Comunità Italiana

O rodovalho brasileiro

Na nova configuração social do país, em meio à estagnação da economia, os emergentes continuam na corrida pelo consumo, a classe média tradicional busca novas alternativas de vida e os ricos nunca saem perdendo, investindo cada vez mais em educação e clubes exclusivos para os filhos

Não há dúvidas sobre a dificuldade de quantificar a riqueza incalculável e concentrada nas mãos de uma pequena oligarquia reservada que vive em silêncio no Brasil. É algo difícil de medir, afirma o professor Alberto de Oliveira, economista do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
— Não existem estatísticas confiáveis sobre os ricos, pois, antes de tudo, deveremos estabelecer quem é rico. Em seu projeto sobre os países emergentes, o economista francês Piketty luta até hoje para obter estatísticas das declarações de renda no país. Tenho certeza que ele nunca ele vai conseguir — sentencia.
De acordo com a Global Wealth Databook, um estudo cuidadoso do Credit Suisse, 1900 dos 128 mil super ricos presentes no mundo vivem no país que sofre hoje uma forte desaceleração em seu crescimento econômico. Um mal estar se rasteja hoje na sociedade brasileira, especialmente aquela emergente, que não é mais dócil e disposta a fazer sacrifícios como algum tempo atrás. Embora o crescimento econômico tenha sido freado, a quantidade de ricaços não para de crescer.
— Hoje em dia, a sociedade brasileira tem mais a aparência de um rodovalho do que de um triângulo. No vértice inferior, ficam os pobres que representam 6% da população, enquanto o topo é ocupado pelos ricos que representam 4% da sociedade, diz o professor e doutor em psicologia pela PUC-RJ, José Mauro Gonçalves Nunes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e professor de MBA da Fundação Getúlio Vargas. E quem está no centro do rodovalho? “A classe média emergente”, explica ele.
— Ela começou a se formar nos últimos 29 anos e representa 52% da população. Entre ela e a elite, há outra classe, a média, mas aquela tradicional, que ocupa 38% do rodovalho. Hoje, eles são os principais adversários da presidente Dilma Rousseff. Foram eles que pagaram o preço econômico para a saída de milhões de brasileiros da pobreza. São eles que têm mais contribuído para a formação da nova classe média emergente no Brasil.
Uma maneira de pagar a conta da classe média, a qual fica sempre mais apertada dentro do rodovalho, seria a tão esperada reforma fiscal.
— É verdade o que dizem as análises: a pobreza e a miséria diminuíram. A classe emergente está melhor e consome um pouco mais. Por isso, as empresas ficam grudadas no mercado da classe emergente, mas o mercado dos ricos não se expande. Os ricos são sempre ricos e muito ricos. Isso não mudou. No primeiro governo Lula, ouvi de Paul Singer que a preocupação do governo era a redistribuição da riqueza e dar um pouco aos pobres. Então, disse a ele que a redistribuição é feita também tirando dos ricos, fazendo com que paguem mais impostos. Ele me olhou deslumbrado e respondeu: ‘Sim. Este seria o socialismo, seria a melhor coisa do mundo, mas isso não acontecerá nunca”. E não foi feito! — afirma, indignada, Livia de Tommasi, professora de sociologia da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Talvez a classe média estivesse menos insatisfeita se tivesse sido realizada a reforma tributária no período do boom econômico. No entanto, do Oiapoque ao Chuí, percebe-se o que significou a explosão do consumo, com microcrédito e a elevação do salário mínimo. Milhões de trabalhadores moradores de comunidades puderam comprar pela primeira vez eletrodomésticos, carros, telefones, mas sobretudo um imóvel. O consumo criou um tsunami na economia e gerou uma riqueza que, de acordo com o professor Alberto de Oliveira, chegou até a elite, que ficou inclusive mais rica. Os proprietários de imóveis triplicaram o valor dos seus ativos em menos de 12 anos. A riqueza gerada pelos pobres, ou ex-pobres, cruzou os oceanos para chegar às matrizes das multinacionais, que lucravam no Brasil, mas perdiam por causa de repetidas crises financeiras.
