Após quase 31 anos de fuga, um dos membros mais procurados da organização mafiosa Camorra foi preso em Recife nesta terça-feira (26). Pasquale Scotti, 56 anos, era considerado o “braço-direito” do chefão do grupo napolitano, Raffaele Cutolo, e fugiu de um hospital de Caserta no dia 23 de dezembro de 1984.
Em uma ação organizada pela seção de investigação sobre o crime organizado de Nápoles, com o grupo de Inteligência, a Interpol e as autoridades brasileiras, Scotti foi encontrado na cidade pernambucana.
Ao ser preso, o italiano afirmou que não era mais o mesmo homem. “Sou eu, vocês me prenderam. Mas, aquele Pasquale Scotti não existe mais”, teria dito aos policias segundo fontes que efetuaram a prisão.
Considerado um dos mais fiéis aliados de Cutolo, o mafioso era chamado de “engenheiro” das ações da Camorra na Itália. Com uma longa ficha de acusações criminais, o italiano fundou o sub-grupo “Nova Camorra Organizada” após a prisão de Cutolo e de uma megaoperação da polícia de Nápoles.
Apesar de ter fugido do hospital em 1984, o italiano só entrou na lista da Interpol de foragidos da Justiça italiana em 1990, quando foi condenado “por porte ilegal de arma de fogo, resistência, extorsão e mais de 20 homicídios cometidos entre 1980 e 1983”.
Até então, a busca se concentrava apenas no território italiano. Em 2005, a terceira seção da Corte de Assis condenou Scotti à prisão perpétua por uma série de assassinatos.
Polícia Federal
A Polícia Federal brasileira confirmou a identidade de Scotti e afirmou que a prisão efetuada hoje se trata de um “líder de máfia” que estava foragido desde 1986. No país, ele usava a identidade de Francisco de Castro Visconti
Ele foi identificado através da “comparação de digitais” e, através do procedimento, foi revelado que ele utilizada uma identidade falsa – além de portar o CPF e o título de eleitor falsos.
A prisão de Scotti foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal após pedido da Interpol e agora o processo de extradição deve ser iniciado pelas autoridades italianas.
Segundo o portal de notícias “G1”, Scotti tem dois filhos com uma brasileira e foi preso quando os levava pra a escola. Ele se dizia empresário e morava há 28 anos na zona oeste de Recife. Ainda de acordo com o site, ele afirmou que sua família em Pernambuco não sabia de sua real identidade. (ANSA)