Um dia após ser indicado pelos partidos Movimento 5 Estrelas (M5S) e Liga Norte como o candidato oficial a primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte teve seu nome envolvido hoje (22) em duas polêmicas que já começam a minar sua trajetória ao Palácio Chigi
A primeira polêmica envolveu seu currículo, já que o jurista e acadêmico de 54 anos disse ter frequentado a instituição norte-americana New York University no ano de 2008 para “aperfeiçoamento”, mas a própria entidade negou que seu nome esteja nos registros como aluno.
Um artigo do “The New York Times” trouxe o dado à tona. Um representante da Universidade alegou que seja possível, apenas, que Conte tenha assistido a aulas de cursos livres de poucos dias – modalidade da qual os participantes não são registados pela New York University.
A segunda controvérsia se refere ao fato de Conte ter advogado por uma família, em 2013, que pedia autorização judicial para um tratamento médico em sua filha, Sofia, chamado de “Método Stamina”, que prevê a conversão de células mesenquimatosas em neurônios.
O método, criado pelo italiano Davide Vannoni (atualmente preso), carece de comprovação científica. De acordo com a própria família, Conte apenas acompanhou o caso judicialmente, o que não configuraria um apoio explícito do candidato a premier ao polêmico tratamento.
Em defesa de Conte, o M5S também disse que o jurista “colocou no currículo que fez um aperfeiçoamento em seus estudos, e não que foi aluno de um curso ou de algum máster” em Nova York. A ex-mulher de Conte foi outra que tentou abafar as polêmicas e afirmou que o jurista seria “um bom premier”. “Essas discussões sobre o tratamento alternativo e seu currículo são uma estupidez”, disse à agência de notícias italiana.
Mas nenhuma das tentativas conseguiu amenizar a situação. O presidente italiano, Sergio Mattarella, que recebeu a indicação de Conte como sugestão do M5S e da Liga Norte, deve demorar mais uns dias para decidir se aceita ou não que o jurista assuma o governo.
Paralelamente, começa a ressurgir a hipótese do representante do M5S, Luigi di Maio, virar primeiro-ministro. O jovem político tinha precisado abrir mão do possível cargo para costurar uma aliança com a Liga Norte, de Matteo Salvini, para governar. Mas Salvini já demonstrou que não aprovaria Di Maio como primeiro-ministro.
“Ainda considero Conte. Seguimos a indicação dos amigos do M5S e continuaremos trabalhando com isso”, comentou. Questionado sobre se manteria sua posição contra Di Maio como premier, Salvini garantiu: “Dissemos isso e respeitaremos”. (Agência ANSA)