Navio de ONG foi impedido por Itália e Malta de desembarcar
(ANSA) – A Organização das Nações Unidas (ONU) e a União Europeia pediram que Itália e Malta aceitem imediatamente o desembarque de centenas de pessoas que, desde o fim de semana, estão à deriva no Mar Mediterrâneo, dentro do navio Aquarius. “É uma ordem humanitária. As pessoas estão em dificuldades, estão acabando os recursos e elas precisam rapidamente de ajuda”, disse Vincent Cochetel, enviado especial da Agência da ONU para Refugiados, a ACNUR, à Europa.
O barco Aquarius, fretado pela ONG SOS Méditerranée, resgatou no último sábado 629 imigrantes, incluindo sete mulheres grávidas, 11 crianças pequenas e 123 menores de idade desacompanhados. Mas a embarcação não consegue autorização para desembarcar, já que a Itália e Malta se negam a dar acesso a qualquer porto.
A Itália, há anos, recebe milhares de imigrantes do norte da África e do Oriente Médio, mas o novo governo, que tomou posse há menos de duas semanas, adotou medidas restritas contra o desembarque de estrangeiros. O novo ministro do Interior da Itália é Matteo Salvini, líder do partido nacionalista de extrema-direita Liga Norte, que é favorável à imposição de mecanismos contrários à imigração. A recusa para o navio Aquarius gerou uma crise entre os países europeus e entidades não-governamentais que atuam na crise imigratória.
“Fazemos um apelo a todas as partes envolvidas na história para que cumpram as próprias responsabilidades humanitárias”, pediu Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel.
Já o porta-voz da Comissão europeia, Margaritis Schinas, disse que “o imperativo humanitário vem antes de tudo”. “Estamos falando de pessoas. A prioridade é que os italianos e malteses permitam o desembarque”, comentou.
De acordo com a ONG Médicos Sem Fronteiras, a situação a bordo da Aquarius é “estável”, mas que “atrasos inúteis colocariam em risco as pessoas vulneráveis”. Os socorristas calculam que haja comida e suprimentos para apenas mais um dia.
Segundo a ONU, há sete mulheres grávidas no barco e 15 pessoas com queimaduras, além de vários imigrantes som sintomas de hipotermia.
Por sua vez, o governo italiano afirma que a situação está sendo monitorada e não há riscos para os imigrantes. “Ontem, o premier Giuseppe Conte enviou dois barcos com médicos. Hoje de manhã, enviou mais dois. As condições a bordo são boas, estão todos vivos e esperando a oficial resposta de Malta”, disse o ministro italiano da Infraestrutura, Danilo Toninelli.. Conte convocou para esta tarde uma reunião de emergência no Palácio Chigi para discutir o caso. A Itália quer que Malta receba os imigrantes e alega que o porto de Valeta seria o mais seguro para o desembarque.
O novo governo italiano afirma que Malta vive rejeitando imigrantes, assim como a Espanha e a França. Por isso, Roma também estaria no seu direito de dizer “não”. Outros casos – Além do navio Aquarius, outras embarcações começaram a ser bloqueadas nos mares italianos, de acordo com Salvini. “Hoje, o navio Sea Watch 3, de uma ONG alemã e de bandeira holandesa, está na costa líbia à espera de realizar o enésimo desembarque de imigrantes na Itália”, disse Salvini. “Mas a Itália parou de abaixar a cabeça e de obedecer. Desta vez, há quem diz NÃO. #fechamososportos”, escreveu em sua conta no Twitter.
Nas últimas horas, porém, outras ONG conseguiram resgatar cerca de 800 imigrantes com o apoio de embarcações italianas e internacionais durante a madrugada.