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Reconstrução

16 de fevereiro de 2011 - Por Comunità Italiana

Um dos nomes mais importantes para reerguer a Região Serrana do estado do Rio, Dom Filippo Santoro fala sobre sua experiência diante da catástrofe

Ele é figura central na tragédia que destruiu grande parte da Região Serrana do estado do Rio de Janeiro. Como principal interlocutor da igreja católica com a população dessa imensa área, sua missão é levar paz e auxiliar àqueles que perderam o material e o imaterial. Acostumado a se dedicar às questões sociais, o bispo de Petrópolis Dom Filippo Santoro diz viver “uma experiência única”. No mês passado, ele foi rapidamente aos locais afetados e muitas famílias tiveram no seuabraço o conforto e a esperança para reconstruir o que foi levado.

{mosimage}Nascido em Bari, na Itália, Dom Filippo está no Brasil há quase 27 anos e é um dos bispos mais influentes da Igreja Católica.Aos 62 anos, chegou aqui como responsável pelo Movimento Eclesial Comunhão e Libertação peloBrasil e pela América Latina (1988). Em 1996 foi nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Destacou-se também na Pastoral da Saúde, além de coordenar a Pastoral de Políticos Católicos e ser presidentedo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil do Estado do Rio de Janeiro (Conic-Rio). Em 2009, estava entre os nomes mais cotados para assumir a cadeira de arcebispo do Rio de Janeiro, quando o escolhido foi Dom Orani João Tempesta.

Em entrevista para a Comunità, Dom Filippo fala sobre a importância da fé e da solidariedade em momentos como este. “Eu ouvi: ‘Dom Filippo, eu perdi minha esposa, eu perdi meufilho, mas estou aqui para ajudar. Que bom que o senhor veio me visitar’.O que eu vou dizer?”

ComunitàItaliana – De que forma a Igreja Católica está trabalhandoem prol das vítimas da tragédia da Região Serrana?
D.Filippo Santoro – Desde as primeiras horas, quando aconteceu o desastre na nossa Diocese de Petrópolis, que compõe quatro municípios tocados pela enchente: Petrópolis, Teresópolis, São José do Vale do Rio Preto e Areal, eu fiz uma nota na qual convidava a Igrejaa colocar à disposição dos desabrigados todos os ambientes, as igrejas, os salões paroquiais, as secretarias. Muitas de nossas igrejas servem de abrigo ou como lugar onde hospedam as equipes especializadas para a reconstrução. Depois, a ajuda de tipo material, oferecendo voluntários para recolher os suprimentos que são enviados em continuação, toneladas e toneladas, caminhões que chegam às várias paróquias afetadas.É uma grande mobilização, em particular, de jovens e de umgrupo de motoqueiros que levavamas refeições nos lugares mais isolados aonde não chegavam os carros. Depois, equipes de senhoras que separavam os mantimentos quechegavam. Junto com isso, a CáritasInternacional e a Cáritas doBrasil se colocaram à disposição para oferecer toda a experiência que tiveram em desastres no Haiti e noChile. O último ponto, que é o maisimportante, é a contribuição de tipo espiritual, como sustento religioso e psicológico às pessoas que perderam tudo, às pessoas que vão procurando uma esperança para viver, uma razão para superar esse momento de dificuldade e esse é o conforto da fé, o conforto da solidariedade, o conforto do amor, que é a coisa mais importante nesse momento.

CI – Muitas pessoas perderam casas e outros bens materiais, mas muitas perderam também suas famílias. De que forma o senhor acredita que a fé e a esperança podem ser trabalhadasnesses casos?
D.Filippo – Em muitos lugares, onde as pessoas perderam tudo, a única coisa que ficou de pé foi a fé, porque no luto, se só pensarmos nas forças humanas, aí emerge o drama, a fragilidade da condição humana. Masdo outro lado, vendo que o Deusnosso não é um que fica olhando defora, mas que se fez homem e sofreua cruz, sente-se muito a companhiade Jesus. Essa sensação se faz de maneira muito clara na solidariedadeaos sobreviventes, no trabalhosem descanso dos padres, das pessoas religiosas, das pessoas leigas, dosjovens que estão ao lado daqueles que perderam tudo. O luto não foi só externo, foi interno também. Perdemosvários agentes de pastoral, por isso a fé sustenta dentro da Igreja e sustenta as pessoas que se encontram nessa situação. É um momento no qual a esperança é um fator de reconstruçãonão só da cidade, mas de reconstrução das pessoas.

