{mosimage}Missão de vinicultores de uma das mais belas províncias da Campânia desembarca este mês em três cidades para mostrar a excelência de um vinho ainda pouco conhecido no país, cuja origem remonta aos antigos gregos
Os vinicultores de Salerno, uma das regiões mais bonitas da Itália, marcada pelo mar e por verdes montes, símbolo da dieta mediterrânea, apostam no Brasil. Uma missão aporta este mês em três cidades — São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro — e pretende tornar mais conhecidos os vinhos produzidos no parque natural do Cilento e zonas próximas, onde uma grande parte das vinícolas tem origem familiar e cultiva uvas sem pesticidas.
É o caso da Lunarossa – Vini e Passione, situada próximo aos montes Picentini, de frente para o Golfo de Salerno, em uma região chamada Giffone Valle Piana. Produtora de 50 mil garrafas por ano, já exporta tintos, brancos e rosados para países fora da Europa, como o Japão, fazendo uso da agricultura biológica, ou seja, sem agrotóxicos. O proprietário Mario Mazzitelli, que também é enólogo, conta que escolheu participar da missão promovida pela Província de Salerno, em conjunto com Câmara de Comércio e a Enoteca da região, pois o mercado brasileiro parece ser o mais “interessante da América do Sul”.
— No continente sul-americano, vivem muitos italianos, e o made in Italy é sempre apreciado. Queremos abrir uma porta nesse mercado emergente — afirmou à Comunità Mario Mazzitelli, às vésperas de embarcar para Verona para o Vinitaly, que aconteceu de 7 a 10 de abril.
O objetivo da missão Os vinhos de Salerno no novo mundo é promover não apenas os vinhos, como também o território da província de Salerno com suas produções típicas. A iniciativa é da Província de Salerno, dentro de um programa financiado pelo Ministério italiano das Políticas Agrícolas e pela Região da Campânia. A programação dura uma semana, com uma intensa agenda que inclui a participação na maior feira brasileira de vinhos, a Expovinis, em São Paulo, na qual os produtores italianos apostam suas fichas. Em 2012, o evento reuniu mais de 400 expositores, atraiu cerca de 19 mil visitantes e abriu 60 mil garrafas de vinho. Este ano, os organizadores pretendem expor cerca de 5 mil rótulos nacionais e importados. Será uma espécie de vitrine para rótulos italianos ainda pouco conhecidos no país, a exemplo do branco Costacielo Igt Campania, da vinícola de Mazzitelli.
Compradores dispostos a apostar em um nicho de mercado são o alvo de Mila Vuolo, a proprietária da vinícola homônima situada na coluna Giove, a poucos quilômetros da capital da província. Com 10 anos de existência e 15 mil garrafas por ano, a empresa produz um vinho de alta qualidade em meio a vinhedos que seguem a agricultura orgânica.
— Procuramos compradores interessados em um produto muito especial, como a alta gastronomia, ou então clubes privados. Enfim, uma clientela exigente — comenta Mila Vuolo, que vem pela primeira vez ao Brasil.
A viticultora explica que o seu tinto e encorpado aglianico Igp Colli di Salerno é ideal para acompanhar frituras, carnes, queijos e pratos temperados, enquanto o Fiano branco combina com queijos leves, primi piatti como massas e carnes brancas em geral. Além disso, a empresa produz um azeite extravirgem orgânico Olio Vuolo, cuja amostra ela também pretende trazer.
Variedade de uvas, maresia e terra rica em calcário dão origem a um vinho especial
Outra vinícola de referência, cujos rótulos os brasileiros terão a oportunidade de conhecer, é a San Salvatore 1988, de Giuseppe Pagano, situada no parque do Cilento e conhecida por produzir vinhos e azeites biológicos de alta qualidade. A empresa vai mostrar o branco Trentenare Igt Paestum e o tinto Jungano Igp Paestum durante a missão no Rio, em São Paulo e na capital mineira.
Já a Verrone Viticoltori escolheu para mostrar aos potenciais compradores brasileiros o rosado Girapoggio Igp Paestum e o tinto Girapoggio DOC Cilento. O pai do atual administrador Paolo Verrone fundou a empresa em 1967. Hoje, produz 50 mil garrafas por ano.
— O mercado italiano está saturado. Mas há um grande interesse no exterior. Isso também se deve ao fato de que o nosso vinho é diferente da maioria, diferente dos mais comuns e fáceis de se encontrar — analisa Paolo.
Ele explica que a variedade das uvas, a geografia e o clima de Salerno fazem com que o resultado final seja um produto único.
— A variedade de uvas que possuímos não é encontrada em outras províncias da Campânia. Temos a proximidade do mar e nosso terreno é rico em calcário, o que confere características especiais ao vinho, como frescor e a sensação de salgado por causa da maresia. E as temperaturas não são tão altas como na Sicília, então o nível alcoólico não é tão elevado.
A safra de 2012 foi marcada por ocorrências específicas durante a estação, com pouca água e muito sol, explicam os produtores.
— Isto determinou muita concentração e um grau alcoólico reforçado. As uvas que mais sofreram foram as brancas. Mesmo assim, conseguimos obter um bom vinho branco e ótimos tintos, mas, para avaliar realmente, ainda é cedo. Ainda precisamos terminar o envelhecimento e colocá-lo na garrafa para depois entender como é o vinho de fato — explica à Comunità Mario Mazzitelli, da Lunarossa.
Em São Paulo, Rio e BH
A missão chega ao Brasil primeiramente na capital paulista, em 24 de abril, quando os viticultores salernitanos já estarão no Expo Center Norte para a 17ª edição da Expovinis, onde marcam presença até o dia 26. De lá, seguem para a capital mineira, onde promovem uma tarde de degustação no Automóvel Clube de Belo Horizonte. No dia 29 de abril, no Rio, participam de encontros com importadores e degustações, com o apoio da Câmara Ítalo-brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura do Rio.
Excelência em turismo e enogastronomia
Entre o Cilento e o mar Tirreno, Salerno apresenta uma das mais belas regiões litorâneas do mundo, em um conjunto que une um patrimônio histórico do período da ocupação grega e romana e uma paisagem natural de tirar o fôlego, com a Costa Amalfitana e Cilentana, e os montes do parque nacional do Cilento e Vale do Diano — Patrimônios da Humanidade. A cidade de Paestum é imperdível para quem gosta de história, com um sítio arqueológico que reúne três templos da época da Magna Grécia. Foram os antigos gregos, aliás, que trouxeram para a península as técnicas do cultivo e produção do vinho que hoje deliciam autóctones e turistas. A Unesco ressalta que os assentamentos ao longo de suas cadeias montanhosas de orientação leste-oeste retratam nitidamente a evolução histórica da região, que constituía uma rota importante não apenas para o comércio, como também para as trocas culturais e políticas de um longo período que vai da pré-história à Idade Média. A região virou símbolo internacional da dieta mediterrânea a partir da publicação do livro do médico norte-americano Ancel Keys, How to eat well and stay well, the mediterranean way (Como alimentar-se bem e sentir-se bem, à maneira mediterrânea). Ao desembarcar em Salerno, em 1945, Keys observou a alimentação da população local e constatou que as doenças cardiovasculares, tão comuns em seu país natal, ali eram muito reduzidas.
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