Era a época da grande crise do mercado imobiliário norte-americano e o crack da Lehman Brothers, quando, em dois mandatos de Lula, o Estado brasileiro inundou o mercado de liquidez para financiar o consumo popular através de uma poderosa medida econômica anticíclica que transformou o perfil da sociedade brasileira. A riqueza gerada pelo consumidor, mais uma vez, acabou nas mãos de velhos e novos ricos — ressalta Alberto.

Apesar das últimas medidas econômicas, Brasil ainda não entrou em recessão
Os gastos do governo para apoiar o crescimento, porém, tornaram-se insustentáveis: o resultado é que, hoje, a equipe econômica de Dilma toma medidas draconianas. O país, porém, ainda não está em recessão, pois continua a exportar commodities, mas principalmente porque a taxa de emprego ainda é elevada, de acordo com o IBGE, um fato importante também para os bancos, pois as famílias estão muito endividadas.
— As medidas são uma demonstração de bom-senso do governo. O sistema bancário brasileiro é sólido, pois está sujeito a regras mais rígidas do que as que regem os bancos nos Estados Unidos e em outros países do mundo. Como está o crédito? Continua, apesar de ter diminuído — diz o economista.
Os bancos, de acordo com o economista brasileiro, ainda arrecadam capitais que são reinvestidos em crédito, emprestado a taxas de juros muito altas. Ou seja, os bancos, apesar de tudo, continuam ganhando dinheiro. A mídia fala em crise, porém os brasileiros continuam indo aos bancos para comprar casa.
O ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não acredita em recessão, mas em estagnação da economia, na qual não se encontra só o Brasil, mas também a Europa, há muitos anos. Segundo os especialistas, o mercado brasileiro não entrou em colapso, mas o que se percebe é uma luta de classes sociais, rastejante, que é “cada vez mais sentida na rua e nas redes sociais”. Fala-se em tentativa de golpe e impeachment, para tirar do poder Dilma, mas também o Lula, e, sobretudo, o PT.
— Prevejo conflitos sociais cada vez mais fortes e o risco de um racha entre os emergentes e as classes mais altas — sustenta Nunes.
Os emergentes são organizados em volta de um poderoso lobby evangélico, que influencia cada vez mais o parlamento brasileiro. Os ricos e a classe média temem a volta de Lula. O ex-presidente afirmou, sem meios termos, que concorrerá novamente à presidência em 2018. A probabilidade de remover Dilma Rousseff por meio de um impeachment devido ao escândalo de corrupção na Petrobras é improvável, segundo o professor José Mauro Nunes.
—É mais conveniente ter Dilma como refém política, em vez de ter um novo presidente que irá governar sem compromissos — afirma.
Dificilmente a oposição, ou seja, a elite, será capaz de prevalecer para tomar o poder, o que foi confirmado na última eleição presidencial. Apesar da luta pelo poder e a crise econômica mundial, a qual contribui para reduzir o PIB brasileiro, um pouco acima de zero por cento, e a inflação, que atingiu a taxa de 7%, o Credit Suisse prevê que, nos próximos cinco anos, o número de ricos vai continuar aumentando. A análise suíça parece certa: a lista brasileira compilada pela revista Forbes em 2014 contém 65 nomes, enquanto em 2013 havia apenas 43. Foi excluído o nome de Eike Batista, o ex-homem mais rico do Brasil, agora em completa ruína, que arrisca a ir para a prisão.

O mais rico do país dos bebedores de cerveja mora na Suíça
Os brasileiros adoram tomar cerveja e, certamente, contribuem diariamente para enriquecê-lo, uma vez que ele é o proprietário de quase todas as marcas (Ambev) no Brasil, além de ser o dono de alguns símbolos do sonho consumista americano, como Burger King, Ketchup Heinz e Budweiser. No topo da lista, pela segunda vez consecutiva, aparece Jorge Paulo Lemann, de 74 anos, o Rei Midas. Lemann, depois de uma tentativa de sequestro, vive em Genebra, onde supervisiona sua fortuna administrada por fiéis executivos e gestores formados em Harvard, que se incluem entre os mais ricos da Forbes. Carioca, cresceu na Suíça e nos Estados Unidos, onde ele gostaria de adquirir outra fatia de junk food na América do Norte, a Pepsi Cola.
