Continua a viagem de Comunità à descoberta das regiões da Bota. Depois das Marche, é a vez da Ligúria, uma região marcada por perfumes e sabores, e uma autêntica academia ao ar livre para os amantes de todo tipo de atividade desportiva
Estamos no noroeste da Itália, na fronteira com a Costa Azul francesa. Quase um milhão e 600 mil pessoas vivem em um território que se estende por uma superfície de 5.416 quilômetros quadrados. O mar é uma constante dessa maravilhosa região e também é a alma de Gênova, a capital da Ligúria, cujo porto e cujas ruelas inspiraram alguns dos maiores compositores, poetas e intérpretes italianos, como Fabrizio De Andrè, Paolo Conte, Luigi Tenco e Ivano Fossati. Con quella faccia un po’ così, quell’espressione un po’ così, che abbiamo noi che abbiamo visto Genova, che ben sicuri mai non siamo, che quel posto dove andiamo, non c’inghiotte e non torniamo più. Assim canta Paolo Conte, em uma de suas mais famosas canções.
Se ti inoltrerai lungo le calate dei vecchi moli, in quell’aria spessa, carica di sale, gonfia di odori. Lì ci troverai i ladri, gli assassini e il tipo strano, quello che ha venduto per tremila lire sua madre a un nano.
A città vecchia, contada por Fabrizio De Andrè, suavemente melancólica e caracterizada por poéticos contrastes, é também uma cidade que quer olhar para frente e sabe acompanhar a contemporaneidade, como nos explica o secretário de Turismo da Região Ligúria, Giovanni Berrino, que acompanha Comunità nesta viagem exclusiva.
— Gênova foi sede das Manifestações Colombianas em 1992, Capital Europeia da Cultura de 2004 e seus edifícios históricos foram eleitos Patrimônio Mundial da Unesco — lembra a autoridade do turismo lígure.
O passado e o presente da capital da Ligúria não deixam dúvidas: a cidade precisa ser vista e vivenciada, e vale a pena descobri-la andando por seus becos, que descem do alto do Castelletto e culminam no Porto Antigo, hoje uma praça solar sobre a água, projetada pelo famoso arquiteto Renzo Piano. Ali, encontramos o Bigo, uma espécie de elevador antigo-moderno, os Magazzini del Cotone (galpões do algodão), um importante Centro de Convenções, o famoso Acquário e o Galata-Museu do Mar.
Uma cidade densa de história e de atmosfera:
— No coração da cidade velha e no intricado tecido urbano medieval, feito de ruelas apertadas, abre-se a monumental Strada Nuova, a atual via Garibaldi, construída em 1550, para ligar e alcançar os luxuosos palácios da potente oligarquia da cidade. As residências hospedam coleções artísticas de valor, como o Palazzo Rosso e o Palazzo Bianco, duas atrações imperdíveis, assim como as galerias nacionais do Palazzo Spinola de Pellicceria e do Palazzo Reale.
Um anfiteatro natural
entre os Apeninos e o mar
A Ligúria não é somente Gênova, e é suficiente deslocar-se alguns quilômetros para se deparar com autênticas joias da paisagem e maravilhas naturais.
— Portofino, Cinque Terre e o Golfo dos Poetas nos presenteiam com paisagens de tirar o fôlego em todas as estações. A Ligúria é um anfiteatro natural, entre os Alpes, os Apeninos e o mar, e, a partir do seu lado mais oriental, que hospeda as famosas Cinque Terre, começa uma incrível sequência de lugares inesquecíveis — continua Berrino.
Destinos que, há anos, atraem turistas de todas as partes do globo:
— Nas praias que vão de Sestri Levante até Santa Margherita Ligure, temos a história do turismo de balneários, assim como em Portofino, que ainda seduz com suas ruelas e casas, uma em cima da outra, formando uma paleta com mil nuances de cores. Ainda encontramos Camogli, com um pequeno cais, barcos multicoloridos, cercas coloridas de suas casas e sua tradição marinheira intacta. Sem esquecer a Abbazia di San Fruttuoso, que se reflete nas águas límpidas do mar, encaixada em uma pequena baía entre as rochas.
