Aqui não há desculpa. Em Vomero, se vive bem sem carro: com três teleféricos e a linha 1 do metrô para “descer” a Nápoles, a vida do cidadão que mora na colina da capital da Campânia pode deixar esse estresse de lado
E já se foi, também, o tempo em que o trânsito de Vomero podia constituir um problema para amizades e amores. Um turista muito provavelmente diria “não parece Nápoles”, então você tem de explicar que essa colina, na verdade, é o centro. E que desde o Museu de San Martino, após ter visto o presépio de Cuciniello e a cidade do alto, dá para descer a pé lá de cima até os “Quartieri Spagnoli” (“bairros espanhóis”) entre vinhedos e escadas (mas só os estrangeiros fazem isso).
Não é por acaso que o bairro nunca conheceu as crises do mercado imobiliário, e as casas passam de pais para filhos. Para o ‘vomerese’, existe um antes e depois da chegada do metrô à colina, que leva em cerca de 20 minutos as pessoas à estação central ou ao subúrbio de Scampia. Centro comercial desde sempre, ainda que as lojas tradicionais tenham dado espaço às franquias, o bairro tem uma alta densidade de negócios, restaurantes, bares e sorveterias, tornando-se um destino irresistível, sobretudo nos fins de semana, para jovens de toda a cidade e da província.
Mas os costumes do Vomero, mesmo os do passado, ficam no DNA dos habitantes, a partir do passeio cotidiano, o “giro” pelas vitrines, acompanhado de um café em um dos tantos bares nas ruas arborizadas que, no verão, dão a ilusão de se estar de férias. Desde sempre, as crianças se divertem no Floridiana (parque e sede do Museu da Cerâmica), e até as senhoras mais esnobes conhecem os segredos do mítico mercadinho de Antignano, onde se vende de tudo e que é um ótimo lugar para se fazer a despensa. Apesar de ser comparável a uma cidade pequena (mas nem tanto, já que tem 50 mil habitantes), o Vomero possui seus lugares “cult”: o teatro Diana, bares com vista panorâmica, a praça Quattro Giornate (neste ano se comemora o 75º aniversário da insurreição popular contra os nazifascistas), e um estádio que fez história, o Collana, onde o Napoli jogou até 1959.
Na praça Fuga, ao lado do teleférico central, um velho bar da estação se tornou tendência, assim como a Fonoteca, com drinques, comidas e vinhos. O adolescente que vive em Vomero não precisa da scooter, fato que tranquilizou gerações de pais.
Nos últimos anos, o bairro mudou e presenciou um renascimento turístico. Hospedagens para todos os gostos abrem em todos os lugares, e o número de turistas aumenta a cada ano.
Os visitantes chegam pelas escadas rolantes ou saem do teleférico Montesanto e chegam em poucos passos à piazzale de San Martino, para visitar o medieval Castelo Sant’Elmo, o maior da cidade. E pode ficar tranquilo, o “vomerese” te indicará gentilmente o melhor caminho, com orgulho de poder olhar Nápoles do alto.
(Agência ANSA)