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Próxima pedalada

24 de outubro de 2011 - Por Comunità Italiana

{mosimage}A moda eco-sustentável das bicicletas elétricas percorre a Itália com modelos de última geração que levam muitos italianos a substituirem os velhos e poluentes motorinos

Metade bicicleta, metade motorino. Basta colocar o pé no pedal e esta moderna bicicleta já sai andando sozinha. O híbrido perfeito para um país como a Itália, apaixonado pelas duas rodas motorizadas. O nome técnico é “bicicleta a pedalada assistida”, mas no jargão popular é a velha e boa bicicleta elétrica, que se modernizou, ganhou um design e um peso quase igual ao das bicicletas normais, uma autonomia de bateria de até 90 km e uma velocidade máxima de 25 km/h — o que afastou a má fama que impediu o seu desenvolvimento logo que apareceu no mercado, há algumas décadas. Com os incentivos governamentais que impulsionaram suas vendas na Itália nos últimos anos, a bicicleta elétrica está se tornando também uma opção não apenas ecológica, mas econômica em tempos de crise: sem necessidade de licença para circular, seguro obrigatório, placa e outros requisitos legais que estão tornando os motorinos cada vez mais custosos para os italianos, também não precisa de combustível, pode circular nas áreas fechadas ao tráfego e, melhor ainda, não leva multa.

Com um mercado em franca expansão, a bicicleta elétrica, que se torna uma aposta dos governantes europeus para diminuir a poluição e o tráfego nas cidades, até pouco tempo atrás possuía um público consumidor formado basicamente por idosos e pessoas com dificuldades para pedalar que optavam pelos modelos elétricos. Hoje, o principal consumidor são os trabalhadores e pais de família que buscam um meio alternativo e econômico para chegar ao local de trabalho, levar os filhos à escola e fazer compras no mercado. E temos ainda um novíssimo público que está se formando que são os jovens, que enxergam neste produto um modo moderno, sustentável e ecológico de fazer um pouco de esporte, explica o engenheiro e diretor comercial da Atala, principal fabricante de bicicletas da Itália, Massimo Panzeri, salientando o motivo porque as bicicletas elétricas se tornaram também uma moda na Itália.

Na Europa, os principais usuários das bicicletas elétricas são os alemães e os holandeses, responsáveis por mais de 70% das vendas no continente, segundo dados da revista internacional Bike Europa, especializada no mercado europeu de bicicletas. Em 2008, foram 300 mil unidades de bicicletas elétricas vendidas em toda a União Européia e em 2009 este número subiu para 400 mil, sendo 30 mil unidades apenas na Itália. A União Europeia é o segundo maior mercado consumidor de bicicletas elétricas depois da China, onde estimativas falam em 120 milhões de unidades em circulação. O público chinês, no entanto, foi praticamente obrigado a adquirir um meio de locomoção não poluente, já que muitas cidades do país asiático proibiram a venda e circulação de motos e ciclomotores à gasolina. O mercado italiano, no entanto, está em forte crescimento já que em 2010 foram 50 mil unidades vendidas, 40% a mais do que no ano anterior, a maior parte delas devido aos diversos incentivos de governos regionais e municipais, principalmente do norte do país.

Alternativa ágil

As bicicletas elétricas se dividem por lei em duas categorias. A primeira, na qual o motor auxiliar funciona apenas se o ciclista pedala, são as chamadas bicicletas a pedalada assistida, que possuem um motor de 0,25 KW de potência e velocidade máxima de 25 km/h com o motor ligado. Sensores de velocidade acoplados ao motor não deixam a bicicleta ultrapassar este limite, a não ser que o motor seja desligado. Já o segundo tipo, considerado por lei um ciclomotor e, portanto, sujeito às regras iguais as de um motorino 50 cilindradas, é uma bicicleta com um motor auxiliar que pode ser acionado mesmo que o ciclista não pedale. Normalmente possuem velocidades máximas maiores, entre 30 e 50 km/h.

