Comunità Italiana

Por uma alimentação melhor

{mosimage}O movimento Slow Food foi criado pelo cozinheiro e jornalista italiano Carlo Petrini em busca de simplicidade na mesa: alimento limpo, bom e justo. A convite do governo brasileiro, ele vem à Rio+20

Carlo Petrini para alguns é um revolucionário. Milhares de pessoas no mundo o consideram como um mentor. Entre tantas definições, ele é um extraterrestre, no sentido de extraordinário cidadão da Terra.  Este cozinheiro italiano, escritor e jornalista em 1986 teve a ideia iluminada de fundar o movimento Slow Food e em pouco tempo conquistou o mundo. Hoje, o Slow Food reúne mais de 100 mil associados espalhados em 150 países. A filosofia deste movimento é simples: o alimento tem que ser limpo, bom e justo. Princípios básicos e fundamentais para a saúde e preservação da vida, ou seja, alimento tem que ser bom para quem consome, bom para quem produz e bom para o planeta.
Na Rio+20, a convite da Onu,  Petrini vai  participar do Diálogo sobre Segurança Alimentar e Nutricional, um dos dez Diálogos de Desenvolvimento Sustentável que serão realizados pouco antes da Conferência, de 16 a 19 de junho. Os resultados destas sessões serão apresentados durante as mesas redondas da Conferência do Rio de 20 a 22 de
junho.
— A Conferência das Nações Unidas de 1992 no Rio de Janeiro foi um momento histórico que conseguiu finalmente chamar a atenção do mundo inteiro para o desenvolvimento sustentável. Passaram-se 20 anos e ainda não progredimos o suficiente para enfrentar os desafios propostos. Minha esperança é que a Rio+20 passe uma mensagem forte de unidade, na qual assumimos as nossas responsabilidades de cidadãos do mundo e nos comprometemos a participar ativamente da solução dos problemas que afetam a Terra e a comunidade global como um todo – disse Carlo Petrini, presidente do Slow Food.  
Carlo Petrini, conhecido na Itália também pelo apelido de Carlin Petrin, conta com prestigiosos reconhecimentos internacionais. O mais recente foi há um mês, quando falou no Fórum Permanente das Nações Unidas sobre questões indígenas. Foi a primeira vez que a ONU convidou uma pessoa que não é indígena a participar de uma conferência como orador. Em 2004, ele foi inserido pela revista “Time Magazine” na lista dos “Heróis do nosso tempo” na categoria “Inovador”.  Na sua carreira, recebeu vários prêmios por ter promovido a cultura da paz e porque o Slow Food defende um novo modelo de agricultura sustentável. 
O Slow Food  acredita que com as nossas escolhas, por exemplo preferindo a comida local e da atual estação do ano, podemos incidir muito no futuro do planeta. Considere que uma nossa refeição percorre uma média de 1900 km antes de chegar nas nossas mesas e que é preciso 15.500 litros de água para produzir um quilo de carne bovina e que 75% da alimentação mundial depende de 12 espécies vegetais e cinco animais.
A alimentação é a essência da vida, portanto respeitar os mandamentos da natureza é fundamental para que a terra continue nos dar seus frutos. O Slow Food defende a preservação das riquezas naturais trabalhando em pequena escala, considerando que a união de tantos pequenos acaba por ser grande. Nesta linha, em 2004, o movimento criou um importante evento bienal: Terra Madre. Trata-se da rede mundial  de pequenos agricultores; pescadores; artesãos; estudantes; chefs e especialistas; presente em 150 países, demonstrando que a produção de pequena escala pode representar uma alternativa viável em escala global.
A Terra Madre reúne milhares de pequenos produtores para trocar conhecimentos com debates e diálogos. Durante os encontros, por exemplo, um pequeno agricultor do Nepal pode compartilhar suas experiências com um pequeno produtor do Peru, afinal ambas são comunidades que vivem no alto das montanhas. A próxima Terra Madre será de 25 a 29 de outubro de 2012 junto com o Salão do Gosto, em Turim.    
O programa do Terra Madre inclui um encontro mundial bienal, encontros regionais/nacionais, um dia de ação global e uma rede de projetos internacionais que envolve todos os setores do sistema alimentar. A rede representa a globalização positiva, dando voz àqueles que se recusam a aceitar uma abordagem industrial da agricultura e a padronização das culturas alimentares.
Memorável foi o comentário do jornalista espanhol, Rossend Domenech ao encontrar um pequeno produtor da Catalunha que segue os princípios Slow Food.
— Preste atenção: você está comendo uma revolução! — exclamou.

Atividades para conscientizar sobre o papel do alimento no desenvolvimento sustentável
Durante a Rio+20, o Slow Food participará ativamente para a conscientização sobre o impacto da produção de alimentos na mudança climática e no desenvolvimento sustentável. O Slow Food acredita que o atual sistema alimentar desempenha um papel significativo na ameaça à saúde da Terra e de seus habitantes.
O programa de eventos paralelos do Slow Food, durante os preparos e na Conferência, convida moradores e visitantes a participar de atividades educativas – como oficinas e visitas a feiras de produtos orgânicos – de conscientização acerca do papel central do alimento no desenvolvimento sustentável.
O Slow Food também publicará um guia com 100 dicas sobre “alimentos bons, limpos e justos” que ajudará os moradores do Rio e milhares de visitantes da Conferência a descobrir alimentos, restaurantes e projetos locais. O guia dá sugestões de onde comer e comprar alimentos produzidos localmente e como descobrir os diversos projetos de agricultura urbana que estão crescendo na cidade maravilhosa.
O Slow Food está presente no Brasil desde 2002 e hoje conta com 32 convívios e mais de 40 mil produtores envolvidos na rede.   

Saiba mais:
www.slowfood.com
www.slowfoodfoundation.com
www.slowfood.com/sloweurope/eng/83/climate-change