No inverno, consumo da bebida chega a crescer 40%, em algumas regiões do país. Importados da Itália estão entre os favoritos dos brasileiros
Ela realça o sabor dos alimentos, acompanha os pratos mais tradicionais, como massas, carnes e peixes, e ainda ajuda a prevenir doenças cardíacas. Conhecida desde a mitologia romana, que cultuava Baco como deus do vinho, a bebida ganha ainda mais apreciadores nos meses mais frios do ano.
Estima-se que aproximadamente 80% do consumo interno de vinhos tranquilos (não espumantes) sejam importados. Segundo a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), os vinhos italianos estão no quarto lugar nas importações, atrás apenas dos chilenos, argentinos e portugueses, respectivamente.
Segundo Arthur Azevedo, presidente da Associação de Sommelier de São Paulo (ABS- SP), os grandes diferenciais dos italianos são as uvas autóctones que a Itália tem em seu território, como Nebbiolo, Sangiovese, Corvina Veronese, Garganega, Nero d’Avola, Aglianico, Vernaccia, Cortese e Moscatel.
— Já o produzido no Brasil, um país muito jovem na produção de vinhos de uvas viníferas, é baseado nas varietais francesas, como Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir, Tannat e Chardonnay e, mais recentemente, nossos produtores têm feito algumas experiências com outras uvas menos conhecidas — explica.
Para identificar os vinhos italianos, na hora da compra, há algumas dicas. Todos têm no rótulo a classificação, com siglas como DOC, DOCG, IGT (Indicação Geográfica Típica) e Vino de Itália.
— Para os completamente leigos, minha sugestão é buscar informações em revistas de vinho e gastronomia (que geralmente têm matérias explicativas). Fazer um curso básico de vinhos, como os da Associação Brasileira de Sommelier-SP, poderá ser muito útil — completa Azevedo.
No Brasil, os tintos detêm a maior fatia do mercado: cerca de 90%.
— O ideal seria consumir mais brancos no verão e mais tintos e fortificados no inverno. Já a conservação da garrafa aberta é a mesma, usando o Vacu-Vin, uma acessório que permite a retirada do ar da garrafa e a conservação dos vinhos brancos por 24 horas, e dos tintos por 48 a 72 horas — recomenda o representante da ABS-SP.
A Europa continua sendo líder na produção de vinhos. Com a França em primeiro lugar, a Itália ocupa a segunda posição.
— O Brasil, por sua vez, não é um grande produtor mundial, mas tem potencial para exportar os espumantes nacionais, que já conquistaram o mercado interno. O vinho representa uma indústria importante, devido ao grande valor social, e é extremamente representativo para a economia do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, estados que mais produzem no país. Ao todo temos mais 1100 vinícolas no Brasil — ressalta o professor Valdiney Ferreira, do curso de negócios do vinho da FGV-RJ.
Entre as regiões, destaca-se o Rio Grande do Sul, responsável por aproximadamente 90% da produção brasileira, seguido por Santa Catarina, Vale do São Francisco, localizado entre Bahia e Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo. Em Goiás e Mato Grosso há produção em menores quantidades. Mais de 80% dos espumantes consumidos no Brasil são de produção nacional.
Glossário do vinho italiano: Aprenda a identificar os rótulos na hora da compra
DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida): Abrange os melhores vinhos da Itália
DOC (Denominação de Origem Controlada): A quantificação é complicada, pois algumas regiões, como Valle d’Aosta e Chianti, possuem diversos vinhos de distritos diferentes
IGT: Indicação Geográfica Típica
Novello: Vinificado em pelo menos 30% através de maceração carbônica e com no mínimo 11 GL de teor alcoólico e não mais que 10 g de açúcar residual
Vecchio: Envelhece no mínimo três anos antes da comercialização
Classico: Uma denominação que diferencia algumas DOC em níveis de qualidade, por exemplo, Chianti e Chianti Classico
Superiore: Envelhece no mínimo um ano antes da comercialização
Riserva: Envelhece no mínimo de três a cinco anos antes da comercialização
Spumante: Como o Champagne, é elaborado pelo método Charmat ou por método Champenoise
Frizzante: Ligeiramente espumante, como o vinho verde português
Secco, Abbocado, Amabile e Dolce: Definem o teor de açúcar, que pode ser seco, ou seja, praticamente sem açúcar; meio seco, com teores médios de açúcar (abbocado e amabile); ou francamente doce
Liquoroso: Fortificado ou naturalmente forte
Passito: Elaborado com uvas semidesidratadas (passas)
Ripasso: Vinho (Valpolicella) que, após elaborado, é deixado repousar nas borras de fermentação do Amarone, ganhando corpo, sabor e teor alcóolico