O ministro do Interior e vice-presidente da Itália, Matteo Salvini, afirmou nesta sexta-feira (8) que quem governa na França “tem as ideias um pouco confusas”, ao se referir à política sobre imigração do governo francês, um dos motivos da tensão existente entre Roma e Paris.
“Podemos viver sem a França, mas não sem os franceses, que são um povo estupendo. Evidentemente, quem está governando tem as ideias um pouco confusas”, disse Salvini em declarações à imprensa na região de Abruzos, no centro do país.
O líder do partido Liga, de extrema-direita, fez esses comentários ao falar sobre a decisão da França de não receber os imigrantes que desembarcaram do navio Sea Watch, que tinha se comprometido a receber como parte de um acordo entre vários países europeus para a distribuição dos resgatados.
Segundo informaram hoje fontes do Ministério do Interior da Itália, o governo francês mudou de ideia e informou à parte italiana que “só aceitará as pessoas que precisam de proteção e não os imigrantes econômicos”.
A Itália permitiu no dia 31 de janeiro o desembarque de 47 imigrantes resgatados pelo navio Sea Watch, que estava bloqueado no mar há 12 dias à espera de um porto para atracar, depois que vários países da UE se comprometeram a distribuir entre si essas pessoas.
As fontes do ministério italiano também assinalaram que a França comunicou que apoiará a Itália para solicitar uma repatriação mais efetiva para alguns países africanos, começando pelo Senegal.
“Agora esperamos que Paris mostre boa vontade com ações, cooperando para a repatriação de dezenas de senegaleses imigrantes ilegais que estão em território italiano o mais rápido possível”.
As críticas de Salvini à política de imigração francesa acontecem em meio à mais grave crise diplomática entre os dois países desde a Segunda Guerra Mundial, que levou o governo francês a chamar seu embaixador em Roma para consultas.
O estopim dessa decisão foi a reunião que o outro vice-primeiro-ministro italiano, Luigi Di Maio, líder do antissistema Movimento Cinco Estrelas (M5S), manteve com integrantes do grupo “coletes amarelos”, que realizam protestos contra o governo desde novembro, algo considerado inadmissível pela administração de Emmanuel Macron.
Salvini informou que se reunirá em Roma na próxima semana com o ministro do Interior francês para “resolver a situação” e disse que a França “rejeitou 60 mil imigrantes nos últimos dois anos”.
“Cada um responde à sua própria consciência e eu estou contente com o que fizemos”, frisou Salvini.
“Esta manhã me levantei contente porque, pela primeira vez, o número de expulsões supera o de chegadas”, disse o líder do Liga, ao citar os números registrados desde o princípio deste ano, de 202 imigrantes desembarcados e 692 expulsos. (EFE)