Ao seguir os parâmetros de uma estatística, Alberto de Oliveira se sentiu surpreso ao se encontrar dentro de uma elite brasileira.
— Eu asseguro que não sou, não estou dentro desta elite — diz ele.
O fato é que um brasileiro que ganha 20 mil reais poderia se considerar rico, num oceano de emergentes que recebem no máximo dois mil reais como salário. Os ricaços, de acordo com Nunes, não são aqueles que vivem dos próprios salários, já que eles são “os donos da riqueza, imobiliária ou financeira”.
De Oliveira identifica diferentes tipos de ricos no Brasil. Em primeiro lugar, estão as grandes famílias proprietárias de imóveis e terrenos, que representam a riqueza mais antiga, muitas vezes ligadas ao agronegócio e à exportação de commodities, o carro-chefe da riqueza brasileira. Afinal, a economia ainda é baseada na exportação de soja, café, açúcar e carne, mas também de minerais, principalmente ferro. Essas famílias fizeram fortunas exportando para a China, o grande devorador de commodities brasileiras. Desde que a locomotiva chinesa freou, o Brasil registrou uma parada significativa, que contaminou toda a economia nacional.
A outra categoria são os grandes industriais que fizeram fortunas até o início da década de 1980, quando caiu o protecionismo dos militares e foi retomada a democracia, abrindo o mercado interno às importações. Hoje, está muito deteriorada, quase desapareceu, pois não resistiu ao impacto da concorrência, que oferecia produtos baratos e de melhor tecnologia. Finalmente, existem os financeiros e banqueiros, como Joseph Safra, o segundo homem mais rico do Brasil. O Banco Bradesco, dos Aguiar, é um verdadeiro gigante das finanças, mas também a família Setúbal, do Banco Itaú, é uma verdadeira máquina de fazer dinheiro, mesmo em tempos de aperto econômico.

O silêncio, regra número um dos ricos brasileiros, que encobre a sonegação
A regra fundamental dos ricos é permanecer em silêncio.
— Eles fazem isso para esconder as próprias riquezas das autoridades fiscais e da Polícia Federal, que sempre suspeita de seus milionários negócios; e também porque o Brasil é um país católico, onde não é bom mostrar a riqueza em público — explica Nunes.
O rico anda por caminhos percorridos por outros ricos; por isso não é difícil compreender que a riqueza prolifere onde ela já existe.
— É um lugar acima de tudo para mulheres. É claro que tenho uma boa clientela masculina também, mas, sem dúvidas, o Crystal Hair atende mais às mulheres. Não tenho como dizer se serão os novos ricos, mas posso afirmar que no salão de beleza as mulheres tricotam e fazem um bom network, digamos assim. Muitas se reencontram depois de anos sem se ver, aproveitam e tomam um café, um champanhe juntas no salão, e dali combinam outros encontros — diz Cesar Neubert, hairstylist e sócio do Crystal Hair, salão de beleza de luxo no Rio de Janeiro. Muitas clientes do exclusivo cabeleireiro são altas executivas e empresárias que se encontram nos salões em Ipanema, Leblon e Barra, onde cuidam da aparência, mas também aproveitam para fazer negócios.
