O novo presidente de Confindustria defende o aumento dos salários junto com o crescimento da produtividade e a redução dos impostos sobre os prêmios de produção

Para o atual presidente da Confindustria, Confederação Geral da Indústria Italiana, “a política é feita de escolhas e opções e, especialmente, de prioridades que eu defino como corresponsabilidades”. Durante encontro recente com os jornalistas estrangeiros na Associazione della Stampa Estera, em Roma, Vincenzo Boccia explicou a sua visão para o crescimento da Itália.
— Conscientes de que os recursos econômicos não são muitos, se nós escolhermos instrumentos seletivos que possam ajudar o crescimento, podemos fazer coisas positivas. Nós identificamos três aspectos. O primeiro é a produtividade. O segundo é a reativação dos investimentos privados, e finalmente, o terceiro é o financiamento para empresas numa lógica de cultura nova do capitalismo italiano — disse.
Segundo Boccia, a produtividade deve crescer no mesmo passo que o salário.
— A competitividade da indústria italiana deve recuperar a produtividade e também aprender a trocar salário com produtividade. Os salários podem aumentar, na condição de que a produtividade da empresa cresça mais. Além disso, na Itália, é preciso diminuir os impostos dos prêmios de produção — destacou Boccia, um firme defensor da estabilidade do governo, para quem o destino das empresas está “indissoluvelmente ligado ao país ao qual pertencem e, sem um país estável, não se pode crescer”.

Privatizações em geral são bem-vindas, mas quando são em setores estratégicos “vale a pena refletir”
Perguntado sobre a possível participação do capital italiano no plano brasileiro de privatizações e concessões, o industrial europeu assinala:
— Nós ainda não tivemos contato direto com o Brasil, mas o governo nos assinalou para dedicar atenção ao Brasil. Em breve vamos nos reunir para avaliar o que fazer no sentido macroeconômico. Eu fui eleito em maio, e em setembro foi eleito o vice-presidente para as relações internacionais da Confindustria (Licia Mattioli, ndr) que se ocupará das prioridades das nossas missões — disse Boccia à Comunità.
Ele afirma desconhecer os detalhes do plano brasileiro, mas, de modo geral é favorável às privatizações.
— Por definição, nós vemos as privatizações como positivas porque significam reduzir a presença do Estado e recuperar recursos para atividades que podem incrementar o desenvolvimento. Gostaria de fazer duas considerações: as privatizações têm que respeitar o nível de reciprocidade, porque se um país privatiza e os outros o fazem de maneira mais rígida, corre-se o risco de criar um desequilíbrio. Além disso, em alguns setores estratégicos, acho que vale a pena refletir porque representam um alicerce importante na economia de um país. Numa lógica laica, não dogmática, abre-se um período de privatizações em setores que não são fundamentais e estratégicos na política de um país.
Vincenzo Boccia foi eleito presidente da Confindustria em maio de 2016. Seu mandato vai durar quatro anos. Nascido em Salerno em 1964, é graduado em Economia e Comércio. Ele é CEO da Arti Grafiche Boccia, que opera no sector gráfico há mais de 50 anos. A empresa familiar começou com a intuição de seu pai, Orazio Boccia, e tem atualmente 160 funcionários e um volume de negócios de mais de 40 milhões de euros, dos quais um terço proveniente do exterior. Possui escritórios na França, Alemanha, Dinamarca e Líbano.

Pequena indústria com orgulho, mas o “pequena” é para ser superada
Boccia desempenhou um papel forte na pequena indústria italiana. Em 2003, foi eleito presidente regional da Campânia e, em 2005, vice-presidente nacional. Em 2009, assumiu o cargo de presidente nacional da Piccola Industria e, por direito, o de vice-presidente da Confindustria. Entrou na Comissão de reforma presidida por Carlo Pesenti, que projetou a nova estrutura organizacional do sistema. Posteriormente, foi nomeado como membro da Comissão para a Implementação da Reforma Pesenti, que reescreveu o estatuto da confederação.
— Fazer parte da pequena indústria é interessante, mas “pequena” é uma condição a ser superada — finalizou o presidente da Confindustria.