Após as polêmicas dos últimos dias, o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, aprovou nesta quinta-feira (3), por unanimidade, um documento que enterra qualquer possibilidade de negociar um governo na Itália com o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S)
Reunido em Roma, o diretório da legenda chancelou a linha delineada pelo seu líder interino, o ex-ministro de Políticas Agrícolas Maurizio Martina, em uma vitória do ex-premier Matteo Renzi, principal porta-voz da ala contrária a uma aliança com o M5S.
Em seu pronunciamento na reunião, Martina afirmou que a possibilidade de diálogo com o movimento é um “capítulo fechado” e ainda rechaçou qualquer hipótese de dar o voto de confiança a um eventual governo guiado pela coalizão de direita, liderada pelo ultranacionalista Matteo Salvini.
Na prática, o discurso de Martina confirma que o PD fará o papel de oposição na nova legislatura, algo que o agora senador Renzi vinha pregando desde sua derrota nas eleições de 4 de março.
“Não é nenhuma rendição, estamos fazendo política, o que é diferente”, disse o líder interino do PD, que era favorável a abrir diálogo com o M5S.
No entanto, caso defendesse isso no diretório, correria o risco de ver sua linha política ser rejeitada pelos colegas.
“Precisamos de uma imediata mudança de direção, sob o risco da irrelevância e da marginalização. Precisamos de uma direção inequívoca. Não devemos permitir que digam que há diversos partidos no partido”, declarou Martina, pedindo a “confiança” dos dirigentes do PD.
Polêmica
A crise na legenda social-democrata se aprofundara no último domingo (29), quando Renzi dera uma entrevista rechaçando a hipótese de se aliar ao M5S. As declarações foram vistas como uma desautorização pública de Martina e irritaram as alas favoráveis ao diálogo.
“A direção unânime na confiança a Maurizio Martina. Mais força ao PD para enfrentar as etapas difíceis das próximas semanas”, escreveu no Twitter o premier demissionário Paolo Gentiloni, também do Partido Democrático.
Com a confirmação do PD na oposição, a única possibilidade de acordo passa a ser entre o M5S e a coalizão de direita, ou apenas com a ultranacionalista Liga, de Salvini. No entanto, passados dois meses das eleições, as duas forças ainda não conseguiram chegar a um ponto em comum, principalmente porque o movimento antissistema se recusa a governar com Silvio Berlusconi, um dos pilares da aliança conservadora.
O presidente da Itália, Sergio Mattarella, convocou os partidos para uma nova rodada de consultas na próxima segunda-feira (7), mas não há sinais de que o impasse possa ser resolvido até lá. (Agência ANSA)