Após estrear na França e nos Estados Unidos, chega à Itália a última novidade da economia colaborativa: uma plataforma que permite compartilhar carros entre particulares

Após compartilhar o imóvel com a Airbnb, os escritórios através do sistema coworking e as viagens com BlaBlaCar, a última fronteira da economia colaborativa já tem nome: Auting. A ferramenta está prestes a chegar à Itália. Desenvolvida por uma equipe de jovens empresários italianos, permite alugar carros particulares diretamente, entre o proprietário e o motorista. Desta forma, quem possui um veículo que fica a maioria do tempo parado na garagem poderá alugá-lo a quem dele necessita, como estudantes, trabalhadores e turistas, entre outros.
— O espírito que nos anima é a filosofia da economia compartilhada, ou seja, a ideia de proporcionar um bem que, de outra forma, não seria plenamente explorado. Assim, há dois anos, nasceu o projeto Auting, que tecnicamente se define como car sharing peer-to-peer. Na Itália, há 38 milhões de carros e a relação de carro por habitante é a mais elevada da Europa. O carro permanece estacionado em média 90-95% de sua vida útil e o custo médio anual por possuir um carro é de cerca sete mil euros — afirma à Comunità Ludovico De Giudici, um dos idealizadores do portal, que estará ativo a partir de fevereiro.
De acordo com ele, compartilhar automóveis entre particulares tem um impacto urbano: para cada carro compartilhado, se eliminam mais de 10 veículos das estradas, facilitando a procura do estacionamento, entre outras coisas.

Mais barato que as locadoras de carro
Auting é diferente dos atuais serviços de car sharing — empresas que disponibilizam uma frota de carros para aluguel de curto prazo — porque coloca em contato direto o cidadão que utiliza pouco o seu carro com outra pessoa que não possui automóvel. Entre as vantagens, o proprietário reduz os custos anuais do veículo e o usuário tem uma economia de quase 30% comparada com os valores das locadoras tradicionais.
De Giudici explica que proprietário e motorista do carro têm um seguro que cobre todos os riscos de danos e roubo ao veículo e à pessoa, além de um serviço de assistência rodoviária durante toda a viagem.
— Um dos passos mais desafiadores foi superar as dificuldades legislativas e de seguro que haviam impedido o nascimento do projeto, mas hoje podemos dizer que o car sharing peer-to-peer é possível na Itália — anuncia o empresário.
O funcionamento é simples e o processo para registrar o próprio carro no portal é rápido e intuitivo. O proprietário deve cadastrar o seu veículo com fotos e descrição, estabelecer o preço para o aluguel, indicar as datas disponíveis e o lugar de encontro para entregar o carro.
— Nós aconselhamos um preço de referência de acordo com as características do veículo, mas o proprietário tem o controle completo sobre sua oferta — explica De Giudici.
Por sua vez, o motorista insere o endereço e escolhe entre os carros disponíveis o que melhor atende às suas exigências. O proprietário avalia o pedido e entra em contato com o motorista para combinar a entrega do veículo. Auting cobra uma comissão que cobre o custo do serviço e o seguro.
Proprietários e motoristas contam com um sistema de avaliação dos usuários.
— A community é um fator fundamental do serviço. O aspecto relacional e os comentários são a maneira através da qual os cidadãos podem confiar nas pessoas dentro da comunidade. Ao final da viagem, proprietário e motorista podem avaliar-se reciprocamente com uma pontuação e um comentário — relata o fundador de Auting.
Ao ser perguntado sobre as vantagens do serviço comparado com uma locadora de carros, De Giudici destaca a proximidade do veículo: o motorista pode encontrar um veículo disponível perto de casa ou do seu escritório e pode reservá-lo com antecedência.
— Além disso, proprietário e motorista se organizam de forma mais conveniente e natural através de um bate-papo interno — frisa o empresário.
Os turistas estrangeiros também podem usar o serviço. A única exigência é ter uma habilitação válida para dirigir no país.
— Auting estará disponível em toda a Itália, mas no início nos concentraremos em Bolonha, Milão, Turim e Rimini, por serem as cidades mais preparadas para essa mudança de paradigma — finaliza De Giudici.