Comunità Italiana

Salto alto

Associação ajuda mulheres a valorizar seus talentos na disparidade do mercado de trabalho italiano

{mosimage}As mulheres na Itália estão muito longe da igualdade. Entre os países industrializados no ocidente, a Itália é um dos mais machistas, quase na lanterna da fila da retribuição salarial: 27º lugar, entre os 30. O problema não diz respeito apenas a valor nominal da hora trabalhada em comparação ao homem, mas entre as próprias colegas de outras nações. Essa diferença o briga muitas delas a fazerem contas com a ajuda de familiares, além dos próprios companheiros, quando eles existem.

 

Os dados do Banco da Itália não deixam dúvidas sobre o empobrecimento e a discriminação que recaem sobre os ombros femininos.Uma mulher italiana ganha, em média, 1.221 euros por mês, enquanto um homem recebe 1.553. Este valor é 21,4% inferior e é mais baixo do que a diferença de 19,1%, de dez anos atrás. A conciliação entre o trabalho e a casa e, a ausência de suporte público para as italianas aumentam a injustiça social. Num território dominado pelo descaso, nasce “Valore D, Mulheres na Cúpula para as Empresas do Amanhã”,para dar uma força à ascensão feminina ao poder nas empresas.

A associação tem como objetivo ajudar o crescimento profissional e pessoal das mulheres em carreira dentro das empresas. Ela foi criada para fomentar uma cultura empresariale ensinar a quem precisa ase valorizar diante de um muro de preconceito.

— A falta de uma legislação nos obriga a criar soluções para que a  mulher possa expressar todo o seu potencial além de promover uma mudança cultural no campo da empresa,conquistando o espaço por méritospróprios — explica a presidente de Valore D, Alessandra Perrazzelli.

A mulher italiana ocupa aproximadamente 47% do mercadode trabalho, contra a presença de 53% dos homens. A conta começa a piorar quando se descobre que 60% das mulheres possuem o grau universitário, mas não conseguem avançar na carreira. Chegar ao topo de uma empresa é quase uma utopia. Apenas 4% dos conselhos de administração de empresas da Itália possuem mulheres, contra 47% na Noruega e 11% na média europeia. A associação Valore D chega para fornecer instrumentos de comportamento e de conhecimento para ajudar mulheres imprensadas entre o sentimento de culpa pela família e a guerra dos sexos dentro do ambiente de trabalho

— Durante um ano damos uma consultoria pessoal a quem nos procura. Temos um mentor que acompanha e orienta os passos da cliente rumo ao objetivo de ser reconhecida e de valer os seus direitos sem colocar em risco o seu percurso profissional — diz Alessandra.

O caminho inclui a participação em debates e palestras realizadas por mulheres que venceram obstáculos, encontros com um tutor que acompanha a escalada da candidatae o acesso a uma coletânea de casos de práticas empresariais.

Pesquisas apontam que a exclusão das mulheres é nocivaà sociedade. A ausência de políticas de paridade compromete o desenvolvimento do país do sentido demográfico ao econômico.

— As grandes empresas já perceberam a importância da mulher em cargos estratégicos — conta a responsável por Valore D.

Em menos de dois anos da criação, a associação conta com 36 empresas na carteira de clientes, ao custo de 10 a 15 mil euros anuais de cota. Entre eles estão Microsoft, Intesa, Jhonson&Jhonson, Enel, GeneralEletric, Luxottica, Unicredit Group,Vodafone, com um universo de dependentes da ordem de200 mil. Neste período Valore D apurou que 69% das entrevistadas declaram precisar mostrar a capacidade de trabalho além do que os homens, 57% acham que se existissem mais mulheres no topo da pirâmide menos difícil seria a estrada para chegar no alto, 73% das mulheres empregadas não possuem filhos, contra 47% dos homens, e 70% percebem a maternidade como um obstáculo à carreira.

A Valore D atua como um catalisador de ideias e de orientação. E pelo visto vai ter muito trabalho pela frente. Segundo o Fórum Econômico Mundial, ocorrido em outubro, no quesito de participação  no mercado de trabalho, a Itália ocupa o 87º lugar mundial e o 121ºno que diz respeito ao direito de conquistar uma posição de liderança. No tratamento dispensado à mulher o país ocupa o 74º lugar, atrás da Colômbia, do Peru e do Vietnã. Outros números colocam a mulher italiana na pré-história: apenas 45% trabalham fora de casa, menor índice de toda a Europa,contra 72% das inglesas e 80% das norueguesas. No meio rural, aitaliana enfrenta ainda mais preconceito em conseguir um trabalho.

E uma pesquisa da Associação Italiana dos Donos de Casa alerta que 95% dos homens nunca usaram uma máquina de lavar. Roupa suja se lava em casa, mas, por que apenas as mulheres devem fazer este trabalho?