Comunità Italiana

Paraíso incontaminado

A associação NaturaValp promove ecoturismo em Valpelline, em Valle d’Aosta, para recuperar a memória histórica local e proteger a primeira fonte de sustento: a montanha

O ecoturismo ganha cada vez mais adeptos que optam por uma viagem mais sustentável e responsável, preservando o meio ambiente e a cultura do lugar. Dessa forma, contribuem também para o crescimento econômico e o bem-estar da população local. Além de turistas responsáveis, o ecoturismo exige certo comportamento da população local: uma gestão sustentável do patrimônio natural e cultural para garantir uma atividade econômica o longo prazo.
Entre as diferentes propostas de ecoturismo que oferece a península italiana, o vale Valpelline, em Valle d’Aosta, era uma meta completamente desconhecida até 2012, quando os seus habitantes se reuniram e criaram a associação NaturaValp.
— No início, éramos um grupo pequeno de 12 pessoas que tinha entre as mãos um vale praticamente desconhecido, mas realmente muito especial: incontaminado, sem grande infraestrutura e com uma agricultura bastante relevante. Então, pensamos que, antes que nascessem novos projetos que perturbassem o vale, poderíamos viver de um turismo que pudesse preservar e valorizar esse lugar — relata à Comunità Daniele Pieller, presidente da NaturaValp.
Foi assim que nasceu a associação que agora conta com mais de 60 pessoas, entre operadores turísticos, agricultores, alpinistas, artesãos, apicultores, criadores de gado e simples habitantes que se tornaram protagonistas ativos nas escolhas do desenvolvimento da sua comunidade e do lugar onde moram.
O associado mais novo tem 23 anos e o mais idoso, 78.
— Em Valle d’Aosta é o único vale que não tem teleférico para subir as montanhas. Por isso, Valpelline ficou longe do turismo de massa, apesar de ter potencialidade para o excursionismo, as atividades ao ar livre e o alpinismo — explica Pieller que, junto com a família, é dono de um pequeno hotel e um restaurante.
O turismo não demorou a chegar. O presidente cita, com satisfação, o aumento de 59% de presença turística entre 2012 e 2015. A metade dos visitantes é estrangeira, principalmente da Bélgica e Holanda. Os ecoturistas que visitam o vale são heterogêneos, e vão de pais com filhos a esportistas que gostam de praticar alpinismo.

No vale, é possível fazer até trekking com burros
Valpelline é cercado por um ambiente limpo, onde as vozes da natureza acompanham o visitante durante um passeio à descoberta de locais fascinantes, com cores tão deslumbrantes que parecem ser pintadas. No território existem altas montanhas de até quatro mil metros, geleiras espetaculares e lagos cristalinos.
Entre as atividades oferecidas e praticadas ao ar livre, há escaladas, alpinismo de esqui, caminhadas com raquetes de neve, excursões noturnas, passeios de mountain bike, nordic walking, pesca esportiva e até trekking com os burros, em um percurso de quatro dias com partida da cidade de Aosta até os pés das geleiras, onde se dorme nas estruturas locais durante o caminho.
— Os turistas apreciam muito o fato de encontrar um vale assim e o que tentamos fazer é trazê-los em contato com as pessoas locais. As pequenas empresas agrícolas abrem as portas e permitem aos visitantes de assistirem às suas atividades diárias. Esse é um aspeto que no turismo de massa é mais difícil de encontrar. Aqui somos todas pequenas empresas familiares e o turismo é baseado nas exigências de cada cliente — destaca o presidente valdostano.
Além de promover um turismo sustentável, a NaturaValp preserva e defende o território.
— Uma vez a prefeitura queira instalar o heliskiing, a atividade que leva os esquiadores em cima a montanha de helicóptero. Nós fomos contra e, ao fim, não o fizeram — afirma Pieiller, que preserva o ambiente natural e livre de poluição em que vive. Um vale difícil de encontrar nos dias de hoje e, como definiu um visitante, um “lugar mais perto do paraíso”.