Comunità Italiana

Sambuca, o licor com benefícios que vão além dos seus 42 graus

foto per Aviorec srl di Giacomo Cestra

 

A antiga bebida produzida no Lácio é rica em propriedades medicinais

Sambuca é um licor de Sambucus nigra e anis típico da região do Lácio. Alguns preferem tomá-lo puro em um pequeno cálice depois das refeições por causa das suas propriedades benéficas que ajudam a digestão. Outros optam por misturá-lo com café, o chamado “café correto”. Mas também pode ser tomado como aperitivo, pois, ao se adicionar gelo, ocorre uma alquimia: o líquido transparente torna-se turvo e leitoso, com um sabor suave e um aroma de flores silvestres.

A sambuca originalmente é incolor. Sua variedade mais comum é conhecida como sambuca branca, como forma de diferenciá-la de outras variedades, como a de coloração azul-marinho (sambuca negra) ou a vermelho-claro (sambuca vermelha). O licor contém óleos essenciais obtidos da estrela-de-anis (Illicium verum), que lhe dão um forte sabor de anis. Os óleos são acrescentados ao álcool puro com uma solução concentrada de açúcar e outras ervas. O seu teor alcoólico é de 42%.

Por trás da sambuca existe uma história milenar que começou durante a Idade Média, no século XIII, com os monges Certosinos na Cartuxa de Trisulti (na região de Lácio, a 70 quilômetros de Roma, perto da antiga cidade de Alatri). Através do uso de ervas medicinais, eles criaram a bebida de anis verde com açúcar e infusão de flores de sabugueiro, que tomou o nome de sambuca por volta de 1830. Hoje, na Itália, existem diversos produtores, mas a Liquoreria Marco Sarandrea é a única fiel
à antiga receita controlada e certificada, que contém o destilado de flores frescas de sabugueiro, sem aditivos sintéticos. A família é ligada ao monge Paolo Sarandrea que, em 1918, começou a produção do licor seguindo à risca tradições.

— A destilaria já existia desde o final do século XIX com o meu bisavô Valentino, mas era uma produção muito pequena e artesanal. Depois da Primeira Guerra Mundial, o frei capucino Paolo Sarandrea, junto com o seu irmão Marco, meu avô, decidiu incrementar as atividades. Paolo tinha grande conhecimento de botânica e produtos medicinais e aplicou seus estudos inserindo as ervas medicinais nos licores de tradição monástica — contou Marco Sarandrea à Comunità.

Em 1961, o papa João XXIII, depois de degustar a sambuca, autorizou a Liquoreria Marco Sarandrea a ter o título de “Empresa fornecedora do Estado Vaticano”.

Destilaria completou este ano um século de existência

Em 11 de agosto, a destilaria comemorou 100 anos com uma grande festa na praça central da cidade de Collepardo, na província de Frosinone, no Lácio. Na ocasião, o público pôde visitar a fábrica e o laboratório Sarandrea.

Marco Sarandrea, que é também botânico e professor universitário, explicou que a sua atividade não se limita à produção de bebidas destiladas.

— Nosso princípio é valorizar os excelentes produtos locais encontrados só aqui no nosso território. Depois de estudar as ervas aromáticas contidas nas bebidas, a partir de 1989, decidimos ampliar as atividades para a fabricação de produtos de fitoterapia, usando os extratos das mesmas plantas contidas nos licores. Estas plantas contêm importantes propriedades benéficas para a saúde humana — explicou Sarandrea.

Os estudos científicos são feitos em parceria com importantes universidades italianas como Tor Vergata e a Sapienza de Roma. Marco Sarandrea ressaltou que os integradores alimentares são derivados somente de plantas locais.

— Controlamos rigorosamente a produção. Somos nós que cultivamos as plantas e extraímos as essências. Fornecemos nossos extratos para várias indústrias de cosmética ou para as farmacêuticas que utilizam os princípios da fitoterapia — contou.

Além de dar aulas em diversas universidades, há 28 anos, Marco Sarandrea organiza cursos para todos os tipos de pessoas interessadas em ampliar o conhecimento em plantas medicinais, desde médicos e farmacêuticos a apaixonados por botânica medicinal.

— As pessoas aprendem não apenas lições teóricas sobre as propriedades medicinais de cada planta. Elas têm a oportunidade de ir ao campo reconhecer as ervas que muitas vezes se encontram nos próprios jardins de casa. Fazemos também cursos especializados, em que participam alunos de universidades internacionais dos Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra. Eles vêm aqui a Collepardo para se atualizar com nossas pesquisas científicas. Com o tempo, Collepardo passou a ser conhecida como a cidade das ervas.