E a elite não se reúne apenas nos cabeleireiros, mas também em associações, como o Instituto Millenium. As famílias Civita e Marinho são sócias e mantenedoras do famoso instituto, um think tank criado para organizar o pensamento correto das elites. Em tais instituições, apoiadas por empresas como a Gerdau, é que são formados os Fiúza, Mainardi, Magnoli, Guzzo, Constantino e outros. A Millenium tem uma rede capilar na mídia brasileira, blindando notícias que poderiam afetar a elite, como no caso dos quatro mil brasileiros, ou 55% dos 8667 detentores das contas secretas da filial genebrina do HSBC, envolvida no escândalo Swiss Leaks. O professor de filosofia da Universidade de São Paulo (USP), Vladimir Safatle, indica a instituição financeira como exemplo de “promiscuidade entre mercado financeiro, política e mídia, com raízes no crime”.

As aparências contam e muito no mundo dos ricaços
A aparência é crucial para aqueles que têm dinheiro. Volney Pitombo, a estrela da cirurgia estética, que o diga. No país onde são realizadas cerca de 365 mil cirurgias plásticas por ano, para esconder os sinais de envelhecimento da pele, os materialistas se mudam de uma caixa de vidro para outra, mesmo após a morte. O preço por metro quadrado de covas vendidas em cemitérios privados exclusivos, como o do Morumbi, na zona sul da capital paulista, ultrapassou o dos apartamentos construídos na mesma área.
— Não é como na Itália. Os filhos dos ricos nunca estão sozinhos, seja na escola, seja em outros lugares. Eles entram mais tarde nos institutos, saem depois das quatro da tarde e só se vê alguém que vai buscá-los. Estão estacionados. Você entende o que se tornou a escola? Uma espécie de prisão — analisa Livia de Tommasi, que não se surpreende com os excessos letais de álcool e drogas entre os adolescentes milionários que procuram fugir da monotonia da gaiola dourada.
O narcotráfico se aproveita da compulsiva sede de liberdade para recrutar golden pushers em ambientes exclusivos.
— É dinheiro fácil. Na sociedade capitalista, o dinheiro é importante para emancipar-se rapidamente de um mundo sufocante — diz a socióloga italiana, explicando por que um em cada dez traficantes presos em São Paulo é um jovem rico.
No entanto, os ricos “dão duro” para manter tal máquina de poder.
— Você não faz ideia de como é importante o lugar onde se nasce e se cresce. Você deveria ir até o Mato Grosso, no coração do agronegócio brasileiro. Os filhos dos proprietários rurais começam a trabalhar cedo. Em seguida, são enviados por suas famílias aos Estados Unidos para estudar, e depois voltam para casa, onde aplicam a tecnologia e as valiosas informações obtidas — diz De Tommasi.
A educação é algo muito importante para as famílias de classe média, as quais gastam uma grande parte da renda familiar para educar os seus filhos, mas especialmente para permitir que frequentem as mesmas escolas dos filhos da elite.
— Eles gastam muito dinheiro. São escolas e universidades, e também círculos, clubes, academias exclusivas, lugares para se conhecer pessoas, para criar conexões e fazer amizades que se tornarão essenciais para se entabular negócios quando os jovens adultos.
Para a maioria dos compradores de imóveis em São Paulo, é decisivo que o prédio esteja do lado de um shopping center, como Daslu, a megastore, onde, de forma segura, os ricaços podem comprar roupas dos maiores designers italianos, diamantes e qualquer artigo produzido sobre a face da Terra. Mas é no colossal e luxuoso Iguatemi que os irmãos Carlos Jereissati Filho e Erica, empresários descendentes de uma conhecida família de políticos comandam um grande negócio que promove o consumo equivalente ao PIB do estado do Acre. O Iguatemi é um dos poucos lugares de São Paulo onde os brasileiros comuns podem cruzar com ricos e famosos. Cerca de 60% dos 1,3 milhão de visitantes dos frequentadores do local, situado ao lado do poluído Rio Pinheiros, estão no topo da pirâmide social. Nos reluzentes corredores do templo do consumo, circulam pessoas dispostas a pagar 509 mil reais por um broche comprado em um branch da Tiffany, enquanto, ao mesmo tempo, outros tipos de consumidores vão até a C&A comprar um par de meias por 20 reais.
