Líder do PD intensifica manobras de bastidor, tentando se reaproximar de ala contrária a ele no partido e de membros do Liberi e Uguali
DA REDAÇÃO
“Não haverá um passo para trás”. A pragmática frase é de Matteo Renzi, do Partido Democrático. Mesmo que o PD sofra um golpe ao registrar menos de 20% nas urnas, Renzi diz que não se demitirá. “Sou o secretário eleito pelas primárias”, afirma o líder do PD. Renzi mandou um recado para os adversários de outros partidos, mas também para os do próprio PD e do Liberi e Uguali (LeU), cuja maioria é dissidente dos democratas. Por trás do discurso, a intenção de acolhê-los em uma única base política pós-eleição.
Caso Renzi consiga isso, estará promovendo uma grande reviravolta na centro-esquerda. Ele está convencido de que o LeU não pode permanecer sozinho porque ainda não terá volume político a curto prazo. Mas deixa claro que o território está bem demarcado: “Não somos [do PD] representantes de uma democracia proletária”.
Em suma, a partir do dia 5 de março Renzi terá de enfrentar adversários internos e externos que gostariam de se livrar politicamente dele. O ex-premier está ciente disso, contudo se mantém convicto de que os piores desejos de seus inimigos não se tornarão realidade. As pesquisas mostram que Renzi pode estar errado, e ele sabe que as manifestações mais ruidosas contra ele durante a campanha eleitoral podem ter surtido um efeito indesejável. Ou o PD sai vitorioso das urnas, ou amargará um longo tempo em um segundo patamar político no país. “Devemos guiar o jogo, porque caso contrário, nos condenaremos a ser derrotados pelo menos nos próximos dez anos”, reconheceu Renzi.
Com Silvio Berlusconi, o choque é difícil, mas sempre dentro dos limites civilizatórios. Renzi e Berlusconi não estão vociferando um contra o outro nessa reta final de campanha. É fato. Durante uma entrevista à Sky TV, Renzi desejou “boa sorte” ao rival político e disse não coadunar com a propagação do ódio na corrida eleitoral. Jogou para a plateia, naturalmente.