Muda-se de cenário e, da costa leste, passamos àquela oeste. Cogoleto e Arenzano presenteiam o turista com preciosos momentos de relaxamento, com “a atmosfera que esquenta no pôr do sol, para passar noites na praia com música e diversão com pés descalços” — é a apaixonada descrição de Giovanni Berrino.
— Três quilômetros de areia finíssima e correntes marinhas excepcionais fazem de Varazze o paraíso dos surfistas, amado também pelos amantes da canoagem, da vela e do esqui aquático — completa.
A lista dos atrativos é infinita. Portanto, não surpreende o constante aumento do fluxo de turistas para esta região.
— Tanto o ano de 2014 quanto o de 2015 foram caracterizados por um aumento de tendência do turismo estrangeiro. Nossas estruturas turísticas, ao longo do último ano, registraram mais de um milhão e 813 mil chegadas internacionais, com um crescimento de 21% no último triênio — comemora.
Região é cada vez mais visitada por turistas estrangeiros, mas brasileiros ainda desconhecem seus encantos
O maior número de turistas estrangeiros chega da vizinha França (274.358) que, este ano, superou a Alemanha. Seguem a Suíça e os Estados Unidos, e aumenta bastante o fluxo da China, Reino Unido, Espanha, Polônia e Rússia. Mas, para os brasileiros, a Ligúria ainda representa um destino ainda pouco conhecido.
— Entre 2011 e 2014, as chegadas do Brasil mantiveram uma tendência constante, entre as 23 mil e as 24 mil unidades, com uma variação positiva de 5% no período de 2011 a 2014. Os dados denotam permanências breves por parte dos brasileiros que, em média, não passam mais de dois dias na região — explica Berrino.
E por que o turista deveria escolher justamente a Ligúria, e não outro lugar, para passar suas férias?
— Nossa região oferece muitos valores agregados, começando pelo enogastronômico. A Ligúria é uma terra rica de cheiros e sabores, que se estendem dos frutos da terra aos do mar, sempre frescos, passando pelos saborosos produtos preparados nos fornos. Cada território apresenta suas especialidades e uma receita a ser descoberta, em uma odisseia do paladar através de cantinas, lagares, restaurantes e hotéis-fazenda, que propõem do cappon magro, refinado prato no qual o peixe triunfa soberano, à panissa de grão de bico e à cima à genovesa, verdadeiro casamento entre carne e verduras, passando pelas trofie ao pesto. Sem falar no azeite extra virgem lígure Dop. Os vinhos locais são um milagre da cultura camponesa, que conseguiu plantar videiras na rocha, com plantações em terraços que desafiam a lei da gravidade — enumera os motivos.
Além da boa comida e bebida, a região oferece boas atrações para os esportistas:
— Os amantes da natureza e do esporte ao ar livre não devem se esquecer de colocar na mala calçados para trekking, bolsas para golfe, bicicleta e snorkel, ou seja, tudo o que for necessário para enfrentar férias ativas em uma região que é uma academia ao ar livre. Temos ciclovias e trilhas que sobem nos Alpes e Apeninos, paredes rochosas para climbing e campos de golfe. O itinerário Alta Via, de 300 km de extensão, é ideal para excursões e passeios de vários dias ou poucas horas, inclusive a cavalo. Além disso, durante 10 meses por ano, pode-se fazer passeios de barco e praticar esportes aquáticos.
Um território como este parece ter todas as características para construir uma sólida economia em cima da indústria turística.
— Nosso Observatório nos revela que, com mais de 71 milhões de presenças estimadas, o turismo representa uma importante injeção de recursos econômicos no território lígure, cujo impacto vai muito além do simples total da despesa feita pelos turistas — confirma Berrino.
Planejamento turístico é baseado em quatro estratégias: oferta qualificada e all season, incentivos socioeconômicos e sustentabilidade
Os gastos turísticos representam novas riquezas no território, uma parte dos quais poderá ser transformada em outras despesas, que irão se traduzir em novas riquezas, acionando um processo virtuoso, “cujos efeitos multiplicadores estendem-se ao inteiro sistema econômico e não somente ao setor propriamente turístico”.
