{mosimage}Parceria entre a brasileira Cipa e a italiana Fiera Milano promove intercâmbios de feiras internacionais nos dois países, como o Macef Home Show
As economias europeias em crise buscam alternativas de investimentos em um mercado que muda de fisionomia de modo acelerado. Dirigentes especializados em feiras e exposições substituem o esquema tradicional (e talvez até antiquado) da simples exportação de produtos e serviços pela criação de parcerias dinâmicas para realizar eventos internacionais, em estratégias orientadas a fornecer suporte logístico e econômico às pequenas e médias empresas sem fôlego suficiente para promoverem, sozinhas, a sua produção no exterior. Entre os Brics, o Brasil é atualmente um dos mercados promissores de bons negócios para produtos e serviços destinados a um público consumidor em aumento, além de corredor de acesso a outras nações latino-americanas.
O Macef International Home Show, que se realiza em Milão há quase meio século, inaugurou sua presença em São Paulo, em junho, trazendo o melhor do design italiano aplicado a móveis, objetos e acessórios de decoração para o lar. A novidade é a tentativa de sensibilizar o público para a preservação do meio ambiente. Durante três dias, cerca de 150 expositores mostraram suas linhas de produção, marcadas pela fusão entre modernidade, tradição e tecnologia. O evento atraiu a atenção de operadores vindos de vários pontos do Brasil e também contou com a presença de fabricantes e artesãos brasileiros que mostraram objetos de decoração realizados com fibras vegetais resistentes, obtidas a partir de plantas que se reproduzem com facilidade e rapidez. O Macef faz parte do calendário de feiras e exibições internacionais previstas nos acordos firmados entre a sociedade italiana Fiera Milano e o grupo brasileiro Cipa — um dos principais promotores de feiras de negócios no território nacional.
O diretor de marketing da sociedade Fiera Milano, Felice Invernizzi, falou da manifestação inaugural como de uma experiência de laboratório, feita para aprofundar o conhecimento dos italianos sobre o que os consumidores brasileiros esperam e desejam do mercado em matéria de produtos e serviços dedicados ao melhoramento de seu estilo de vida:
— Os visitantes desta edição inaugural se enquadram em um perfil médio-alto, representado em prevalência por operadores brasileiros em busca de novos negócios. Sabemos que a maioria dos contatos aconteceu na tarde do segundo dia da manifestação. Nossa análise de mercado envolve a incidência das taxas alfandegárias e dos impostos para a circulação e comercialização desses produtos italianos no mercado brasileiro, de modo que nossos empresários e seus interlocutores calculem com segurança o preço final de cada item.
Indicadores do Macef servirão para eventos em 2013
Para Invernizzi, os indicadores do primeiro Macef servem de termômetro para a preparação da próxima feira do setor, programada para 2013, como também para a Food Hospitality World, dedicada ao setor de hotelaria e alimentação.
— Esses dados são preciosos, ao mesmo tempo, para afinar as nossas estratégias de comunicação junto ao público em geral e alcançar uma maior eficácia no envolvimento de um crescente número de novos parceiros comerciais desses e de outros segmentos.
Isso vale também para a Enersol, que acontece de 11 a 13 de julho — também na capital paulista — feira dedicada à energia fotovoltaica, térmica e termodinâmica. Cerca de 150 empresas pertencentes a oito países, além da Itália e do Brasil, participam do evento, cuja primeira edição foi realizada em 2011 em Milão.
Em troca, o grupo Cipa “exportou” a Reatech, a Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade, realizada todos os anos em São Paulo. A edição inaugural em Milão, em maio, foi bem sucedida. José Roberto Sevieri, o diretor do grupo brasileiro, explicou a importância da colaboração entre grupos empresariais nacionais e estrangeiros especializados na promoção de feiras e negócios no campo da internacionalização:
— Um dos grupos disponibiliza a sua rede de contatos e funciona como plataforma de lançamento do outro, rumo a novos mercados, através de um esquema de reciprocidade baseado no intercâmbio de dados, informações e estudos radiográficos sobre o segmento de mercado focalizado no país escolhido. Isso permite a “exportação” de eventos e a expansão de negócios rumo a outros mercados, com a perspectiva de reduzir custos de logística para os participantes e a organização — analisa.
A estratégia serve de bússola para a realização de Enersol, feira que desperta a grande curiosidade dos brasileiros interessados em conhecer as novidades em matéria de produtos e modelos de alta tecnologia para o uso das fontes energéticas renováveis. Além do Brasil e da Itália, participam do evento Estados Unidos, Alemanha, Espanha, China, Suíça, Portugal, Luxemburgo e Chipre. Realizada a partir da parceria nascida em 2011 entre a Fiera Milano e a Cipa, a feira vai chegar à sua quarta edição italiana em novembro.
— O potencial brasileiro e a perspectiva para o desenvolvimento de aplicações ligadas à nova política energética brasileira para fontes renováveis estimulam os profissionais a olharem com mais atenção para o nosso território e o nosso mercado. Todos somos conscientes de que o papel das fontes renováveis é fundamental na política de gestão do território e do planeta. Vários encontros estão programados para aprofundar o tema com personalidades internacionais — explica Sevieri.
Frutos da parceria chegam a Singapura
O percurso de colaboração traçado entre Fiera Milano e Cipa continua em 2013 e chega à Ásia através da Reatech, Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade, em Singapura. Os dois grupos reforçam, assim, seus objetivos de aperfeiçoar a qualidade de serviços e produtos, compartilhar experiências, fortalecer suas redes de contatos e abrir novas frentes de negócios no Brasil e nos mercados internacionais. O calendário conjunto prevê a realização de mais de 50 feiras até o final deste ano em várias partes do mundo.
A Ricrea, sediada na província de Alessandria, no Piemonte, é uma das empresas que mais surpreendeu com modernas e coloridas poltronas forradas com flores criadas a partir de pedaços de couro e outros materiais sintéticos reciclados, produzindo um efeito de elegante leveza. Outras empresas, a exemplo da ítalo-brasileira Lucatti, sediada em Cidade Bertioga (SP), se lançaram no mundo das cores de maneira lúdica, apresentando antigas cômodas recobertas com pintura de listas verticais em diversas cores vivas. A empresa toscana Brandani uniu cores fortes e design inovativo, trazendo vários artigos para a mesa e utensílios de cozinha com decorações que recordam os típicos hábitos alimentares dos italianos: figuras de massas alimentícias e tomates impressas em pratos e objetos de porcelana. A fábrica Lowell, de Modena, apresentou modelos contemporâneos de relógios e barômetros de alta precisão que podem enriquecer ambientes decorados em estilo clássico, urbano ou rural.
Outras empresas mostraram produtos como abajures em tecidos coloridos (Trevisan Design), objetos e artigos decorativos em cerâmica estampada (Carbo Import), móveis e decorações para jardins e espaços ao ar livre (Nature Flores e Companhia das Folhas), peças de cores vivas com formas que evocam a infância (AZ Design), coloridos conjuntos de mesa em cerâmica para o café da manhã (Scalla), jogos de xadrez e estátuas de bronze (Italfama). As cores vivas também estão presentes em cadeiras e poltronas produzidas com acrílico (By Art e Dumas). O luxo e a elegância marcaram as molduras cobertas de strass da empresa emiliana Mascagni e os copos de cristal com acabamento em ouro da Lucatti, de Nápoles.
As feiras contaram com o apoio da Agência para a Promoção e a Internacionalização das Empresas Italianas (ICE) e das Câmaras de Comércio Ítalo-brasileiras.