Festival de Cinema Italiano exibe pela primeira vez no Brasil o filme de Claudio Cagliari, candidato ao Oscar 2016 e faz homenagem a Mario Monicelli

Principal evento cinematográfico ítalo-brasileiro, o 11º Festival de Cinema Italiano mais uma vez movimentou a capital paulista em novembro. O evento, que é promovido pela Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura (Italcam), teve dois momentos importantes: a mostra em homenagem a Mario Monicelli e a Mostra Contemporânea, que reuniu as principais produções italianas realizadas este ano, incluindo Non Essere Cattivo, o candidato italiano ao Oscar do ano que vem.
Na abertura do Festival, que aconteceu no Auditório do Ibirapuera, foi sentida a ausência de dois dos homenageados. Os cineastas Bernardo Bertolucci e Marco Bellocchio, confirmados e esperados como grandes estrelas da noite, não vieram a São Paulo. Segundo informações da assessoria do evento, Bertolucci foi impedido de viajar devido a problemas de saúde e Bellocchio teve um compromisso nos Estados Unidos.
Outra homenageada, a veterana cineasta Lina Wertmüller — que iniciou sua carreira como assistente de direção de Federico Fellini e foi uma das primeiras mulheres a trabalhar atrás das câmeras — também não conseguiu viajar ao Brasil e enviou um vídeo de agradecimento pela homenagem. A madrinha do Festival este ano foi a atriz italiana Valeria Solarino, que já atuou na televisão brasileira, na série A grande família, e fez sucesso na TV italiana interpretando a heroína Anita Garibaldi na série homônima exibida pela Rai.
Na abertura do Festival, o presidente da Italcam, Edoardo Pollastri, falou sobre a importância do evento.
— A trajetória do Festival de Cinema Italiano no Brasil se confunde com a história do cinema italiano. Nos últimos anos, tivemos neste Festival alguns dos nomes mais importantes da sétima arte no país, como os irmãos Taviani, Giancarlo Giannini e Giuseppe Tornatore. Esperamos continuar prestando essas homenagens a quem fez a história do cinema italiano, e também apresentando o novo cinema da Itália — afirmou.
O público brasileiro pode conferir ainda, durante a abertura, o filme Non Essere Cattivo, de Claudio Cagliari. O diretor, falecido em maio deste ano, não viu o seu trabalho concluído. O longa foi lançado em setembro, durante o Festival de Veneza. Em outubro, a produção foi escolhida como a representante italiana ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2016.
Pollastri lembrou que A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2014, foi exibido no Festival do Cinema Italiano no ano anterior.
— Espero que possamos dar a mesma sorte a Non Essere Cattivo — comentou.
Festival faz homenagem a Monicelli, morto em 2010    
Depois de ser homenageado na 39ª Mostra de Cinema de São Paulo, em outubro, o cineasta Mario Monicelli teve seus principais filmes exibidos durante o Festival de Cinema Italiano. Ícone da sétima arte, Monicelli dirigiu 63 longas e faleceu em 2010, aos 95 anos, deixando um legado de filmes como A Grande Guerra, Os Companheiros e O Incrível Exército de Brancaleone, todos exibidos durante o Festival. A Mostra Mario Monicelli contou também com uma palestra do crítico de cinema Ennio Bispuri, considerado um dos maiores conhecedores da obra do cineasta.
Para o diretor artístico do Festival, Alessandro Battisti, a Mostra teve um significado especial.
— Tivemos um grande sucesso de público graças à qualidade do diretor, que confirma que a linguagem cinematográfica é mesmo universal. Alguns filmes, que podem ter um molde tipicamente “europeu”, foram muito apreciados no Brasil. Os roteiros de Monicelli, com uma mistura de ironia, comédia e dramaticidade também foram entendidos — avaliou.
Já sobre a Mostra Contemporânea, Battisti destacou a vitalidade do cinema italiano.
— Escolhemos o que há de melhor no cinema italiano deste último ano. Exibimos durante o festival o representante italiano ao Oscar (Non Essere Cattivo), a surpresa do ano (La Vergine Giurata) e o filme que ganhou a Coppa Volpi no Festival de Veneza para a magnífica interpretação de Valeria Golino (Por Amor Vostro). Isso representa a vitalidade do cinema italiano, com muitos jovens autores e seus melhores atores — concluiu.