Os números falam claro:
— As estimativas relativas ao ano de 2013 indicam que os cinco bilhões de euros de despesas feitas pelos turistas que visitaram a Ligúria ativaram, entre efeitos diretos e indiretos, seis bilhões e 688 milhões de euros de produção, três bilhões e 908 milhões de produto interno bruto e 70 mil vagas de trabalho.
O Plano Turístico 2013-2015 baseia-se em quatro importantes argumentos estratégicos, ou seja, o desenvolvimento de uma oferta turística qualificada, o desenvolvimento de uma oferta all season, o desenvolvimento de um incoming a ser colocado ao centro das políticas socioeconômicas da Região e o desenvolvimento de um turismo sustentável nas suas várias expressões.
Depois, o dirigente da região ilustra sua filosofia de como fazer turismo.
— Nós, de instituições, empresas e operadores, gerenciamos um lugar único e precioso, que nos foi confiado pro tempore e que temos que entregar às novas gerações em condições melhores de quando o recebemos, até porque o turismo contemporâneo é um recurso que deve ser mantido como tal pelas gerações futuras também, e por isso é fundamental aplicar o princípio da sustentabilidade. Quando vamos para a Europa e no restante do mundo, tentamos atrair os clientes por seus valores e não somente pelas emoções, pelas suas particularidades e não somente pela moda, pelo conhecimento e não somente pela experiência, pelo glamour e não somente pela conveniência, pelo gosto e não somente pela tendência, pela pesquisa e não somente pelo consumo — define Berrino.
A escolha do público-alvo para o qual enviar tal mensagem é muito importante:
— Os conteúdos sobre a reputação de um destino são os que movimentam os clientes certos e, ao mesmo tempo, a pesquisa de clientes certos faz aumentar o valor do brand e o retorno dos investimentos.
Segundo Berrino, até o cordão umbilical, que nunca é cortado definitivamente, e que une os emigrantes e os descendentes de emigrantes com os lugares de origem, merece uma atenção particular.
— Penso que este aspecto seja de absoluta relevância. Considero que a pesquisa e o conhecimento, melhor se forem direcionados, das próprias origens familiares, devem ser favorecidos com ações promocionais organizadas pelas várias realidades turísticas italianas, e com políticas nacionais de incentivo, como as tarifas de transporte, que poderiam ser um momento particularmente importante, logo neste iminente Ano do Jubileu.
Operadores brasileiros e locais participaram de workshops
Para o dirigente, o Brasil poderia representar um interlocutor privilegiado.
— É o quinto país em termos populacionais do mundo, com mais de 200 milhões de habitantes e é também um país em que a religião mais praticada é o catolicismo. Isso faz com que o Brasil seja o maior país com o maior número de católicos do mundo. O Jubileu poderia, portanto, impulsionar muitos ítalo-brasileiros, de terceira ou quarta geração, a visitar a Itália, em Roma, mas também outros lugares ligados ao Jubileu, melhor se ligados à localidade de origem de suas famílias, muitas das quais pertencem certamente à Ligúria, histórica terra de emigração — avalia.
Os contatos entre a Ligúria e o Brasil, no entanto, ainda são esporádicos.
— Porém, há quatro anos, com a organização operacional da nossa Agência Regional de Promoção Turística, estamos organizando um grande evento de promoção e comercialização turística chamado BuyLiguria, para o qual convidamos os operadores turísticos advindos dos mercados mais longínquos, e que mais recentemente apareceram no cenário mundial. Entre estes, ficaram bastante importantes os países chamados Brics, e justamente nesta última edição estiveram presentes cinco operadores de turismo brasileiros que, após terem visitado as mais importantes localidades turísticas da região, encontraram-se com operadores da Ligúria, em um animado workshop.
Berrino, até hoje, nunca esteve no Brasil, embora tenha o desejo de visitar o país.
— Imagino esta terra como a representação das diversidades de seu povo, e, portanto, como um lugar lindíssimo e inigualável.