BIANUAL

BIANUAL

A partir de
Por R$ 299,00

ASSINAR
ANUAL

ANUAL

A partir de
Por R$ 178,00

ASSINAR
ANUAL ONLINE

ANUAL ONLINE

A partir de
Por R$ 99,00

ASSINAR


Mosaico Italiano é o melhor caderno de literatura italiana, realizado com a participação dos maiores nomes da linguística italiana e a colaboração de universidades brasileiras e italianas.


DOWNLOAD MOSAICO
Vozes: Cinco <br>Décadas de Poesia Italiana

Vozes: Cinco
Décadas de Poesia Italiana

Por R$ 299,00

COMPRAR
Administração Financeira para Executivos

Administração Financeira para Executivos

Por R$ 39,00

COMPRAR
Grico Guia de Restaurantes Italianos

Grico Guia de Restaurantes Italianos

Por R$ 40,00

COMPRAR

Baixe nosso aplicativo nas lojas oficiais:

Home > O Vaticano de Moretti

O Vaticano de Moretti

23 de julho de 2012 - Por Comunità Italiana

{mosimage}Um dos mais aclamados cineastas italianos da atualidade conta a sua visão de Habemus Papam, que acaba de ser lançado em DVD e BluRay no Brasil

Concorrente ao prêmio de Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2011, Habemus Papam chegou ao Brasil apenas este ano, passando desapercebido em nossos cinemas. Para quem ainda não viu o filme, o lançamento este mês em bluray e DVD é a chance de conferir como o polêmico diretor italiano Nanni Moretti conta os episódios que acontecem no Vaticano e, especialmente, os fatos por trás da escolha de um novo Papa.
A trama se passa no Vaticano, logo após a morte do pontífice. A Igreja se reúne em conclave e, como manda a tradição, elege o novo sucessor. Depois de algum tempo, escolhe o cardeal Melville (Michele Piccoli). Só que a multidão de fiéis terá de esperar um pouco mais para dar as boas-vindas ao novo Papa. Pouco antes de sair à sacada e ser saudado na Praça São Pedro, Melville tem um ataque de pânico e não consegue seguir o ritual de apresentação. Na verdade, ele não quer ser o substituto. Para evitar um vexame ainda maior e convencer o cardeal a aceitar ser o novo Papa, o Vaticano decide trazer um psicanalista (interpretado pelo próprio Nanni Moretti) para conversar com Melville.
Por sua interpretação, Michele Piccoli ganhou o prêmio David Di Donatello de melhor ator. Esta é a mais importante premiação cinematográfica da Itália, concedida pela Academia Italiana de Cinema e considerada o Oscar do país. Apesar do reconhecimento ao trabalho de Piccoli, o longa dividiu a opinião do público e da crítica: enquanto alguns acham Habemus Papam inovador e sarcástico, outros apontam que Moretti exagerou ao mostrar um Papa fora do ambiente do Vaticano; ou ainda reclamam do diretor ter evitado falar de temas polêmicos da Igreja Católica.
— Não houve críticas ao filme em si, apenas algumas reações isoladas que não refletem o mundo católico. A Igreja recentemente sobreviveu a uma série de escândalos e a atitude da hierarquia é frequentemente alvo de críticas —ameniza Nanni Moretti em entrevista à ComunitàItaliana.
O cineasta explica que queria misturar comédia e drama no mesmo filme, com tom grotesco, mas também realista.
— Eu e os outros roteiristas, Federica Pontremoli e Francesco Piccolo, começamos a trabalhar com ideias diferentes de forma simultânea. Então, depois de um tempo, decidimos desenvolver o enredo. Há uma cena em particular que fez começar a coisa toda para nós: um Papa recém-eleito que não pôde ir até a sacada para saudar os fiéis.
Moretti conta que o conclave dos cardeais veio da imaginação dele e dos outros roteiristas, mas que houve um respeito aos rituais e às liturgias de um conclave de verdade. O cineasta diz que evita “dizer ao público o que o público esperava ouvir”.
— Nunca estive interessado em reiterar em meus filmes algo de que o público já esteja ciente. Não gosto de enviar aos espectadores mensagens veladas para quem está interessado na atualidade.

A escolha por não falar de escândalos
Uma das maiores críticas à Habemus Papam é que o filme não expõe os escândalos recentes da Igreja Católica, mas Moretti se defende.
— Existem livros, documentários e matérias de jornal que relatam os escândalos envolvendo a Igreja Católica, como a pedofilia e questões financeiras. Eu preferi não me permitir ser condicionado por esses assuntos atuais. É uma história inventada. O meu filme é sobre o meu Vaticano, o meu conclave e os meus cardeais — afirma.
Sobre as cenas em que o Papa aparece fora do Vaticano, ele explica que as andanças ao redor de Roma levam Melville e o público a alguns questionamentos.
— Enquanto isso, o psicanalista continua a ser um prisioneiro dentro do Vaticano, onde, depois de inicialmente se sentir desorientado, ele acaba aparecendo quase à vontade. Enquanto caminhava em torno de Roma, incógnito, o Papa entra em contato com pessoas e ambientes que não fazem parte de seu mundo. Já o psicanalista, ateu, começa a conhecer os cardeais no conclave.
O contraponto que Moretti faz entre a psicanálise e a Igreja, no entanto, é um dos pontos altos do filme. O italiano lembra que em seus filmes já brincou com a esquerda, com as relações entre pais e filhos, com o seu próprio meio social e com a sua geração.
— Até fiz uma piada com um câncer que tive há 20 anos. Acho justo fazer uma piada com a psicanálise também — comenta, acrescentando que não vê uma relação entre a confissão no rito católico e a confissão durante uma sessão de psicanálise.
Conhecido por participar do movimento de protesto para salvaguardar a justiça italiana, conhecida como girotondi — na qual os cidadãos se unem em defesa dos princípios da democracia e da legalidade — e crítico feroz de Silvio Berlusconi, Moretti acabou freando, nos últimos anos, sua participação em atividades políticas. Porém, ele garante que não fez uma metáfora dessa situação em Habemus Papam, com a recusa de Melville em se tornar Papa.
— Acho que é uma comparação muito forçada. Desde o início da minha experiência em política, disse que pretendia voltar em breve ao meu trabalho como diretor de cinema. Nunca tive intenção de me tornar um político profissional.
Ainda sobre política, o cineasta acredita que seu filme poderia ser transportado para outros cenários, inclusive o político.
—  Dei a minha versão de um mundo único, o do Vaticano. Mas eu acho que os temas do filme e as angústias do protagonista também podem ser aplicados a outras situações, a outros mundos, e podem afetar o público que está muito distante dos personagens que eu mostro também.
Nanni Moretti não se considera um crente em Deus (seus pais acreditavam na religião e ele recebeu uma educação católica “sem ser muito exagerada”). E frisa que Habemus Papam acaba por revelar muito mais do que uma visão particular da Igreja: revela uma visão dele mesmo.
— Como de costume, é o sentimento por trás do filme que é autobiográfico. Se quisermos entrar em detalhes, existe uma parte de mim, tanto no papel do psicanalista quanto na desconfortável sensação de Melville de não estar à altura do seu papel.    

 

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.