Gino Strada, cirurgião e um dos fundadores da ONG italiana Emergency, afirmou hoje que o ocorrido depois do seqüestro e da libertação do jornalista Daniele Mastrogiacomo "é uma infâmia da qual são responsáveis substancialmente dois senhores, Hamid Karzai e Romano Prodi".
Strada fez essa declaração depois da notícia do assassinato de Adjimal Nashkbandi, intérprete do enviado do jornal Repubblica.
Nashkbandi, seqüestrado no Afeganistão junto com o jornalista italiano Daniele Mastrogiacomo, foi morto pelos talibãs que o mantinham em cativeiro um dia antes do vencimento do ultimato, anunciou ontem um porta-voz do grupo armado.
A notícia foi confirmada essa noite pelo porta-voz dos serviços de inteligência afegãos, que acusou o diretor do hospital da ONG italiana Emergency, em Cabul, de estar envolvido no seqüestro de Mastrogiacomo e seu intérprete.
O porta-voz dos serviços secretos locais, Said Ansari, acusou o diretor afegão do hospital Emergency, Rahmatullah Hanefi, de estar envolvido no seqüestro de Mastrogiacomo e seus colaboradores, informou a agência afegã Pajhwok.
Strada apontou esta manhã à rádio Gr1 Rai que o próprio diretor do hospital em Lashkar Gah, seguindo ordens do governo, "pegou US$2 milhões e os levou em apenas um automóvel" para os talibãs.
"Não basta mais qualquer declaração de Prodi, é necessário pelo interesse do país que o governo esclareça todas as dúvidas na sede mais competente, no salão do Parlamento italiano", destacou o porta-voz de Silvio Berlusconi, Paolo Bonaiuti.
Entretanto, o jornal Cheragh no Afeganistão escreveu hoje que (o presidente afegão, Hamid) "Karzai sem dúvida conseguiu salvar o governo italiano, mas não conseguiu salvar a vida de um afegão e de quem votou nele".