Nove pessoas foram presas por corrupção envolvendo o projeto
(ANSA)
A prefeita Virginia Raggi colocou em dúvida nesta quinta-feira (14) o futuro do projeto do novo estádio da Roma, alvo de um inquérito de corrupção na capital italiana.
A chefe municipal participou de um talk show na emissora pública “Rai” e foi perguntada sobre “que fim terá a arena”. “Não sabemos. Os atos do inquérito parecem todos válidos. Nós nos reservamos o direito de fazer todos os aprofundamentos necessários”, declarou Raggi.
Ela acrescentou, no entanto, que o projeto poderá seguir em frente caso “não haja irregularidades”. Na última quarta-feira (13), a polícia da Itália prendeu nove pessoas acusadas de corrupção envolvendo o novo estádio da Roma, cujas obras começariam no fim de 2018.
Entre os detidos está Luca Parnasi, proprietário dos terrenos onde ficará a arena, e cinco de seus funcionários, além de Luca Lanzalone, presidente da Acea, companhia que administra serviços de água e energia na capital, do ex-vice-mandatário do Conselho Regional do Lazio Adriano Palozzi e do ex-secretário regional de Urbanismo Michele Civita.
Os três últimos estão em prisão domiciliar, e Lanzalone se demitiu do comando da Acea nesta quinta. A lista de investigados não inclui nenhum dirigente do clube. “A Prefeitura, os romanos e a Roma são partes lesadas”, afirmou Raggi, negando ter culpa no caso, apesar de ter nomeado Lanzalone para a Acea.
Por causa do escândalo, o Departamento de Urbanismo da capital congelou a tramitação do projeto e pediu esclarecimentos para a Eunova, empresa de Parnasi. Por meio de seus advogados, o empresário disse que “não cometeu nenhum crime”.
A obra já havia recebido o aval da conferência de serviços de Roma, mas a Prefeitura ainda não concedeu a permissão para a abertura dos canteiros nem iniciou as licitações para as intervenções públicas nos arredores.
Novela
Em 2016, a gestão Raggi chegou a dar parecer desfavorável ao estádio, alegando problemas urbanísticos e viários, mas o clube alterou o projeto e conseguiu a aprovação municipal.
As principais mudanças dizem respeito ao entorno da arena: três torres comerciais que estavam previstas no projeto inicial não serão mais construídas, e o “business park” (“parque de negócios”, em tradução livre) teve seu tamanho reduzido em 60%.
O estádio terá capacidade de 52,5 mil lugares (expansível para até 60 mil) e arquibancadas próximas ao gramado, ao contrário do Olímpico, onde a Roma manda seus jogos atualmente. O complexo exigirá mais de 2 bilhões de euros em investimentos, mas o estádio em si custará 400 milhões.
A construção da arena é um dos principais objetivos dos investidores dos Estados Unidos que compraram a Roma em 2011, liderados pelo atual presidente do clube, James Pallotta. O projeto também inclui espaços comerciais, zona de eventos e entretenimento, restaurantes, áreas verdes e um local de convívio dedicado aos romanistas.
O bairro escolhido para a obra, Tor di Valle, fica na zona sul da capital, no meio do caminho entre o centro e o aeroporto de Fiumicino, um dos mais movimentados da Itália.