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O verde é de casa

19 de janeiro de 2015 - Por Comunità Italiana
O verde é de casa

O verde é de casaProjeto italiano que ganhou o Nobel da arquitetura dos arranha-céus e propõe um novo conceito de moradia onde a natureza não é apenas um detalhe ornamental e sim protagonista e proprietária

Os dois prédios do condomínio Bosco Verticale, na zona Garibaldi, vizinha ao centro histórico de Milão, venceram o prestigioso International Highrise Award, considerado o prêmio Nobel da arquitetura dedicada aos arranha-céus. É um reconhecimento do Museu de Arquitetura de Frankfurt, na Alemanha. As duas torres, com 80 e 112 metros de altura, são como vasos gigantes que abrigam milhares de plantas, além de algumas famílias de seres humanos. Elas implodem a ideia tradicional e arcaica da selva de pedra urbana e projetam para o futuro um novo conceito de moradia, no qual a natureza é de casa, quase como se ela fosse a proprietária do lugar. Os autores do projeto afirmam que Bosco Verticale representa uma ideia que deveria guiar a sociedade através de uma nova forma de convivência com a natureza.
Pode parecer exagero, mas não é. Arquitetos, engenheiros e agrônomos trabalharam lado a lado para erguer um monumento e lançar uma pedra milenar no campo da construção civil. As 12 mil plantas, os cinco mil arbustos e as 500 árvores de três a nove metros de altura foram plantados nas varandas e nos terraços das habitações. Tudo começou a ser cultivado em viveiros na primavera de 2010. Este muro verde vai proteger os moradores das partículas em suspensão, o smog — a maior praga da cidade de Milão — e das mudanças climáticas, amenizando o calor durante o verão. Reduzirá de 2 a 3 graus centígrados a temperatura nos ambientes internos e iluminará mais no inverno, com as perdas das folhas. Em ambos os casos, vai ocorrer uma economia de energia elétrica derivada do uso do ar condicionado, do aquecedor e da luz.
Antes que os homens chegassem, com suas malas e objetos de decoração, um falcão aterrissou e elegeu uma das árvores do vigésimo andar da torre norte para fazer um ninho.
— Achamos que a emoção maior esteja ligada à novidade que vai ter uma pessoa ali dentro, se movendo de um ambiente a outro. Ela vai estar sempre cercada de plantas. O horizonte vai estar sempre marcado por folhas das árvores. De dentro de casa, assim como na varanda ou no terraço, seja em diagonal ou frontal, os pontos de vista se refletem entre as pessoas, a arquitetura e os elementos vegetais. Além disso, de uma torre, podemos ver a outra — dizem os arquitetos Gianandrea Barreca e Giovanni La Varra, do Studio Boeri, ganhador do prêmio.
Pelos 113 apartamentos foram espalhadas espécies vegetais que irão viver em simbiose com os homens. Trepadeiras, camélias, magnólias, oliveiras e acácias são algumas das representantes da flora que ajudam a cultivar a ideia de biodiversidade num sentido mais amplo e próximo do ser humano e urbano. Ao todo, compõem um mosaico com cem espécies diferentes. Juntas, no decorrer das estações do ano, elas irão perder as folhas no inverno, florescer na primavera, resplandecer no verão e mudar de cores no outono. Desta forma, o condomínio vai ter uma fachada diferente, a cada período do ano.
— Este é um ponto fundamental do projeto: a biodiversidade. Plantamos um total de dois hectares distribuídos em vertical — afirma o arquiteto Stefano Boeri do escritório Studio Boerio. Ele, Gianandrea Barreca e Giovanni La Varra foram os autores desta obra-prima da arquitetura internacional.

Ideia nasceu durante viagem a Dubai
— Eu acompanhava meus alunos por Dubai, em 2007, quando tentamos imaginar todos aqueles prédios altíssimos cobertos de verde ao invés dos vidros que refletem a luz do sol e contribuem para o aumento do calor nas áreas vizinhas — contou Stefano Boeri sobre o ponto de partida do projeto.
— Bosco Verticale foi uma experimentação que criou um saber sobre a relação prédio-árvore e que é o sucesso mais relevante deste projeto — afirmam La Varra e Barreca.
A realização do condomínio foi fruto de uma complexa operação de paisagismo e de engenharia. Foram patenteados os sistemas de ancoragem e de irrigação das plantas. Nenhum morador deverá ter dotes de jardineiro para cuidar da manutenção da plantas, que são de todos os habitantes e não pertencem apenas ao dono do apartamento. Tudo é feito de forma automática com sensores e sistemas de sonda que regulam a taxa de umidade da terra e acionam as mangueiras embutidas nas “piscinas” de cimento e trama de ferro que compõem os grandes vasos. Um braço mecânico foi instalado no topo de cada torre e serve para o trabalho de manutenção a ser realizado  pelos jardineiros-alpinistas. Uma equipe especializada vai podar as árvores, inspecionar os implantes hidráulicos, curar e, se for o caso, substituir alguma planta que tenha adoecido pelas intensas correntes de ventos naquelas alturas. 
É mais fácil que os moradores sofram de vertigem do alto dos 80 e 112 metros de concreto armado e coberto de vegetais. As agrônomas Emmanuela Borio e Laura Gatti realizaram uma profunda pesquisa para identificar as espécies que combinassem idoneidade aos homens (não provocassem alergias), beleza paisagística e resistência às novas condições de vida, sujeitas ao giro da rosa dos ventos e à intensidade com a qual eles sopram perto das nuvens. Até mesmo uma galeria do vento foi usada nos testes de fixação das árvores.
As torres milanesas podem ser a semente de uma nova era, nascidas dentro do projeto de modernização e de requalificação da cidade, que coincide com a Exposição Universal, que ocorre entre maio e outubro deste ano. O condomínio Bosco Verticale faz parte do complexo de Porta Nuova, que inclui a torre Unicredit, com 285 metros de altura, a maior da Itália e epicentro de uma reforma urbana nesta zona da cidade e financiado por Hines, um dos maiores fundos americanos de investimentos. Os dois prédios vão ter ainda como vizinhos cinco quilômetros de ciclovia e outros sete condomínios residenciais — todos com tecnologia sustentável e coleta de águas pluviais para a irrigação de áreas públicas e coletivas. Em terra plana, cada edifício do Bosco Verticale equivale a uma área de 10 mil m² de floresta. Já em densidade urbana corresponde a uma área de habitações de quase 50 mil metros quadrados.
O canteiro de obras foi o maior da Europa durante os anos da crise econômica. O fim delas abre um novo período de requalificação de inteiras zonas urbanas e chancela a verticalização da cidade como “remédio pesticida” em contraste à nociva e irregular ocupação do solo. O Bosco Verticale não agride a natureza. Pelo contrário, oferece a ela uma nova moradia, ao custo de oito mil euros o metro quadrado, em média.
— Os prédios do futuro vão ser aqueles que melhor expressarem os desejos e os gostos das cidades e das sociedades, talvez, até sem árvores — dizem com ironia Barreca e La Varra.  

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.