Questionado sobre os comentários feitos mais cedo pelo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, a respeito do impasse orçamentário entre a União Europeia e a Itália, o ministro do Trabalho e vice-premiê do país, Luigi Di Maio, afirmou na quinta-feira (25) que o banqueiro central “sabe” que o alargamento do diferencial de juros entre os bônus italianos e alemães “não está ligado à proposta orçamentária”
Na entrevista coletiva concedida após o BCE manter suas taxas de juros inalteradas, Draghi avaliou que, com os rendimentos dos bônus soberanos italianos subindo, o espaço para expansão fiscal no país “fica menor”.
Além disso, ao responder a uma pergunta especificamente sobre o diferencial de juros entre os BTPs italianos e bônus vistos como mais seguros, como os Bunds alemães, Draghi recomendou, sem esclarecer os destinatários da mensagem, que se “reduza o tom nos questionamentos a compromissos constitucionais com o euro”.
“(O spread) está ligado ao temor do mercado de que este país deixará o euro. É, portanto, facilmente solucionável, já que inserimos no contrato de governo que não sairemos da zona do euro e nem da União Europeia”, garantiu Di Maio a repórteres, numa aparição transmitida ao vivo em sua página no Facebook.
Sobre o pedido formalizado na terça-feira pela Comissão Europeia de que Roma reescreva o plano orçamentário para 2019, que ela avalia estar sob risco de incompatibilidade com as regras fiscais de Bruxelas, Di Maio sublinhou que a Itália é “um Estado soberano, com um Parlamento soberano e um governo soberano que recebeu o voto de confiança do Parlamento”.
“Quero um diálogo com a União Europeia, mas não irei a Bruxelas para dizer ‘sim, senhor, farei o que me disse’”, assegurou, pontuando que o plano orçamentário italiano entregará o que foi prometido no contrato de governo pela coalizão entre o Movimento 5 Estrelas (M5S), liderado por ele, e a Liga, capitaneada pelo ministro do Interior e também vice-premiê Matteo Salvini.
Di Maio também revelou que o governo está “todos os dias” em contato com os gestores de bancos e as diretorias dessas instituições “para monitorar a situação” da estabilidade financeira no país.
(Estadão Conteúdo)