanitária do campo de Monowitz que Levi e o cirurgião e amigo, Leonardo De Benedetti, redigiram em 1945 a pedido do Comando Russo. O resultado é um testemunho emotivo, mas ao mesmo tempo técnico.
— O fato que Levi fosse um químico o ajudou no seu trabalho de escritor e na tarefa de testemunha. Ele foi um personagem muito eclético e particularmente curioso sobre a realidade ao seu redor — destaca o diretor do Centro Internacional de Estudos Primo Levi, Fabio Levi, que, apesar do sobrenome, não tem parentesco com o autor.
Recentemente, a instituição realizou a mostra Os mundos de Primo Levi, em que aparece o escritor nas mais diversas facetas: como testemunha, escritor, químico industrial, pensador, linguista. Há um projeto para que futuramente esta mostra também chegue ao Brasil.
Fabio Levi acredita que uma das ideias mais importantes transmitidas pelo escritor é que “precisamos permanecer atentos, pois o que aconteceu pode se repetir, não necessariamente da mesma forma, mas pode se manifestar de maneiras diferentes”. Outra lição fundamental que emerge da sua obra é cultivar a curiosidade — a mesma que o ajudou para sobreviver em Auschwitz. Em 1986, ao responder aos pequenos alunos de uma escola italiana que perguntavam se possuía desde a infância a força de vontade demonstrada no Lager, Levi disse que nunca teve uma grande força de vontade. “Ter superado a prova do Lager foi uma questão de sorte, de resistência passiva e de curiosidade pelo mundo”, afirmou.  

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.