{mosimage}Universidade Federal do Paraná recebe estudiosos em urbanismo e energia para discutir sobre o futuro das cidades
Meios de transporte eficazes para o desenvolvimento sustentável das grandes cidades estiveram entre os principais temas debatidos durante o V Seminário de Tecnologias Estratégicas Brasil e Itália, promovido pela Embaixada italiana, em parceria com a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Paraná. O evento, realizado na Universidade Federal do Paraná (UFPR), contou com palestras e mesas-redondas sobre assuntos como energia elétrica e reciclagem de resíduos. O objetivo foi criar um fórum para a inserção de empresas e elaboração de acordos de cooperação tecnológica e financeira para o estabelecimento de parcerias internacionais.
Entre os palestrantes, estavam o secretário municipal de planejamento Carlos Homero, que falou sobre Passado, Presente e Futuro das Cidades, e o reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, que ressaltou o fato da Universidade sediar o evento, lembrando que os pesquisadores e professores da instituição colaboraram de forma substancial para incrementar o leque de ideias apresentadas. O embaixador da Itália no Brasil, Gherardo La Francesca, citou os motivos que levaram o Paraná a ser escolhido como centro de discussão de parcerias tecnológicas entre os dois países.
— O Paraná é um estado com uma tradição italiana intensa e antiga. Há muitas cidades com vínculos italianos. Por isso, a ideia de realizar esse evento aqui.
A reciclagem de resíduos sólidos e de águas residuais foram assuntos em pauta no segundo dia do seminário. A professora Maria Cristina Borba Braga, da UFPR, comentou sobre o programa Câmbio Verde, da Secretaria municipal de Meio Ambiente, que beneficia 91 comunidades carentes de Curitiba, através da troca de quatro quilos de resíduos recicláveis por um quilo de produtos hortifrutigranjeiros. Em seguida, aconteceu o debate sobre a reutilização da água das casas ou resultantes do processo industrial, com a presença dos empresários italianos Matteo Frizzoni, Bibiana Ferrari, Alfredo Cavozza e Paulo Bucker.
Uma das personalidades mais esperadas para o último dia do evento, que aconteceu em novembro, foi o urbanista e ex-governador do Paraná Jaime Lerner. Ele apresentou soluções para o transporte urbano e apontou os três problemas essenciais das cidades do futuro: mobilidade, sustentabilidade e sociodiversidade. Através de dados estatísticos, Lerner, que é arquiteto, explicou que os transportes de superfície são muito mais eficazes nas grandes cidades, auxiliando no deslocamento das pessoas no trajeto entre casa e trabalho. Ele toma como exemplo a experiência de Curitiba.
— Em Curitiba, nossos ônibus transportam dois milhões e meio de pessoas por dia. Em Londres, uma cidade muito maior, o metrô transporta três milhões ao dia. Isso demonstra que nosso sistema tem mais capacidade de evoluir — disse Lerner, que critica os planos de implantação do metrô na cidade. Na visão dele será caro e ineficaz.
O ex-governador lembrou que cerca de 120 regiões do mundo, incluindo a gigante Cidade do México, utilizam o sistema de transporte público curitibano, com base nos ônibus com pista exclusiva, embarque rápido e alta frequência. Um sucesso do qual ele se orgulha de ter implantado.
A energia do novo século foi o tema que fechou a sessão de palestras. O especialista José Mário Moraes e Silva, do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec), salientou que o futuro energético estará na energia solar e no aproveitamento do lixo para a geração de eletricidade. Entretanto, para desenvolver esses tipos de energia, são necessárias soluções de regulamentação, de mercado e tecnológicas, pondera. O diretor geral da Itaipu Binacional, Jorge Samek, lembrou que o Brasil está em uma posição favorável, já que quase 50% da matriz elétrica brasileira é renovável, com base em hidráulica e biomassa. Além disso, cerca de 98% da rede de energia é integrada, o que favorece a distribuição a todos os estados do país. Após três dias de intercâmbio de ideias, o seminário foi encerrado com rodada de negócios.