O renomado arquiteto italiano Mario Cucinella funda uma escola em Bolonha onde os estudantes aprendem a desenvolver soluções inovadoras para problemas urbanos
A palavra sustentabilidade está mais presente do que nunca no trabalho do arquiteto italiano Mario Cucinella. Conhecido por buscar soluções sustentáveis, simples e ao mesmo tempo eficientes, o arquiteto, há um ano, decidiu que era hora de compartilhar seus conhecimentos e fundou a School of Sustainability, conhecida como S.O.S., em Bolonha, na Emília-Romanha.
— A ideia nasceu por um motivo muito simples. Mario Cuccinella é um dos mais importantes arquitetos no campo da sustentabilidade. Nos últimos anos, nos demos conta de que hoje, quando se fala em sustentabilidade, há um grande vazio entre as ambições das pessoas e o resultado da prática profissional. Para preencher este vazio, Mario decidiu fundar a S.O.S., com o objetivo de formar os jovens profissionais no campo da sustentabilidade. Selecionamos um pequeno grupo de estudantes que fazem pesquisa e projetos neste campo — explica Alberto Bruno, diretor da S.O.S.
A escola nasceu a partir da colaboração do escritório de arquitetura Mario Cucinella Architects (MCA) com a organização não governamental Building Green Futures (BGF). A instituição mantém suas portas abertas para arquitetos, engenheiros e empresas que buscam soluções através de projetos inovadores que tenham impactos positivos na sociedade, na economia e no meio ambiente, e também funciona como uma startup.
— Deste modo, não é somente uma escola, mas também um laboratório onde há contato com profissionais diversos, como arquitetos e especialistas — explica o diretor.
O compartilhamento de ferramentas, o laboratório e a interação diária com o mundo dos negócios oferecem uma experiência educacional fortemente orientada para o mundo profissional.
— A nossa escola é uma iniciativa original porque não nasce dentro de uma universidade, e sim dentro de um estúdio de arquitetura. É autônoma em relação à universidade e vive em um espaço onde se efetuam projetos reais, mas também em contato com o dia a dia dos profissionais e clientes, com quem se pode falar diretamente; não é que o aluno vai ter somente a aula teórica — explica o diretor.
O ingresso se dá por meio de envio de currículo e carta de motivação, pois é importante escolher pessoas motivadas. A primeira turma contou com 15 alunos no total, em sua maioria italianos, mas também com estudantes do Japão e da Índia.
Mesmo com um variado conteúdo de cursos, existe um ponto de convergência, que acontece durante a introdução à cultura da sustentabilidade, através de diálogos e diferentes abordagens, mas compartilhando uma visão comum do futuro. Na fase seguinte, chamada de kick-off project, acontece o treinamento profissional com o uso de ferramentas avançadas. Na última fase, a Major Project, os alunos desenvolvem um projeto que ofereça uma solução inovadora para um problema específico no contexto sociocultural e ambiental, em colaboração com profissionais ou empresas.
A S.O.S. segmentou seus cursos em quatro temas-chave: o Architecture as a Social Business, em que administradores locais trabalham para recuperar grandes prédios ou áreas abandonadas nos espaços urbanos; o Post Carbon Architecture, que utiliza uma abordagem holística para selecionar as melhores estratégias ambientais a fim de evitar erros de execução e busca a excelência no design de prédios; o Right for a (Quality) Shelter, que prepara designers capazes de identificar estratégias que aumentem a capacidade de adaptação das comunidades locais; e o Blue Design, que oferece a oportunidade de definir o uso de produtos e materiais sustentáveis. Ao fim do curso, os projetos dos estudantes são examinados por um comitê externo composto por engenheiros, professores e profissionais que atuam no campo do design sustentável.
A primeira turma que acabou de se formar pela S.O.S. realizou dois projetos na Itália: um em Bolonha e o outro em Messina, na Sicília, em parceria com a Agenzia del Demanio, um instituto que administra as propriedades do Estado.
— Gosto de ensinar aos estudantes e transmitir uma cultura que é nova e ainda não se encontra nos livros. A nossa ideia é transferir o conhecimento e a experiência do escritório para a educação. Tem sido uma coisa nova para mim e estou muito contente que esteja funcionando bem — conclui o diretor, que também é professor de design ambiental.