CI – O  senhor tem 38 anos de sacerdócio e sempre foi muito dedicado às questões sociais. Essa  tragédia chocou o mundo e mostrou a solidariedade às vítimas.
D.Filippo – Eu senti de imediato o desejo de ajudar. No mesmo dia eu queria ir aonde a tragédia da chuva havia chegado, mas me disseram que não era possível, que se eu fosseficaria ‘ilhado’. No dia seguinte, eu visitei o Vale do Cuiabá. Sinto, naturalmente,a necessidade de estar próximo dos padres e das pessoas que sofrem. Depois fui a Teresópolis e encontrei o governador Sergio Cabral e as autoridades locais. A missãoda Igreja é também a de dialogar com os poderes públicos em nome dos desfavorecidos. Toda a nossa autoridade deve ser colocada a serviço da fé e a serviço da solidariedade.

CI – Como o senhor avalia a assistência dos governos federal e estadual com relação a essatragédia?
D.Filippo – A presença do governador foi imediata e a presidente da República também veio. Sobretudo, vejo uma intervenção positiva. É necessária uma coordenação dos trabalhos. Porém, digo sempre que o governo deve fazer a sua parte sim,mas a parte maior é a do própriopovo, que não pode esperar tudo dopoder público. As prefeituras, o governodo Estado, o Ministério da Saúde se moveram bem. É impossível resolver tudo, mas este é o momento da reconstrução. Aqui, não se pode errar. O erro aconteceu no passado, quando se deixou construir, de forma rresponsável, nas encostas. Depois, para os pobres que moram lá, não se pode dizer simplesmente: “Vão embora”. O que precisa é fazer uma política pública de planejamento urbano, oferecendo uma alternativa. Ea isso, se acrescenta também um respeitomaior pela natureza.

CI – Que experiência o senhor adquiriu com tudo isso?
D.Filippo – Essa foi uma experiência única. É como estar dentro deum terremoto. Como oferecer esperança aos padres? Como oferecer esperança às pessoas? E aí você tem uma esperança grande ou, de outra forma, na dor não se pode comunicar nada. Eu ouvi: “Dom Filippo, eu perdi minha esposa, eu perdi meu filho, mas estou aqui para ajudar.Que bom que o senhor veio me visitar”. O que eu vou dizer? Eu cresci no sentido de comunicar às pessoas de formadireta o abraço de Cristo.E isso é grande. Isso fortalece à minha pessoa e, sobretudo, confortaas pessoas que nós encontramos.

CI – A Conferência Episcopal Italiana anunciou o envio de 1 milhão de euros para atender à situação de emergência. Como funciona a distribuição desse valor?
D.Filippo – Não é dinheiro que entra em nossa conta. É dinheiro para a realização de projetos. A Conferência Italiana é muito rigorosanesta administração. Ela disponibiliza 1 milhão de euros para as duas Dioceses afetadas, Petrópolis e Nova Friburgo. Este dinheiro está disponível para a realização de projetos de reconstrução, por exemplo, para uma paróquia que teve a igreja destruída,o salão destruído, a gente faz o projeto e eles financiam. É uma forma interessante porque assim o dinheiro é todo documentado.

CI – O senhor vive o dia a dia da cidade de Petrópolis, pode noscontar como está a vida aí após essa tragédia?
D.Filippo – Em Petrópolis a tragédia ficou localizada num bairro específico de Itaipava, no Vale do Cuiabá, mas o resto da cidade está como se fosse uma ferida aberta. Porém, o centro da cidade está vivo, o centro se move e é bom queseja assim, porque isso permite a realização das atividades sociais e das atividades econômicas. Isso permite o crescimento da região. É como se a vida continuasse com uma ferida dentro do nosso coração. Sobretudo, nos locais afetados é evidente que a dor é muito grande, mas a esperança edifica coisas novas. Tem gente que perdeu tudo, mas que sustentada pela fé e pela solidariedade, está trabalhando. Esta é a hora na qual a Igreja faz um trabalho suplementar porque a ajuda de curiosos que vêm visitar está diminuindo, os voluntários ocasionais estão diminuindo . Nós estamos preparando junto com todos os padres uma série de turnos de voluntários que dão uma assistência continuada. Quando os holofotes se apagam, os voluntários ocasionais não vêm mais. Essa é a fase em queas pessoas estão feridas, com umador muito forte, mas com uma vontade de reconstruir muito grande.

 

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.