A 58ª edição do festival da canção italiana de Sanremo começa hoje junto com uma série de propagandas políticas para as eleições legislativas de abril e previsões de 40 milhões de euros em arrecadações publicitárias para televisão.
Pippo Baudo, apresentador do festival desde 1968, desta vez recebe a companhia de Piero Chiambretti, famoso comediante conhecido por seu humor sarcástico em relação à política.
"We can! We can! Este será o festival das alianças amplas", anunciou Chiambretti, lembrando em tom de humor o modo como o candidato de centro-esquerda, Walter Veltroni, tem comparado sua campanha à de Barack Obama, assim como um dos temas mais discutidos da campanha: a possibilidade de uma aliança entre os dois pólos.
Comentando as diferenças entre ele e Baudo (dando ênfase para a altura), Chiambretti disse que "se no Partido Democrata a católica Binetti pode estar com a radical Bonino, então eu também posso agüentar o meu novo sócio".
As reclamações da centro-esquerda chegaram assim que um jornal direitista, Il Giornale, acusou Baudo de favorecer canções com temáticas "progressistas" em um papel de diretor artístico do festival, hipótese que o veterano apresentador tem negado taxativamente.
"É uma acusação sem sentido", disse Baudo, após recordar que a seleção das canções aconteceu antes da dissolução da câmara e da convocação das eleições, e acrescentou que "na minha opinião os temas sociais que aparecem nas letras interessam tanto à esquerda coma à direita, porque têm a ver com toda a sociedade italiana, que se preocupa com os temas sociais verdadeiros".
Além dos temas sociais estão presentes os econômicos: o Festival de Sanremo este ano se apresentou deliberadamente austero e econômico, como demonstra a notícia de que não se quis convidar como "estrela de honra" o ator norte-americano Johnny Depp porque o preço cobrado por seu empresário foi muito caro.
"Sanremo nunca gera perdas à empresa, ao contrário de outros espetáculos, como o futebol, em que as altas porcentagens de público não significam arrecadação elevada", declarou Fabrizio Del Noce, diretor da Rai Uno, o primeiro canal público da RAI, que sempre organizou o festival.
Del Noce disse que era verdadeira a cifra de 40 milhões de euros arrecadados com publicidade para a RAI que foi projetada hoje pelo jornal econômico Sole 24 Ore, e destacou que "os investimentos estão lá e demonstra que quando se põe à venda espaços publicitários eles somem, o que mostra que o festival segue sendo algo vivo".
Fonte: Ansa