Atualmente, a Itália repatria cerca de 6 mil imigrantes por ano, mas o problema é que, para mandá-los para casa, é preciso ter acordos com os países de origem. Até agora, Roma assinou tratados do tipo com cinco nações: Tunísia, Egito, Nigéria, Sudão e Gâmbia.
Para aumentar a eficácia desses compromissos, no entanto, é preciso dinheiro, e Salvini já tem uma ideia de onde tirar os recursos. “Gostaria de dar uma bela tesourada naqueles 5 bilhões de euros [destinados ao acolhimento], que me parecem muito”, declarou.
O contrato de governo entre Movimento 5 Estrelas e Liga estima em 500 mil o número de imigrantes clandestinos vivendo na Itália, onde já se prenunciam eventuais batalhas com a Igreja Católica, defensora do acolhimento de refugiados e migrantes forçados.
“Comecei a cultivar úteis e numerosas relações com expoentes do mundo católico. Trabalharemos juntos, os surpreenderemos, encontraremos convergências”, minimizou o novo ministro do Interior, que durante a campanha havia jurado sobre o Evangelho.
“Com eles [os católicos], há muito mais proximidades do que distâncias, porque o acolhimento, dentro de limites e regras, é do interesse de todos”, acrescentou. Salvini pode levar suas políticas para o debate europeu já na próxima terça-feira (5), quando haverá uma reunião dos ministros do Interior da União Europeia em Luxemburgo.
Sua presença ainda não foi confirmada devido ao voto de confiança do Senado para o novo governo, marcado para o mesmo dia, mas o representante da Itália, seja Salvini, seja outro, deve insistir na reforma da Convenção de Dublin, que concentra o peso do acolhimento nos países por onde os migrantes entram na UE.
Enquanto isso, a Áustria reforçou novamente os controles de fronteira em Brennero, enviando mais patrulhas de polícia para desestimular travessias clandestinas pelas montanhas. Atualmente, equipes trilaterais – Áustria, Alemanha e Itália – já atuam na região, mas a chegada do verão europeu costuma elevar os fluxos migratórios.
Apesar das promessas de “pulso firme”, a chegada de migrantes forçados à Itália já vem caindo drasticamente e acumula uma redução de 80% nos primeiros cinco meses do ano: de 60.228 em 2017 para 13.147 em 2018.