Os modelos de bicicletas mais antigos possuíam as baterias a chumbo, que além de serem mais pesadas, se desgastavam com o uso e a duração da bateria diminuía progressivamente. Na China, no entanto, estas ainda são as baterias mais usadas, já que o objetivo lá é reduzir os custos. Hoje as baterias de lítio e níquel dominam a nova geração de bicicletas elétricas. Além de serem muito mais leves, permitindo aos fabricantes oferecerem bicicletas com um design igual ao de uma bicicleta normal e com poucos quilos a mais, em torno de 20 a 25 kg (as bicicletas com bateria a chumbo chegam a 35 kg), também possuem uma duração e resistência muito maiores, chegando a 500 ciclos completos de recargas (contra os 200 das baterias de chumbo). As problemáticas relativas à segurança com as baterias de lítio, que no início do desenvolvimento destes modelos criaram dúvidas sobre sua aplicabilidade, foram resolvidas e hoje são as mais confiáveis do mercado.

Os produtores garantem uma autonomia das baterias, que precisam de quatro a seis horas para recarregar ligadas na corrente elétrica, que varia entre 40 e 60 km. Alguns modelos de bicicletas possuem uma bateria de reposição, que dobra a autonomia do veículo. A maior parte das bicicletas produzidas possui também um indicador de recarga da bateria, que informa ao ciclista quando a bateria deve ser recarregada. A maior parte dos danos que a bateria de uma bicicleta pode sofrer ocorre durante as operações de recarga, o que torna importantíssimo o uso de carregadores de bateria adequados. Os preços das bicicletas elétricas na Itália variam entre 650 até três mil euros, dependendo da sofisticação dos sistemas eletrônicos instalados e dos acessórios incluídos.

De duas rodas pela bota

A fabricante Atala, com uma experiência de décadas no mercado das bicicletas tradicionais, decidiu começar a produzir os modelos elétricos há quatro anos, quando o mercado europeu começava a crescer.

— Percebemos que tínhamos as condições tecnológicas para produzir aqui na Itália as reais bicicletas elétricas, leves, com formato igual ao de uma bicicleta normal — explica Panzeri, salientando o rápido crescimento do mercado nos útimos anos e a importância dos incentivos governamentais. Um deles, do Ministério do Meio Ambiente, permitia um desconto de 30% para consumidores de toda a Itália sobre os preços de catálogos das bicicletas elétricas de lojas credenciadas. Hoje, com a forte crise econômica que abala o país, os incentivos se reduziram a níveis municipais ou regionais ou até mesmo privados, como é o caso da própria Atala, que neste mês de setembro ofereceu 25% de desconto para alguns modelos elétricos. Entre os modelos mais vendidos da Atala está o Ecostreet, um modelo de base com preço de catálogo de 820 euros. Com exportações para diversos países, como França, Alemanha e Japão, a Atala pretende em breve também desembarcar no mercado brasileiro, mas ainda sem data definida.

Um caso ainda raro de empresa privada que se destacou com um projeto de incentivo às bicicletas elétricas foi a fabricante de fraldas e absorventes Fater, com sede em Pescara, premiada em 2011 com o “Green Public Procurement” do Ministério da Economia italiano, que destaca empresas e administrações públicas que atingiram resultados importantes em projetos de fornecimento sustentável. No início de 2010, a empresa ofereceu aos seus 1.050 funcionários a possibilidade de adquirirem bicicletas elétricas para se locomoverem ao trabalho, com 70% do valor total coberto pela empresa e os outros 30% financiados sem juros. Até o momento, mais de 150 funcionários já aderiram ao projeto e a maior parte deles percorre cerca de 20 km diariamente para chegar ao trabalho, o que totaliza uma grande economia não apenas financeira, mas também de poluição produzida. Além disso, a empresa está colaborando com a administração regional para construir uma rede de ciclovias na província, que é uma das mais poluídas da Itália.

O caso de Bolzano, no extremo norte da Itália, é outro bom exemplo das reais possibilidades de se instaurarem meios de locomoção sustentáveis nas grandes cidades. Com 100 mil habitantes, a cidade já é chamada de “cidade das bicicletas elétricas”. Segundo dados referentes a 2009, as bicicletas são responsáveis por cerca de 30% do tráfego urbano na cidade em dias úteis, contra 27% dos carros. Destes 30%, quase 20% são de bicicletas elétricas. A cidade possui uma das redes de ciclovias mais longas da Europa e cidadãos empolgados em poderem se locomover diariamente em bicicletas. Cerca de 4% da população possui bicicletas elétricas, totalizando quatro mil unidades em circulação na pequena cidade do extremo norte italiano.

