Comunità Italiana

Otan nega acusação de falta de socorro a imigrantes em alto mar

ROMA, LAMPEDUSA E BRUXELAS – A porta-voz da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Carmen Romero, negou hoje que as forças internacionais tenham rejeitado prestar socorro a um barco com imigrantes no Mar Mediterrâneo, como denunciou hoje o jornal inglês The Guardian.
  
Segundo Romero, havia apenas um porta-avião sob o comando da organização na região na data do incidente, que estava a mais de 100 quilômetros de distância do barco com imigrantes.
  
Ela afirmou que outras duas embarcações da coalizão prestaram socorro a dois barcos com refugiados na noite de 26 a 27 de março, quando resgatou 300 pessoas de um e 210 de outro. Os imigrantes foram levados para o território italiano.
  
De acordo com o jornal britânico, a OTAN e a Guarda Costeira da Itália ignoraram um alerta emitido pela embarcação com imigrantes, que apresentou problemas após sair da capital da Líbia, Trípoli, em 25 de março, e por causa da fala de socorro, ficou à deriva durante 16 dias. Ao menos 62 pessoas morreram de sede e fome entre 29 e 30 de março.
  
A porta-voz da coalizão militar internacional atestou que a organização tem "plena consciência" do direito internacional marítimo, que obriga as embarcações, inclusive as militares, a responderem a chamados de socorro realizados por barcos nas proximidades.
  
A Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), por sua vez, expressou que o Mar Mediterrâneo não pode ser "terra de ninguém". Segundo a porta-voz da entidade, Laura Boldrini, os barcos que atravessam o mar lotados de pessoas que saem do norte da África "sempre correm risco, mesmo que não enviem um pedido de socorro".
  
Segundo ela, quase todos os barcos que transportam refugiados saídos do continente ao sul estão em péssimas condições e são guiados por pessoas sem formação para conduzir embarcações em alto mar.
  
A Acnur solicitou uma reunião com a OTAN para debater a questão migratória e, segundo Boldrini, para estabelecer um sistema de proteção às pessoas que atravessam a região.
  
Nesta manhã, três corpos foram encontrados pela Guarda Costeira italiana no local onde uma embarcação provinda do Magreb islâmico encalhou ontem nas rochas ao se aproximar da ilha de Lampedusa, no sul do país.
  
A descoberta ocorreu acidentalmente, durante uma patrulha que os homens da Capitania do porto realizavam no local do acidente com o objetivo de retirar os cascos das balsas utilizadas para socorrer os 528 imigrantes que estavam dentro da embarcação encalhada.
  
Os três corpos são de homens, todos com idade aparente de 25 anos. Seus corpos foram levados ao pier e, de lá, serão transportados para o necrotério da policlínica da ilha. Após encontrar os cadáveres, mergulhadores da Guarda Costeira entraram na água para vasculhar a região e não encontraram mais nenhum corpo.

Fonte: Ansa