Não é difícil entender por que as pessoas ricas vivem em sinos de vidro. O crime que vem da pobreza ao redor é generalizado, e os assaltos e roubos são comuns. Os ricos estão com medo. E muito. A maioria se move em carros blindados da garagem de casa para o escritório, e para o centro de compras e o seu clube. A alta sociedade brasileira está constantemente protegida por guardas de agentes de segurança privada, muitos dos quais oficiais da Polícia Militar que fazem bicos para complementar o seu salário. Uma pechincha aquela da indústria da segurança privada no Brasil. De acordo com a pesquisa realizada pelo sociólogo André Zanetic, pesquisador da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a segurança particular cria dois milhões de empregos no Brasil. Mas não é fácil se mover rapidamente e com segurança em uma cidade como São Paulo, onde um paulista a cada dois possui um carro. Neste nível de caos urbano, os ricaços escolhem o céu para se locomover com segurança. Lotus, filial brasileira das exclusivas boates de Nova York, colocou um heliporto à disposição de seus clientes na discoteca aberta em São Paulo.
Para Cristina Hungria, parte integrante de uma equipe de 15 dos agentes imobiliários que adquirem e vendem propriedades exclusivas, Vila Nova Conceição é atualmente o bairro mais cobiçado da classe alta paulista. É neste bairro que vivem ricos, como Ivan Zurita, ex-presidente da Nestlé Brasil, que mora em uma mansão suspensa nas nuvens, pagando um condomínio de oito mil reais por mês, enquanto o salário mínimo de um brasileiro é de 724 reais. Já Athina Onassis vive em uma torre de mil metros quadrados. A filha do famoso armador grego pagou pela propriedade 15 milhões de reais, revela Hungria. Ela quis isolar os canos do mega-apartamento para não ouvir o som dos tubos de higiene. A vendedora de imóveis argumenta que é mais importante ter vizinhos ricos, em vez de possuir uma enorme varanda, piscina, sauna, salão de festas, fitness center, espaço para as crianças, patinar no gelo e uma garagem para meia dúzia de carros. A propriedade é considerada mais valiosa quando apresenta estilo neoclássico, com varandas, capitéis e estuques, à moda greco-romana. Nos últimos anos, a disputa por um apartamento exclusivo tornou-se muito forte em São Paulo. O Brasil, logo após a China, é o segundo país onde o número de milionários cresce mais rápido.

Classes sociais no Brasil se dividem entre o ter e o ser
A vida é efêmera e transitória, sem exceção para os ricos, mas a educação perdura para as gerações futuras. Para o professor Nunes, a instrução é a verdadeira arma revolucionária que vai mudar o Brasil no futuro. Vai servir para diminuir os conflitos sociais cada vez mais evidentes, especialmente entre a classe média emergente e aquelas superiores apoiadas pela elite. Os emergentes ainda anseiam pelo “ter” e consumir, assim como os ricos. Um sonho não mais sustentável para o Brasil, mas também para o mundo, embora ainda suportado pela publicidade e pelo capitalismo que, de acordo com De Tommasi, falhou e já se arrasta por inércia, já que ninguém sabe com o que substituí-lo.
Ter ou ser é o título do famoso livro de Erich Fromm, mas é também o que se perguntam os brasileiros que continuam passando por uma transformação social, que não é marcada pelo consumismo, mas por uma nova consciência que se forma especialmente entre os jovens, emergentes ou não. Mesmo no Brasil, segundo Nunes, fica cada vez mais evidente a existência de um novo tipo de riqueza, baseado no “ser”, ligado à economia participativa do co-working. São jovens que não acreditam mais na orgia de consumo como forma de desenvolvimento para o país, mas em experiência de vida, conhecimento e valores participativos. O desafio será levar essa cultura aos emergentes que ainda anseiam pelo “ter”.
— Eu sempre digo aos meus alunos que a distinção entre as classes sociais será cada vez menos econômica. Será comportamental — prevê o professor, lembrando o dia 18 de junho de 2013, quando a consciência despertada em uma multidão de jovens os levou a ocupar de forma imprevisível as ruas e o parlamento em Brasília.