Um dos principais fabricantes italianos de bicicletas elétricas, a TC Mobility, produtor das marcas Frisbee e Dinghi, tem sede justamente em Bolzano, onde promove diversas atividades e incentivos à aquisição dos produtos. Em Bolzano, policiais, carteiros, enfermeiros, médicos de família e assessores municipais já se locomovem apenas com as e-bikes, como são conhecidas internacionalmente.

Guardas de e-bike

Diversas prefeituras do centro-norte da Itália já adotaram e-bikes como meio de transporte oficial para seus funcionários, principalmente os guardas municipais. Os habitantes recebem incentivos especiais para adquirirem ou alugarem uma bicicleta elétrica em Rimini, Pádua, Milão, Bérgamo e Cremona, entre tantas outras.

No centro-sul italiano, a moda da mobilidade elétrica sustentável ainda está a caminho.

— Em Roma, o mercado está crescendo rapidamente, mas o problema é a lentidão das instituições — explica Valerino Verrino, gerente da EcoVia, loja próxima ao Coliseu, em Roma, especializada nas bicicletas elétricas produzidas pela TC Mobility de Bolzano. Há um ano e meio na cidade, Verrino, que foi transferido de Bolzano justamente para promover o produto na região sul da Itália, salienta a dificuldade em atuar diante da falta de incentivos governamentais nessa região. Recentemente, a polícia municipal de Roma adquiriu através de negociações com Verrino, 20 bibicletas elétricas do modelo Frisbee Euro Sete. — Um modelo muito confiável, já utilizado por outras polícias municipais italianas — explica Verrino, que também aluga bicicletas para turistas e moradores interessados em conhecer o produto.

— A polícia de Roma entendeu que este é um meio para controlar o território muito cômodo, econômico e ágil — diz Verrino, destacando entre os acessórios um espaço exclusivo para os policiais apoiarem seus rádios.

Verrino também salienta outro tipo de público consumidor que tem crescido atualmente: os apaixonados por bicicletas. — Em Roma, por exemplo, com tantas subidas e descidas, com o modelo elétrico eles continuam usando a bicicleta para ir ao trabalho e ainda treinam um pouco — explica ele, que há quatro anos trabalha no setor.

O primeiro passo para conseguir aumentar a sensibilidade dos cidadãos em relação às bicicletas elétricas é aumentar a quantidade de ciclovias dentro de uma cidade, explica a engenheira Nadi Acunzo, do projeto GoPedelec, financiado pela União Europeia com o objetivo de promover veículos elétricos, especialmente a bicicleta a pedalada assistida, que no jargão europeu è conhecida como Pedelec (Pedal Electric Cycle). Há um ano e meio atuando na Itália, o projeto, que possui sede na cidade de Nápoles, provavelmente foi responsável pela sensibilização da prefeitura napolitana, que recentemente equipou a polícia local e assessores municipais com bicicletas elétricas.

— Nosso trabalho é organizar momentos de divulgação do produto a fim de sensibilizar cidadãos, mas, principalmente, revendedores de bicicletas, que muitas vezes não conhecem o produto e não sabem reconhecer se é um produto de qualidade — explica a engenheira. Em 2010, uma grande exposição no centro de Nápoles, uma das cidades com pior qualidade de tráfego da Itália e nenhuma ciclovia à disposição dos moradores, apresentou aos cidadãos mais de 20 modelos diferentes de e-bikes. — Algo inédito, já que muitos revendedores nunca tinham visto nenhum modelo — destaca a engenheira, que salienta — em 2011 a maior parte das prefeituras que pediram, e conseguiram, apoio do Ministério da Economia italiano, através de um projeto específico para construir ciclovias, são das regiões do sul da Itália. A região da Puglia, principalmente, tem se sobressaído muito neste sentido — ressalta Nadi.   

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.