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Não foi só a maior parte da população brasileira que foi às urnas que comemorou a vitória de Jair Messias Bolsonaro. Na Itália, a expectativa em torno do novo presidente do maior País da América Latina é grande. E não só para que se faça justiça em relação ao caso do terrorista Cesare Battisti, o qual é aguardado para cumprir sua pena depois de fugas e proteções de governos de esquerda.

Pietro Petraglia
Editor
O dia cinco de novembro vai ficar marcado como um momento histórico na agenda bilateral. O presidente Jair Bolsonaro recebeu o embaixador da Itália em sua residência no Rio de Janeiro num encontro organizado pela Comunità, que completa 25 anos de existência em 2019, no qual participaram o ministro Paulo Guedes, este editor e também os diplomatas Paolo Miraglia e Filippo La Rosa. A notícia está nesta edição e ela vai muito além do que foi repercutido com maior ênfase pelos jornais e TVs brasileiros. Foi um encontro de uma nação europeia com relações históricas com o Brasil que levou na bagagem a vontade de caminhar para um futuro positivo com o neo-eleito ítalo-brasileiro Bolsonaro. E isso nada tem a ver com a coloração política, mas sim com a agenda de desenvolvimento das nações. Tudo se deu de maneira muito descontraída e com a simplicidade característica de Bolsonaro – aliás nossa reportagem descobriu se tratar também de uma longa herança familiar humilde –, que aos 63 anos conquistou 56,2 milhões de votos e consagrou-se ao cargo que irá tomar posse no próximo dia 1º de janeiro.
É hora de incrementar as relações comerciais. A melhora na economia brasileira é aguardada por centenas de empresas italianas que atuam neste território e muitas outras que gostariam de expandir seus negócios no País, mas encontram entraves de toda ordem.
A abertura de mercado, assim como a redução de impostos e a simplificação da estrutura fiscal prometida por Paulo Guedes, nomeado como “superministro” da Economia, dá o tom que os investidores gostariam de ouvir. Como oitava força econômica mundial, a Itália sempre viu o Brasil como um mercado potencial e muitas empresas desembarcaram aqui trazendo tecnologia e força produtiva. Se no passado, os imigrantes, como os próprios ascendentes do novo presidente, ajudaram a desenvolver o Brasil e desbravaram caminhos do Rio Grande do Sul como até mesmo na Amazônia, durante o ciclo da borracha, esta eleição parece ter dado um novo ânimo para que a Itália aporte por aqui com toda a magnitude de sua indústria e transfira tecnologia e conhecimento nos mais diversos campos.
Nossa reportagem visitou a cidade de origem dos “Bolzonaro” e conversou com a parlamentar Mara Bizzotto, reconhecida como uma das mais produtivas do Parlamento Europeu.
Os desafios são muitos. O primeiro é possivelmente a relação com o Congresso. Ele vai ter que conciliar o discurso antiestablishment com um Parlamento acostumado a concessões. Mesmo com a grande renovação, pelo menos a metade dos deputados e senadores funcionam com o esquema antigo e o presidente terá que construir uma relação capaz de dar uma governabilidade qualificada.
Outro grande desafio será o de demonstrar que como líder de um País desigual ele dará respostas para o funcionamento do Estado de Direito, respeito às minorias e o combate à violência. Temas que foram cobrados durante à campanha eleitoral e que serão constantes nos debates da oposição.
Só com respostas adequadas para os desafios econômicos e sociais o Brasil poderá dissipar de vez essa longa recessão e dar oportunidade real para o desenvolvimento sustentável.
Ao novo Governo, os nossos melhores auguri.
Boa leitura!