Itália e Brasil possuem grande disponibilidade de recursos hídricos, sendo o último com a maior reserva de água doce do mundo
Apesar do privilégio natural de ambos os países, existem muitos desafios para aumentar o consumo consciente da água. Segundo dados das Nações Unidas, a grande vilã é a agricultura, responsável por aproximadamente 70% das retiradas globais. Já os setores industriais e domésticos representam os restantes 20% e 10%, respectivamente. Sem uma maior eficiência, o consumo de água no setor agrícola aumentará globalmente em média 20%, até 2050. Para conter esse crescimento, surgem diversos movimentos e inovações, tanto no Brasil quanto na Itália. São tecnologias criativas com potencial para serem ampliadas.
Um exemplo é o irrigador solar, criado no Brasil, que economiza água e energia. Criado pelo físico Washington Luiz de Barros Melo, pesquisador da Embrapa Instrumentação (SP), o equipamento é baseado em um princípio simples da termodinâmica: o ar se expande quando aquecido. Uma garrafa de material rígido pintada de preto é emborcada sobre outra garrafa que contém água. Quando o sol incide sobre a garrafa escura, o calor aquece o ar em seu interior que, ao se expandir, empurra a água do recipiente de baixo e a expulsa por uma mangueira fina para gotejar na plantação.
— Um pequeno irrigador por aspersão que fornece 1m3/hora, gasta 13 litros/m2. O irrigador solar, por outro lado, fornecendo aproximadamente uma gota/segundo, pode irrigar a mesma área com uma economia em cerca de 20 vezes. Tenho muito interesse que ele seja divulgado em mais países — diz o pesquisador.
Já o custo de montagem depende do volume do reservatório que contém a água para irrigação. Por exemplo, se for montado com garrafas para usar em um jardim, fica por volta de R$ 20, devido ao preço da cola para fixar os componentes. Em grande escala, também há exemplos de mecanismos para reduzir o consumo do recurso hídrico no campo.
Projeto Acquatek
Na Itália, por sua vez, há o projeto Acquatek de agricultura de precisão. Sondas e satélites determinam a água nos campos e tornam a produção de milho sustentável.
— A agricultura italiana não está aproveitando ao máximo as inovações disponibilizadas pela tecnologia. Nosso compromisso é que a produção torne-se totalmente sustentável na Itália, de forma econômica, ambiental e social — disse Federico Bertoli, diretor de vendas da Monsanto Itália.
O projeto, nascido em 2013 em uma parceria público-privada (Monsanto Itália, Netafim, Universidade de Milão), serve para aumentar a produtividade do milho por unidade de área e volume de água utilizado (mais de 200 kg / ha); gerar melhoria da qualidade do produto convencional; reduzir o consumo de energia e gerir de forma eficiente a água. O uso de dados por satélite também é utilizado no Brasil, há alguns anos, assim como o gerenciamento de irrigação que podem reduzir em 15% ou mais o uso do recurso natural na produção.
Vale lembrar que, além da produção de alimentos, é preciso reduzir o consumo em todos os âmbitos, como nas residências e na compra de produtos que requerem água para fabricação.
— Precisamos de soluções mais eficientes para produzir alimentos, sim, mas também temos que consumir com consciência. Para termos um quilo de carne vermelha, por exemplo, se gasta mais de 15 mil litros de água, já para se produzir uma calça jeans, são necessários dez mil litros. Podemos mudar nosso cardápio e consumir com responsabilidade. E, por fim, reutilizar o recurso para, assim, reconhecer o seu real valor — alerta Gabriela Yamaguchi, gerente de comunicação e campanhas do Instituto Akatu, ONG que há 15 anos trabalha pelo consumo consciente.
Consumo médio de água no globo
- Agricultura 70%
- Indústria 20%
- Residências 10%
- 174 litros/dia
É o consumo médio de água potável de uma pessoa na Itália - 200 litros/dia
É o consumo médio de água potável de uma pessoa no Brasil - 110 litros/dia
É o consumo considerado suficiente para uma pessoa, de acordo com a ONU
Fontes: ONU, ISTAT
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