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Parque multiuso

28 de junho de 2016 - Por Comunità Italiana
Parque multiuso

Parque multiusoAmbientalistas reclamam que a fauna e a flora do maior parque urbano da Europa têm sofrido com eventos realizados no local, como o GP de Monza de F1 e o Liga Rock Park

O parque de Monza é o maior da Europa, dentro de um contexto urbano. O local abriga a Villa Reale, antiga residência de caça dos Savoia, a linhagem nobre do Reino de Itália — e, antes, de Maria Teresa, imperatriz da Áustria — até a extinção da monarquia, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Hoje, ele é público e, por conta da esquizofrenia burocrática e da reforma urbanística, pertence às prefeituras de Monza e de Milão, desde 1934. Segundo uma lenda urbana, até o hospital São Gerardo, uma excelência da região da Lombardia que fica praticamente dentro do parque, tem o único prédio da maternidade dividido pelos dois municípios. Quem nasce até o oitavo andar é de Monza, dali para cima é milanês, e assim estará escrito na carteira de identidade. Este exemplo bizarro rende bem a ideia desta “dupla personalidade”, agravada depois que a própria Villa Reale, o palácio principal, passou a pertencer às duas prefeituras.
E as divisões não param por aí. Como manda a receita de vida do povo italiano, a polêmica tem que estar presente para legitimar a sua forma de ser e estar no mundo. Com seu prado preenchido por todas as nuances e matizes da cor verde e habitado por centenas de espécies de pássaros e outros animais silvestres, como esquilos e lebres, o parque é o campo de batalha preferido entre os ambientalistas de plantão, sempre em alerta, e os produtores de eventos esportivos e artísticos, nunca despreparados para criar oportunidades de show-business, ali dentro, no santuário de flora e fauna invejáveis atravessado pelo rio Lambro que, quando chove muito forte por dias a fio, volta e meia inunda as ruas do centro histórico de Monza. Somente para citar um exemplo, em 1989, os primeiros sofreram e os segundos vibraram com o concerto de rock do grupo Pink Floyd. Verdade que o cantor e compositor Ligabue não é a finada banda inglesa, nem tem a sua extensão planetária de fãs. O mesmo vale para o espetáculo de Mano Chao, ocorrido em junho do ano passado.
Mas a previsão do show Liga Rock Park durante o mês de setembro — período do barulhento grande prêmio de Fórmula 1, para desespero dos “verdes” e do silencioso torneio Open Golf — acendeu a luz vermelha dos ecologistas que afiam as armas e já estão em pé de guerra contra a exibição de quem quer que seja. Músicos, pilotos e golfistas, dentro do parque e esportivos que não tenham quatro patas ou duas, neste caso, obrigatoriamente, devem ter também duas asas, sendo um volátil, naturalmente, e nunca uma ave de rapina a serviço de interesses financeiros, reconhecido disfarce de homens de negócios sem a sensiblidade “verde”, isso quando não se transformam em lobos com mantos de ovelhas — os primeiros já caçados daqui e os segundos ainda bem presentes na fazenda interna do parque. Os ambientalistas não dão trégua e prometem uma luta sem fim contra a exploração do parque, segundo eles, com lucros para poucos e danos para muitos, principalmente, para o prado histórico.
— O parque não é um campo de batatas, é frágil e deve ser respeitado — diz Bianca Montrasio, porta-voz do Comitê em prol do parque, sobre a frase polêmica de Ligabue quando o artista disse que Campovolo era a sua casa (aeroporto de Reggio Emilia onde ele realizou um concerto em 2005), mas parecia um campo de batatas, acrescentando que “a Itália tem muitos lugares lindos” e que “a música merece beleza”… E o parque merece respeito, como afirmam os ambientalistas.  

Histórico concerto do Pink Floyd em 1989 causou danos ao prado, lembram ecologistas
A natureza não tem que pagar a conta de atividades que nada têm a ver com ela. No site do grupo Comitato Per il Parco di Monza Antonio Cederna, o histórico autódromo, com efeitos de gráfica, se transforma numa espécie animal que resiste à extinção: o sobrevivente Autodromosaurus, violento e voraz. Eis a sua descrição científica: “grande agressividade e que necessita de enormes quantidades de vegetação para nutrir-se”, afirmam, com tom de ironia, as legendas que alertam para os danos provocados pela presença do traçado mais amado pelos amantes das corridas de carros. Todos se recordam das consequências causadas ao prado verde e histórico do campo Gerascia, em frente à curva Parabólica, palco do memorável concerto do Pink Floyd.
— Não se via pedaço de grama. Eu tinha 13 anos e me lembro que muito antes já tinha gente dormindo dentro de campers ali. Foi um show único, inesquecível, com tanta gente que ninguém se mexia — relata Ambra Craighero.
Entre a onda e o rochedo e tentando tirar vantagens de ambos, estão os lojistas, os hoteleiros e a administração pública. Todos celebram a visita de milhares de pessoas, alavancam a economia local e trazem linfa nova para a vida social da cidade. O prefeito Roberto Scanagatti baixa a temperatura da polêmica:
— Não vai ser um Woodstock italiano. Teremos um plano de viabilidade urbana, já bem testado durante as provas do tradicional GP de Monza de F1. Teremos estacionamentos externos, transporte público reforçado e eficiente. Enfim, queremos que todos se sintam em casa em Monza, mas esqueçam a ideia de entrada no parque com carro — anunciou em coletiva de imprensa.
Ao seu lado, estava o produtor Riccardo Salzano, que anunciou que será a “primeira experiência numa zona nova do parque”:
— Queremos  estar certos de que todos irão se divertir durante o concerto — anunciou. O evento deve receber cerca de cem mil pessoas no autódromo nos dias 24 e 25 de setembro, ao invés de um único show previsto inicialmente.
Ninguém sabe o gosto musical dos mamíferos, anfíbios, répteis e pássaros (90 espécies), nem dos 400 tipos diferentes de cogumelos. Com certeza, não são insensíveis aos decibéis dos motores e guitarras e baterias. Se antes eles eram alvos de fuzis de caça, desde a construção da Villa Reale e o seu parque, em 1777, hoje eles devem se acostumar com as intrusões humanas e seus estranhos hábitos de entretenimento. Os defensores do parque pretendem o uso exclusivo para finalidades de interesse ambiental, cultural-turístico e recreativo, e para o bem-estar psicofísico de seus frequentadores, além da promoção da tutela e a revalorização do complexo do Parque de Monza. Quando Napoleão Bonaparte instituiu o decreto de constituição do Parque, em 1805, durante a dominação francesa, certamente imaginava que ele se tornaria um marco europeu, mas não pensava, talvez, em semear tanta polêmica, em nome do meio ambiente inteiro, tutelado por um calhamaço de leis e cheio de entrelinhas ditas e não ditas. Como resultado, 55% do parque estão nas mãos de agentes privados sob concessão, enquanto 45% são de uso público.  

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.