Empresários italianos e brasileiros discutem novas oportunidades de negócios e investimento em Fórum promovido pela Embaixada em Salvador
Depois de participarem de uma missão empresarial nos dias 18 e 19 de novembro, em Salvador, os empresários italianos enxergaram um novo destino para os seus investimentos: a Bahia. O estado nordestino ocupa um território do tamanho da França e representa a sexta economia no ranking nacional.
— Essa missão empresarial deu continuidade à visita do embaixador italiano Raffaele Trombetta realizada em junho do ano passado, assim como aconteceu no Paraná — esclareceu à Comunità o conselheiro econômico e comercial da Embaixada, Cristiano Musillo.
O Fórum aconteceu na Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fiesb) e se dirigiu a três setores em particular: náutica esportiva e comercial, energia e infraestrutura. A delegação italiana contou com a presença de executivos de 10 empresas: Italferr, de engenharia de transporte ferroviário; Rina Brasil técnicos, do setor de náutica, petróleo e gás, energia e transporte; grupo Azimut Benetti, fabricante de iates e responsável pela construção de gestão de marinas; Cellini do Brasil, de construção civil e fontes energéticas sustentáveis; Friem e Enel Green Power, de energia renovável; Lo.pr.in, que presta serviços de apoio para empresas; Maccaferri, de engenharia civil e ambiental; grupo Marco Polo, de projetos e construção de casas populares; e Guarnera Advogados, de assistência jurídica para multinacionais. A Agência Italiana de Turismo (Enit) também participou.
A Embaixada italiana, em parceria com a Fieb e o governo da Bahia, por meio do centro Internacional de Negócios (CIN), organizou a missão com o objetivo de discutir e prospectar oportunidades de negócios, parcerias e investimentos entre empresários baianos e italianos. O foco do encontro foram os projetos e programas identificados anteriormente com as empresas participantes e a organização de encontros mirados entre operadores econômicos italianos e brasileiros.
O conselheiro econômico Musillo aproveitou a ocasião para ilustrar aos empresários locais presentes o programa do governo italiano Destinazione Italia (destino Itália), que visa incrementar os investimentos estrangeiros no país europeu e oferece uma oportunidade para as empresas baianas que desejam se internacionalizar.
Outras possibilidades podem surgir na Expo Milão 2015, evento que vai debater questões relacionadas à alimentação global ao qual o país verde-amarelo já confirmou a sua presença.
— A promoção das oportunidades que surgem para as empresas baianas do setor agroalimentar, em ocasião da grande vitrine internacional da Expo 2015, despertou a atenção das autoridades estaduais, as quais declararam ser favoravelmente afetadas pelo tema escolhido para a Exposição Universal: alimentação, combate à fome, segurança e rastreabilidade — declarou Musillo.
Segundo o vice-presidente Reinaldo Sampaio, a Bahia está vivendo um bom momento econômico.
— A Bahia está em um estágio de expansão da sua base industrial. É preciso que isso seja visto por mais empresários, por isso está acontecendo esta aproximação entre empresários baianos e empresários italianos — explicou Sampaio.
De acordo com o conselheiro econômico, o Belpaese quer estreitar os laços com a Bahia porque possui muito potencial em diversas áreas, como energia, petróleo e química, náutica e infraestrutura.
— Temos grupos muito importantes aqui que estão instalados no mundo inteiro e querem aproveitar este potencial baiano — comenta Cristiano Musillo.
Da mesma opinião é o representante do escritório de Guarnera Advogados, Felipe de Azevedo Morguilis, que acredita que a Bahia seja uma nova fronteira para os empresários italianos.
— Por muito tempo, os investimentos ficaram concentrados em São Paulo e no eixo sudeste em geral. Neste momento, pelas taxas de crescimento muito maiores que existem no Nordeste, não há dúvida de que vale a pena olhar com mais interesse para o mercado nordestino e, principalmente, para o mercado baiano — ressalta com entusiasmo o advogado.
Encontros mirados para desenvolver novas parcerias
A tarde do dia 18 de novembro foi dedicada aos encontros bilaterais e às visitas de acordo com o interesse e o perfil das empresas italianas. O grupo Azimuth Benetti Yachs, por exemplo, se reuniu com o secretário estadual do turismo, Domingos Leonelli, para dialogar sobre a intenção de investir no setor do turismo náutico na Baía de Todos-os-Santos.
Segundo Leonelli, os empresários italianos querem implantar uma unidade de gerenciamento de embarcações de passeios e charters na baía e ainda administrar uma escola náutica para capacitar a mão-de-obra local, em parceria com a Secretaria do Turismo do estado e a Fieb.
O conselheiro econômico da Embaixada ficou muito satisfeito com os resultados obtidos durante o evento, como a perspectiva de as empresas italianas que operam no setor de energia renovável fazerem uma parceria com o centro de formação e especialização Senai-Cimatec.
A ocasião também serviu para estreitar a colaboração, entre empresas made in Italy e da Bahia, no setor das pedras ornamentais, com particular destaque para as máquinas que cortam o mármore e granito.
— A próxima missão será no estado do Rio Grande do Sul, provavelmente em março, como resultado da visita institucional do embaixador Raffaele Trombetta realizada em outubro passado — revela à Comunità Musillo.
Náutico: A venda de embarcações de luxo aumenta no Brasil e sobretudo na Bahia. A demanda local por barcos de passeio ainda não está suprida, pois as marinas criadas no estado não têm a quantidade adequada de vagas e os serviços não são de boa qualidade. A revitalização dos portos marítimos do litoral baiano constitui uma oportunidade para as empresas especializadas. Os projetos vão beneficiar o comércio e a sua receptividade turística, nos moldes do plano de reabilitação do centro histórico de Salvador, que envolve um investimento de cerca R$ 150 milhões e os governos nas esferas federal, estadual e municipal, além da iniciativa privada.
Infraestrutura: A integração da ferrovia oeste-leste, que ligará Ilhéus a Figuerópolis, em Tocantins, com 1527 km de comprimento, tem como objetivo estimular o intercâmbio entre as regiões de extração de ferro de Caetité e Tanhaçu, situadas no sul baiano, com as produções de trigo no oeste da Bahia e no sudeste de Tocantins.
Energia renovável: Os investimentos no setor eólico previstos no estado são particularmente elevados e atingem R$ 4,6 bilhões de reais para um total de 51 parques eólicos, com a expectativa de geração de 1.234 MW de energia. Diante desse potencial, já são operativas as empresas italianas, como Enel Green Power (parques eólicos), Alstom e Gamesa (produção de turbinas eólicas), Acciona (cubos eólicos), Torrebras (torres) e Tecsis (turbinas eólicas). A Enel Green Power, que já instalou cerca de 150 megawatts no estado, pretende ampliar a sua presença na região.
Naval, petróleo e gás: A Bahia é o segundo estado, após o Rio de Janeiro, em refino do petróleo. Para a produção de plataformas offshore, a base naval de Aratu e o estaleiro da Petrobras em São Roques do Paraguaçu oferecem oportunidades para as empresas italianas. Em 2015, deve ser finalizada a construção do estaleiro Enseada do Paraguaçu para a construção de sondas e navios. O investimento do Grupo Odebrecht é de cerca 2,6 bilhões de reais.