Comunità Italiana

Sonhos sobre quatro rodas

{mosimage}O Salão do Automóvel de São Paulo recebe marcas renomadas como a Fiat e desfila o que há de melhor em design e tecnologia do setor automotivo

O maior evento de exposição automobilística da América Latina tomou conta de São Paulo entre o final de outubro e o início de novembro. Com a presença de 49 montadoras e importadoras e 500 carros, 7% a mais do que na última edição, o 27º Salão Internacional do Automóvel no Pavilhão do Anhembi mostrou que o Brasil é um mercado promissor e que passa longe da crise econômica enfrentada na Europa e nos Estados Unidos. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o segmento no país teve um crescimento de 5% nas vendas neste ano. A perspectiva é que, até o final de 2012, sejam vendidos 3,8 milhões de automóveis. Os números são animadores, pois até setembro foram licenciados 2,79 milhões de unidades: um aumento de 4% em relação ao mesmo período de 2011.
Um fato importante para o aumento das vendas de veículos no Brasil foi a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), benefício que segundo a Anfavea aqueceu o setor, gerou 2,7 mil novos empregos e aumentou a arrecadação de impostos em R$ 1,7 milhão por dia. Carros nacionais de motor 1.0 foram beneficiados com a queda do IPI de 7% para zero. Dos veículos com motor flex até 2.0, o imposto caiu de 11% para 5,5%. Nos veículos utilitários, o corte foi de 4% para 1%. De acordo com o presidente da Fiat do Brasil e da Anfavea, Cledorvino Belini, houve aumento de 31% nas vendas entre junho e outubro. Durante a abertura do Salão do Automóvel, a presidente Dilma Rousseff divulgou que o governo prorrogará a redução do IPI para automóveis até o dia 31 de dezembro deste ano.
— Antes do IPI reduzido ser instituído, no final de maio, a média diária de vendas era de 12.300 unidades. Depois do benefício, a média nacional subiu para 16 mil vendas diárias. Apesar disso, outros fatores são necessários para impulsionar o mercado de automóveis, como o destravamento do crédito e a utilização do compulsório dos bancos para estimular o financiamento. Além disso, a execução do Programa Inovar-Auto no período de 2013 a 2017 vai fazer com que a indústria automobilística entre em novo ciclo de competitividade mundial — acrescentou Belini.
Por outro lado, a comercialização de veículos na Europa sofreu, no mês de agosto, uma queda de 8,5%, liderada por Ford e General Motors. Segundo a Associação de Montadoras Europeias, a região somou 722.483 emplacamentos no mês de agosto, contra 789.458 no mesmo período de 2011. As vendas do início do ano até agosto caíram 6,6% na zona do euro.
Na abertura do salão, o vice-presidente executivo da empresa organizadora do evento, a Reed Exhibithions Alcântara Machado, Paulo Octávio de Almeida, ressaltou que muitas montadoras estão migrando para o Brasil porque o país se tornou terreno fértil para investimentos.
— Com a crise em seus países de origem, as montadoras estão focando nos emergentes, em especial no Brasil, que hoje é o quarto maior mercado mundial do setor. O Salão do Automóvel é a grande vitrine para as empresas mostrarem seus lançamentos, apresentarem tendências e para a geração de novos negócios. De acordo com nossas pesquisas, 55% das pessoas que visitam o salão têm a intenção de trocar de carro nos próximos seis meses.  Por isso, a feira é um organismo vivo que reflete o mercado — ressalta Almeida.
O evento bianual também fomenta o setor turístico da cidade, atraindo turistas de negócios. De acordo com os dados da SPTuris, em 2010, dos 750 mil visitantes, 300 mil estrangeiros deixaram no Brasil R$ 360 milhões. A instituição afirma que 20% da ocupação hoteleira neste período é motivada pelo salão.
Além de incentivar o turismo e de fomentar o mercado de automóveis, o salão também serviu para conscientizar o público sobre os perigos no trânsito. As pessoas testaram suas habilidades no simulador de direção, instalado no estande do Ministério das Cidades. O equipamento será obrigatório para o aluno da categoria B, a partir do próximo ano, nas aulas das autoescolas. O simulador já está previsto na Resolução 168, do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). O estande também divulgou a campanha de Redução de Acidentes no Trânsito, que faz parte do Pacto Nacional lançado pelo governo brasileiro em 2011, como resposta à Resolução da Organização das Nações Unidas, que instituiu o período de 2011 a 2020 como a década para a redução de mortes. No Brasil, os registros do Ministério da Saúde mostram que morrem 42 mil pessoas, a cada ano, nas estradas.

