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Raio-X permite leitura de pergaminhos de 2 mil anos queimados pela erupção do Vesúvio

Cientistas acreditam que será possível decifrar as palavras inscritas nos rolos de papiro através do uso de inteligência artificial que permite nova técnica de Raio-X. Julga-se que os pergaminhos pertenciam ao sogro do imperador romano Júlio César

Rolos de papiro carbonizados pelo calor das cinzas e do gás expelidos pelo vulcão Vesúvio podem agora ser recuperados e lidos novamente. Como? Através de uma nova técnica de Raios-X desenvolvidas por cientistas norte-americanos.

Numa noite do ano 79 d.C o vulcão Vesúvio entrou em erupção, espalhou lava e cinza ao longo de 20 quilômetros e dizimou as cidades de Pompeia e Herculano. Milhares de pessoas morreram, bem como todos os seus pertences. Os papiros de uma biblioteca da antiguidade clássica, que se pensa ter pertencido ao sogro do imperador romano Júlio César, também não resistiram à erupção do vulcão.

Mas, apesar de os pergaminhos terem ficado carbonizados há quase 2 mil anos, existe agora a possibilidade de serem recuperados. Pelo menos é essa a expectativa de um grupo de cientistas norte-americanos que está a recorrer a uma abordagem inovadora que envolve Raios-X de alta energia e Inteligência Artificial. Uma tecnologia desenvolvida pela Diamond Light Force, uma instalação científica britânica de síncroton, um tipo de acelerador de partículas.

Pergaminho Herculano carbonizado há 2.000 ano

A equipa de cientistas está a usar a técnica para decifrar dois rolos de papiro completos que ainda não foram “desenrolados” e que mais parecem dois troncos carbonizados, bem como quatro fragmentos. Pertencem ao Instituto de França, em Paris, e fazem parte de uma coleção com 1800 pergaminhos que foram descobertos em 1752 durante escavações em Herculano.

Cientistas esperam usar técnica em 900 rolos de papiro

São documentos bastante danificados e muito frágeis. “Embora seja possível ver em cada lasca do papiro que há escritos, para o abrir seria necessário que fosse muito flexível – e já não é”, afirmou o professor Brent Seales, do departamento de Ciências da Computação da Universidade de Kentucky e o responsável pela pesquisa, citado pelo The Guardian .

“A Diamond Light Source é um elemento absolutamente crucial no nosso plano a longo prazo para revelar a escrita de materiais danificados”, disse Seales, à edição britânica do jornal Metro , sobre a empresa do Reino Unido que desenvolve a tecnologia que poderá recuperar os pergaminhos.

Os rolos de papiro e os fragmentos foram digitalizados na Diamont e os dados estão a ser agora analisados.

De acordo com o jornal britânicoespecialistas já tentaram desenrolar pergaminhos ao longo dos anos através de vários métodos, mas alguns foram destruídos durante processo. Especialistas consideram que a exposição dos escritos ao ar faz com que a tinta fique desbotada.

O método implica o uso de fotografias de fragmentos, Raios-X de alta energia e uma forma de inteligência artificial. Esta técnica, que permite amplificar o sinal da tinta e torná-la visível, será aplicada nos próximos meses. Os cientistas esperam aperfeiçoar a tecnologia para que a possam repetir nos 900 rolos de papiro que estão por desenrolar.

“Não esperamos ver de imediato textos nas próximas digitalizações, mas estas vão fornecer dados que irão permitir essa visualização. Primeiro vamos ver a estrutura interna dos pergaminhos numa definição que nunca foi atingida. Precisamos desse nível de detalhe para descobrir as camadas compactadas nas quais o texto está assente”, explica Brent Seales ao jornal Metro.

Quanto ao conteúdo dos pergaminhos, os especialistas referem que na “maior parte” dos que já foram abertos pode ler-se textos da” filosofia grega a volta do Epicurismo, que era predominante na altura”, disse Seales.

Dirk Obbink, especialista em papiros da Universidade de Oxford, espera que haja trabalhos perdidos como os poemas de Safo, uma poetisa grega. Considera ainda que é possível que nos pergaminhos que a equipa de cientistas está a analisar os textos possam ser em latim. (Com informações do Diário de Notícias)