Comunità Italiana

Para Battisti, viagem à Bolívia foi uma “armadilha”

 

Por causa da viagem Battisti vem cumprindo medidas cautelares

Na opinião do italiano a viagem que realizou no início de outubro foi uma “armadilha’, que acabou o levando à prisão por evasão de divisas.

 

“Alguém quis me levar para a fronteira com a Bolívia, foi uma armadilha. Estava tudo organizado. Eu, aqui no Brasil, sou aceitado por todos, todos me querem bem”, disse em uma entrevista ao “Gr1”, da emissora italiana “RAI”.

No dia cinco de outubro ele foi preso em Corumbá (MS), porém recebeu um habeas corpus no dia seguinte.

Nesta terça-feira (24) ficou decidido pelo Tribunal Regional Federal da 3° região (TRF-3) o cumprimento das medidas cautelares já estabelecidas anteriormente.

Para o governo, além da evasão de divisas, Cesare também foi acusado de tentativa de fuga, ele tinha R$ 20 mil quando foi preso.

Segundo o mesmo, o dinheiro seria para produtos de pesca e roupas.

Os ministros da Primeira Turma do STF decidiram adiar a decisão sobre o recurso de defesa, sem previsões para uma nova audiência, segundo a Ansa.

Battisti afirmou que “no plenário há diferentes vozes, muitas das quais estão a meu favor”.

Na Itália, o italiano foi condenado à pisão perpétua, acusado pelo homicídio de quatro pessoas, na década de 1970.

Neste período ele ainda fazia parte de PAC, Proletários Armados pelo Comunismo.

Battisti foi morar na França e em 2007 veio para o Brasil, onde foi preso.

Ele diz sentir compaixão pelas vítimas

“Como não tenho compaixão pelas vítimas? Claro que tenho! Eu tenho 62 anos, tenho mulher e filhos, tenho netos, já sou avô”, disse ainda à emissora.

O acusado fez questão de salientar a relação que tem com Alberto Torregani, filho do joaleiro, Pierluigi Torregani, assassinato atribuído à Battisti.

“Nós nos escrevemos durante muitos anos. Eu o ajudei a escrever um livro. Eu tenho as cartas de Alberto Torregiani no qual ele me diz, textualmente, que não tem nenhuma dúvida sobre o fato de que eu não tenho nada a ver com a morte de seu pai. Felizmente, eu saí [do PAC] antes que começassem os homicídios no meu grupo”, acrescentou ainda.

Battisti afirma que é contra os atentados que o PAC cometeu.

“Como podem estar satisfeitos ou felizes com tanta violência, tantos homicídios, tanto sangue de uma parte como da outra? A luta armada foi um suicídio, não poderia dar resultados para ninguém. E também, indiretamente, eu participei de ideias que levaram a uma loucura, a um caminho sem saída”, reconheceu.

Resposta de Torregiani

Após a entrevista de Battisti, Torregani desmentiu as informações do ex miliciano.

“Se ele tem provas, que as use, e não rompa com os fardos das famílias das vítimas”, disse nesta quarta-feira (25).

Ainda de acordo com o filho do joalheiro, Battisti “já está delirante” e está “buscando levantar a poeira, como em 2008, porque enquanto falamos nele, ele continua livre”.

“É certo que eu não acho que tenha sido ele a matar fisicamente o meu pai, e isso não sou eu que falo, são os autos do processo. Mas, ele estava entre aqueles que projetaram os atentados, bem como, quando o grupo terrorista se dividiu sobre a oportunidade de matar meu pai, ele insistiu. Tenho certeza que ele é responsável”, concluiu.