Fiat brinda o público com Ferrari e Maserati e apresenta seus lançamentos
A Via Itália, importadora oficial das marcas Lamborghini, Rolls-Royce, Ferrari e Maserati, resolveu não investir no salão. No entanto, a Fiat realizou o sonho de quem queria ver de perto uma Ferrari 458 Spyder e uma Maserati GranCabrio. A Ferrari conversível, vendida no Brasil por R$ 1,9 milhão, vem equipada com um motor V8 de 569 cavalos de potência, suficientes para cumprir de 0 a 100 km/h em 3,4 segundos e atingir uma velocidade máxima de 320 km/h. Já a Maserati comporta um motor V8 de 450 cavalos. O modelo pode chegar aos 285 km/h e ir até 100 km/h em 5,2 segundos. O preço dessa versão é R$ 920 mil.
A Fiat também criou um estande só para a Chrysler, com veículos da Dodge, Jeep e Ram, e apostou nos minis, lançando o Cinquecento. Foram apresentados o 500 by Gucci e a versão Cabriolet do modelo conversível. Os carros serão vendidos a partir de R$ 57.900. O 500 by Gucci faz parte das celebrações dos 90 anos da marca. Ele recebe elementos de luxo, acabamento interno desenvolvido pela grife e cores exclusivas que valorizam o glamour do perolado. De acordo com o diretor comercial da Fiat, Lélio Ramos, a empresa procurou inovar nesta edição do salão ao habilitar seus automóveis com componentes sustentáveis.
— Estamos caminhando para o nosso 11º ano de liderança no mercado brasileiro com participação de 23,1%. Este resultado é fruto de um trabalho intenso de inovação tecnológica. Lançamos o Fiat 500 com um preço mais acessível vindo do México e oferecemos ao público o sistema Eco-Drive, que serve para avaliar o modo de condução do motorista, sugerindo formas de deixar a direção mais sustentável, com menos emissões de CO2 — ressaltou Ramos.
A Fiat também apresentou no salão as séries especiais Sublime e Interlagos dos modelos Linea, Siena, Uno e Palio. A série Interlagos deverá estar à venda no final de novembro, quando acontece o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1. Esses modelos receberão a cor amarela e contarão com itens esportivos. A Fiat mostrou ainda o novo Punto, que, segundo Lélio, representante da empresa, ganhou novas formas de interatividade com o usuário.
— O novo Punto vem dotado do sistema Fiat Social Drive, que permite ao motorista acessar a internet sem precisar tirar as mãos do volante. Através do mecanismo Blue&Me, o Fiat Social Drive lê para o motorista notícias dos grandes portais e as atualizações das redes sociais — acrescentou.
A Linha Especial Itália também teve seu espaço no estande da Fiat, mostrando o novo Uno Vivace com o logotipo nas cores da bandeira italiana. A empresa expôs ainda o Grand Siena, único carro tetrafuel do Brasil, com motor que suporta quatro combustíveis.
Além dos lançamentos, a Fiat tem vários projetos para os próximos anos no Brasil. A montadora vai gastar €2,3 bilhões em uma nova fábrica no município de Goiana, em Pernambuco. A companhia receberá financiamento do governo brasileiro de até 85%, bem como benefícios fiscais por cinco anos após o início da produção. As obras já começaram e o pólo automotivo terá capacidade para a fabricação de 250 mil veículos por ano. No espaço, serão construídos um parque de fornecedores, centro de capacitação, centro de pesquisa e pista de testes. A perspectiva é que as operações na unidade iniciem em março de 2014.