O Senado italiano adiou nesta terça-feira (13) qualquer decisão sobre a crise no governo até 20 de agosto, e se recusou a submeter Giuseppe Conte à moção de censura solicitada pelo ultra-direitista Matteo Salvini
A medida foi pedida por Salvini para derrubar o governo de Conte, ligado ao Movimento Cinco Estrelas (M5S), mas a maioria dos senadores dos ex-sócios de sua coalizão com o M5S e a oposição esquerdista a rejeitaram.
A proposta para o premier italiano discursar foi apresentada ontem (12) pelos líderes do Partido Democrático (PD) e do Movimento 5 Estrelas (M5S) durante reunião emergencial após um dia inteiro de embates. Na ocasião, não houve acordo e os líderes resolveram passar a palavra para os senadores, que foram convocados hoje.
A medida, porém, é uma derrota para a legenda do ministro do Interior e dos conservadores, que tiveram o pedido para agendar a votação amanhã (14) rejeitada.
“A Itália quer ter certezas e o que há sobre mais bonito, democrático, transparente, linear, digno do que dar a palavra ao povo. O que é mais bonito. Eu não entendo o medo, o terror, o desespero “, afirmou o líder da extrema-direita da Itália.
A presidente do Senado, Elisabetta Casellati, por sua vez, disse que “respeitou precisamente a democracia parlamentar, a fim de respeitar a centralidade do Parlamento”, ressaltando que a decisão sobre o calendário da crise não é uma “escolha do presidente da República, mas desta Câmara”.
A crise no governo italiano teve seu estopim na última semana. A legenda liderada por Salvini alega que o país enfrenta muitos entraves que prejudicam o país e apresentou uma moção de desconfiança contra Conte, que precisará ser votada no Senado italiano. Além disso, o vice-premier tem pressionado para a convocação de novas eleições.
Hoje, o debate sobre o calendário ocorreu após uma sessão agitada pelos protestos contra a intervenção de Salvini, que anunciou apoio ao pedido do M5S para votar no corte dos parlamentares antes de retornar às urnas e depois de declarar que não retiraria os ministros da Câmara.
“A Liga será a favor da votação do corte dos parlamentares, menos 345 na na semana que vem, e logo votará imediatamente”, declarou Salvini.
A decisão do ministro do Interior da Itália de votar a favor do corte de parlamentares chegou a ser comemorada pelo líder do M5S, o ministro de Desenvolvimento Luigi Di Maio.
“Depois dos protestos dos cidadãos nas praças e nas redes sociais, a liga rendeu ao corte dos parlamentares, uma reforma do M5S e que o país está esperando há anos. Na semana que vem cortamos 345 parlamentares”, escreveu no Facebook.
Premier da Itália
O premier terá oportunidade de discursar no Senado da Itália na próxima terça-feira (20), entretanto, com a retirada do apoio da Liga ao governo, Conte tem duas opções: apresentar imediatamente a própria renúncia ao presidente Sergio Mattarella ou comparecer ao Parlamento para verificar seu apoio.
Se Conte não obtiver o apoio do Parlamento durante a votação da moção, deverá também apresentar sua renúncia. A partir daí, o presidente pode dissolver o Parlamento e convocar eleições em um prazo mínimo de 45 dias e máximo de 70.
Outra possibilidade do chefe de Estado seria manter a composição atual do Parlamento e designar um novo primeiro-ministro para formar governo – opção rejeitada pela Liga Norte e pelo M5S.
(com informações da AFP e da ANSA)