Concurso internacional leva os melhores baristas do mundo a cafezais brasileiros através de um projeto criado pelo italiano Francesco Sanapo
O porto de Santos se prepara para o desembarque dos melhores baristas do mundo num concurso internacional. A legião estrangeira é formada por um grupo de dez eleitos através de um rigoroso processo de seleção, que envolveu mais de 200 candidatos, um corpo popular de jurados e eleição via web. São eles: o italiano Guido Garavello, de 32 anos; o venezuelano Miguel Angel Vera Fernandez, de 36; a indonésia Jesslyn Evani, de 25 anos; o grego Nikolaos Kanakaris, de 31 anos; a russa Olga Kaplina, de 29 anos; a armena Amy Nake Manukyan, de 26; o norte-americano Daniel Rivera, de 30; a polonesa Agniesza Rojewska, de 27 anos; e o caçula Evgeni Pinchukov, de Belarus, de 24 anos. Ao grupo se junta à australiana de origem italiana Rosely Hill, vencedora do Melbourne International Coffee Expo, na Austrália. Em comum, eles possuem a paixão pelo perfume, pelo sabor e pelo gosto de preparar um café como ninguém. Durante dez dias, irão viver a experiência de trabalhar num cafezal e dela extrair o conhecimento completo de toda a cadeia produtiva da famosa bebida.
O formato desta inusitada competição, a Barist & Farmer, uma espécie de “reality show”, ganha versão brasileira, depois do sucesso em Porto Rico, em 2013, e em Honduras, no ano passado. O projeto foi criado pelo italiano Francesco Sanapo, três vezes campeão italiano, junto com Rimini Fiera e Sigep, com o apoio de Scae (Specialty Coffee Association of Europe). A Cimbali e a Faema, além da Mumac Academy, marcas de cafeteiras, patrocinam a odisseia dos barmen e barwomen. Os participantes vão ser colocados à prova na fazenda O’Coffee, uma das maiores na produção do café, localizada em Pedregulho, na região de Alta Mogiana.
— Estamos chegando ao país mais importante do mundo quando se trata de café. Iremos conjugar alta tecnologia com uma agricultura pobre, e isto vai dar aos participantes uma experiência educacional de alto nível. Eles foram selecionados em função de seus perfis profissionais diversos entre si. Isto porque queremos desenvolver, mais do que nas edições passadas, uma sabedoria sobre a percepção do café nas diferentes zonas do mundo — diz Francesco Sanapo.
Mesmo estando apenas na sua terceira edição, o programa já mostrou a que veio. Um “talent show” inovador que agora vai ter como palco a terra do café por excelência, ou seja, o Brasil.
— Acreditamos que a especialidade e a qualidade do café possam ganhar um impulso adicional de toda a cadeia produtiva — diz Patrizia Cecchi, diretora de negócios da Feira de Rimini.
Baristas vão aprender a colher os grãos nas fazendas e vídeos serão transmitidos pela internet
Os baristas irão viver em meio a quatro milhões de plantas de café. Ao todo, elas estão distribuídas em seis fazendas em zonas de altitude, com clima e temperatura ideais para o cultivo do precioso grão nosso, selecionado e moído, de cada dia. Os competidores serão monitorados 24 horas por dia, entre 3 e 13 de maio. Os vídeos serão transmitidos no site www.baristafarmer.com. Pela manhã, os baristas vão ao campo, dentro da plantação, onde irão aprender a técnica da colheita. À tarde, participarão das aulas multidisciplinares da Academia de Barista & Farmer. Nas horas vagas, poucas, o programa prevê competições no preparo do café, numa busca saborosa por novas formas de provar a bebida.
A história da fazenda-sede do “talent show” tem as raízes na Itália e começa em 1890, com a chegada do arquiteto italiano Giuseppe Quercia e de seu filho Vincenzo, iniciantes dos negócios no mundo do café, que atraía milhares de imigrantes para a terra roxa. A colheita mecânica e manual armazena uma média de 35 mil sacos de café por ano de 20 tipos de grãos diferentes, produzidos nas seis fazendas. As variedades Bourbon, Catauí, Obatã estão entre as mais vendidas. As exportações chegam a 18 países, inclusive Japão, Dubai, Coreia do Sul, Austrália e Alemanha. A fazenda possui um centro de educação ambiental, com o objetivo de conscientizar crianças, jovens e adultos para a importância do desenvolvimento sustentável. E que tudo isto renda uma bela e nova receita para o café nosso de cada dia.