Empresa de Magliano dei Marsi está pronta para revolucionar as salas cirúrgicas mundiais com a produção de remendos feitos com tecidos animais
Não somente reciclagem de lixo, energia limpa ou enogastronomia orgânica. A green economy não tem limites e encontra espaço até nas salas cirúrgicas de clínicas e hospitais. A Assut Europe Spa, cuja fábrica fica em Magliano dei Marsi, na província de L’Aquila, está prestes a lançar no mercado um produto inovador para a medicina cirúrgica. A empresa pretende produzir remendos biológicos como alternativa aos sintéticos.
A empresa, com sede jurídica em Roma, foi fundada em 1991, e hoje tem um faturamento anual de mais de 20 milhões de euros, presente em vários países através de uma extensa rede de associados. Além da fábrica central em Abruzzo, dispõe de outras duas sedes produtivas — em Minsk, na Bielorrússia, e em Argel, na Argélia. Além disso, está ativa na França, Espanha, Reino Unido, Estados Unidos, Rússia, Tunísia, Marrocos e Alemanha. No Brasil marca presença através da associada Assut-Europe Latinoamerica, cujo escritório fica no Rio de Janeiro, no bairro de Botafogo. O grupo italiano conta com uma ampla rede de distribuição que possibilita a entrada nos mercados de muitos países.
— Somos a única empresa na Itália, e entre as pouquíssimas na Europa, a produzir suturas cirúrgicas. Esta é nossa atividade principal, que apresenta volumes produtivos do teor de cerca de dez milhões de peças por ano — explica à Comunità Mimmo Carducci, diretor da fábrica central de Magliano dei Marsi e responsável por qualidade e ambiente da Assut Europe.
A empresa inclusive oferece a distribuição de uma ampla gama de dispositivos médicos para salas cirúrgicas.
— A variedade de nossas atividades nos permitiu desenvolver uma sólida experiência e um grande conhecimento do setor, que conseguimos aplicar em nível internacional — continua Carducci.
O manager italiano revela que os negócios estão voltados 50% para o exterior e 50% para o mercado interno. Na Itália, os clientes são o setor da saúde pública, onde a Assut Europe opera através de contratos para empreiteiras, clínicas particulares e, em menor peso, distribuidores.
Liderada pelo presidente Giuseppe Longo e seu filho Maurizio, o número dois da empresa e responsável para o Brasil, a Assut Europe sempre apostou pesado na inovação, tanto que hoje orgulha-se de possuir um importante centro de pesquisa e desenvolvimento.
— A ideia de dar vida a produções sustentáveis nasceu em nossos laboratórios. A escolha, à primeira vista, pode parecer não conveniente devido aos altos custos, visto que é muito mais fácil e econômico realizar produtos similares em material sintético. Mas nós quisemos apostar no green porque temos certeza de que representa o futuro, e porque decidimos optar por uma escolha ética, com a meta de limitar o impacto do desenvolvimento no meio ambiente, para contribuir, pelo menos, em mínima parte, para a conservação do nosso ecossistema. Por sorte, não estamos sozinhos. Tal sensibilidade está cada vez mais difundida e isto é confirmado por uma fatia de mercado onde é evidente um crescimento constante — ressalta o diretor.
Remendo biológico ajuda na cicatrização e estimula o crescimento celular
O dirigente ilustra as características do novo produto da Assut com vocação green:
— Estamos criando dispositivos médicos que são remendos biológicos de origem animal, que podem ser usados para reparar tecidos moles, com uma ótima resistência para tensão. Outra característica importante é que estas matrizes biológicas ajudam no normal processo de cicatrização, estimulando a síntese protéico do tecido conetivo e um novo crescimento celular.
As vantagens são muitas, garante.
— Nossos dispositivos green, em comparação com as tradicionais próteses sintéticas, vão garantir benefícios principalmente para pacientes com contraindicações, que podem levar a um alto grau de infecções provocadas por materiais sintéticos, e poderão assegurar indiscutíveis vantagens também para todos aqueles que apresentam um baixo nível de cicatrização.
Os patches green se ajustam e adaptam ao organismo humano: as partes vivas permitem o crescimento celular e, portanto, são muito mais duráveis.
A cadeia produtiva, originada pela aposta green da Assut Europe, parece ser ágil e linear:
— Compramos restos de animais, mais precisamente, o mesotélio, um tecido que reveste, como uma fina película, a parede interna do tórax e do abdômen, e o espaço ao redor do coração dos animais, ou seja, o pericárdio bovino, o derma suíno e o pericárdio equino. Escolhemos apostar nestas três opções raciocinando a respeito das diferenças para as aplicações cirúrgicas, mas também por um cuidado de tipo cultural, visto que, em alguns dos países onde certos animais representam um valor particular.
A matéria-prima, após ser adquirida em criadouros italianos, selecionados pelo controle do Serviço Nacional Veterinário, chega às salas brancas de limpeza da empresa.
— Nas nossas clean rooms desenvolvemos os processos de produção. Partimos da retirada de bactérias e chegamos a criar produtos biocompatíveis, que se tornam um suporte para fortalecer a parede ou o elemento de preenchimento para os tecidos onde são aplicados.
Os produtos, que atualmente estão em fase de desenvolvimento dos protocolos, logo poderão ser lançados no mercado.
— A validação já está na fase final. Acreditamos que o objetivo de começar a produção até o final de 2015 seja facilmente alcançável — confirma o diretor da fábrica italiana.
Empresa aposta no mercado brasileiro através da sede no Rio, apesar dos altos impostos de importação
O mercado brasileiro representou uma das primeiras apostas da Assut Europe em nível internacional.
— A sede do Rio foi uma das primeiras a serem inauguradas, há cerca de dez anos, através da nossa associada. O Brasil é um país onde, apesar do elevado grau de protecionismo por causa dos altos custos alfandegários, estamos indo muito bem, tanto com os produtos da marca Assut, quanto com aqueles que distribuímos — esclarece Carducci.
O país poderia revelar-se uma nova fronteira para a empresa italiana:
— Para nós, o Brasil é um mercado de referência de absoluta importância, um mercado que já conseguimos penetrar e no qual logo iremos apostar, com uma convicção ainda maior, para difundir nossos patches green. Estamos torcendo para que a grande atenção que o Brasil reserva à economia verde possa favorecer a difusão de nossos produtos.
A abordagem sustentável da Assut Europe não se limita à inovação do produto, mas se estende também ao ambiente de produção, que apresenta máquinas de altíssima eficiência energética e elevado conteúdo tecnológico.
— Nosso cartão de visitas é a fábrica de Magliano dei Marsi, construída em uma área de mais de 10 mil metros quadrados, onde encontram-se instrumentos hi-tech, o centro de pesquisa e desenvolvimento e o novo ambiente de produção, dedicado exclusivamente aos patches green, de 250 metros quadrados, caracterizado como sala Iso 7.
O diretor de meio ambiente da Assut Europe está pronto para apostar no verde no futuro:
— Continuaremos apostando no verde, mas gostamos de fazer uma coisa de cada vez, para fazer tudo da forma melhor. Antes, vamos finalizar as operações ligadas às nossas matrizes biológicas e, depois, vamos nos dedicar a intervenções nos processos de produção que, na realidade, por si sós, não apresentam um impacto muito elevado no meio ambiente. Temos a intenção de torná-los ainda mais calibrados pelo conceito de sustentabilidade ambiental — finaliza.