As comemorações pelos 140 anos da chegada dos imigrantes italianos ao Rio Grande do Sul se encerram em fevereiro, na Festa da Uva, em Caxias do Sul

Ao longo de 2015, diversos eventos foram organizados para comemorar os 140 anos da chegada dos primeiros italianos ao solo gaúcho.
— A imigração italiana no Rio Grande do Sul tem uma importância preponderante por causa das origens da população gaúcha. Um terço tem ascendência italiana, muitas vezes, até mesmo com todos os oito bisavós — afirma à Comunità o cônsul-geral da Itália em Porto Alegre, Nicola Occhipinti.
Em todo o estado, foram realizados mais de 300 eventos comemorativos e, na opinião de Occhipinti, foram todos excelentes. O evento que marcou o início das comemorações aconteceu no dia 20 de maio, em Nova Milano, distrito da cidade de Farroupilha (chamada de Nuova Vicenza pelos imigrantes fundadores originários de Vicenza), que reuniu mais de três mil representantes da coletividade italiana de todo o estado.
A escolha da data e do lugar não foi casual, pois coincide com o dia em que em 1875 as três famílias lombardas —  Radaelli, Crippa e Sperafico — chegaram à serra gaúcha, onde fundaram a primeira cidade. Naquela época tudo era diferente: as viagens de navio até o Brasil duravam até 40 dias e as condições eram péssimas. Entre 1875 e 1915, 14 milhões de pessoas, ou seja, quase 42% da população, deixaram a Itália e chegaram a países como Estados Unidos, Argentina e Brasil. Naquelas viagens, uma nova Itália foi construída fora do país: atualmente, segundo as estimativas da Embaixada italiana, existem mais de 30 milhões de descendentes de italianos no Brasil, quase 15% da população.
Para fugir da miséria, os imigrantes italianos deixaram para trás um mundo feito de família e carinho, em busca de uma nova vida no Brasil, país que, no imaginário italiano, era terra de fartura. Ao desembarcarem, perceberam que a terra prometida na qual tinham colocado todas as esperanças era um lugar desabitado e com pouca estrutura. Foi assim que os italianos arregaçaram as mangas, começaram a trabalhar e transformaram as terras do sul do Brasil em uma região próspera e cheia de vinhedos, que até hoje dão à serra gaúcha o reconhecimento de maior produtora de vinhos e espumantes do país.
Os imigrantes italianos espalharam suas tradições e deixaram uma marca muito forte na cultura gaúcha.
— Moldaram o estado com sua cultura de sacrifício, do trabalho, da família como núcleo indissolúvel, da religiosidade, da gastronomia e, na serra gaúcha, também com o estilo arquitetônico — destaca o cônsul italiano, que reside em Porto Alegre desde julho de 2014.

Correios homenageiam os imigrantes com um selo comemorativo
O Consulado italiano de Porto Alegre promoveu vários eventos culturais em homenagem aos 140 anos, assim como o governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori, que organizou três iniciativas no Palacio Piratini. O último evento de 2015 foi a 17ª edição do Natale Insieme, almoço que reuniu a coletividade italiana no Restaurante Executivo da PUCRS, em Porto Alegre, no dia 13 de dezembro.
Para participar das comemorações a prefeitura de Farroupilha, berço da colonização italiana, criou 25 medalhas Marco Zero: a primeira foi entregue ao presidente da Itália, Sergio Mattarella. Além dele, foram agraciados a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, o governador Sartori, o embaixador italiano Raffaele Trombetta e o cônsul Occhipinti. Os Correios também fizeram uma homenagem: foi lançado o selo comemorativo, criado com base na chegada dos imigrantes italianos, em 1875.
As comemorações serão fechadas com chave de ouro, de 18 de fevereiro a 6 de março, durante a 31ª Festa da Uva em Caxias do Sul: a previsão é atrair um público de um milhão de pessoas.