Os palcos mais antigos do Rio e do Brasil tiveram notável influência italiana, da concepção e autoria dos espetáculos à apresentação de aclamados artistas vindos do Belpaese, passando pelo empreendedorismo de personagens como Pascoal Segreto, que traziam novidades diretamente da Europa e souberam popularizar o teatro com a adoção de diversas sessões diárias de formato mais enxuto a preços acessíveis.
Os palcos mais antigos do Rio e do Brasil tiveram notável influência italiana, da concepção e autoria dos espetáculos à apresentação de aclamados artistas vindos do Belpaese, passando pelo empreendedorismo de personagens como Pascoal Segreto, que traziam novidades diretamente da Europa e souberam popularizar o teatro com a adoção de diversas sessões diárias de formato mais enxuto a preços acessíveis.
Theatro Lyrico
Demolido na década de 1930, foi palco de renomados tenores italianos, entre os quais Francesco Tamagno (1878), que estreou em La Traviata, quando a casa ainda se chamava Theatro D. Pedro II; Enrico Caruso (1903); e atrizes como Tina di Lorenzo, Eleonora Duse e Emma Carelli, no início do século XX. Situava-se na atual Av. Treze de Maio.
Teatro São Pedro
O atual Teatro João Caetano, a mais antiga casa de espetáculos carioca, inaugurada em 1813, foi palco para diversas companhias italianas de óperas, como a Ruscolli. Ali também se apresentavam os bailados, números de balé clássico dirigidos por Lacombe. Em 1814, encenada Axur, Re di Ormus, de Antonio Salieri. Em seu palco se apresentavam muitos dos músicos que chegaram para atuar na Capela Real, como o violinista Santiago Massoni; e os cantores Giovanni Francesco Fasciotti e sua irmã Maria Teresa Fasciotti, entre os mais influentes cantores daquela época; o barítono Nicolao Majoranini; Salvador Salvatori; os Piaccentini, de Roma; e o castrati Vittorio Isotta. Antes da proclamação da Independência, uma nova companhia italiana, composta por Michele Vaccani, Isabel Ricciolini, Nicola Majorini, Antonia Borges e Maria Tereza Fasciotti estreou a ópera L’italiana in Argeli, de Rossini. Por muitos anos permaneceram em cartaz as criações de Rossini, que dominaram as temporadas operísticas do teatro da Corte, como Il Barbiere di Siviglia e Aureliano in Palmira. A casa de espetáculos situada na Praça Tiradentes já teve diversos nomes, como Teatro Imperial de São Pedro de Alcântara, Teatro Constitucional
Fluminense e Teatro São Pedro.
Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Foi inaugurado em 14 de julho de 1909 com O Refugio, de Dario Niccodemi, um dos autores italianos mais festejados do início do século. Inicialmente, era apenas uma casa de espetáculos que recebia principalmente companhias estrangeiras, a maioria italianas e francesas, até que, em 1931, foi criada a Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Entre as personalidades ilustres que pisaram em seu palco, estão Tito Schipa; Titta Ruffo; os cantores Beniamino Gigli e Giacomo Lauri-Volpi; Giuseppe di Stefano; além de Renata Tebaldi e Arturo Toscanini.
Pascoal Segreto
A Praça Tiradentes concentrava, na virada do século XIX para o XX, o “império” da família Segreto, proprietária de cafés-concerto, como a Maison Moderne, e arrendatária, além do Teatro São Pedro, do Teatro Carlos Gomes. Financiador do teatro de revista, o salernitano Pascoal Segreto tornou os espetáculos mais acessíveis às camadas de renda mais baixa da cidade ao adotar a fórmula de sessões diárias a preços populares. Ele se tornou um dos primeiros empresários do mundo do espetáculo carioca, poucos anos depois de desembarcar com apenas 15 anos no Rio, em 1883, em uma trajetória que inclui 13 prisões, provável envolvimento com a contravenção e amizades com pessoas influentes, como José Roberto da Cunha Salles, famoso explorador do jogo do bicho, com quem abriu (1897), em sociedade, um cinematógrafo na movimentada Rua do Ouvidor. O local fez muito sucesso e chegou a ser frequentado pelo presidente Prudente de Moraes. O irmão Afonso Segreto trazia as últimas técnicas e equipamentos dos Estados Unidos e da França e, não por acaso, é dele a primeira filmagem no país, com cenas da entrada da Baía da Guanabara. Principais produtores cinematográficos da época, os Segreto realizaram mais de 60 filmes em apenas três anos, com muitos registros da vida carioca. Pascoal manteve ainda cafés, cervejarias e locais voltados para a elite carioca, como o High Life Club, no bairro da Glória.