O presidente Matarella abre as portas do palácio Quirinal, onde o público pode admirar um patrimônio cultural único no mundo
Monumental, dominando uma das sete colinas de Roma, há mais de quatro séculos centro do poder e hoje sede da Presidência da Republica da Itália. O palácio Quirinal agora pode ser visitado: o presidente Sergio Matarella decidiu abrir as portas de sua residência ao público. A iniciativa aproxima a máxima instituição do Estado das pessoas comuns, que podem descobrir segredos e tesouros deste patrimônio cultural de valor inestimável. O palácio abrange uma área de 110.500 m². Trata-se do sexto maior palácio do mundo em termos de área e a segunda maior residência de um chefe de Estado, depois do Ak Saray, em Ankara, na Turquia. Para comparação, a Casa Branca nos Estados Unidos é 20 vezes menor, com 5.100 m². Sua história tem mais de dois mil anos. A posição é privilegiada, no alto da colina Quirinal, onde a primeira construção foi um templo pagão. Em seguida, o imperador Augusto (63 a.C. – 14 d. C.) mandou erguer uma torre dedicada ao seu melhor amigo e conselheiro, Caio Mecenas (68–8 a.C.), transformando-o em um ponto de agregação de artistas.
O atual palácio foi construído durante o Renascimento, a partir de 1583, quando o papa Gregório XIII encomendou o projeto de residência de verão ao arquiteto Ottaviano Mascarino. Os trabalhos terminaram em 1585, mas, no mesmo ano, a morte do pontífice impediu que Mascarino continuasse a obra.
O Quirinal foi residência de verão de 30 papas até o ano de 1870 quando, com a queda do Estado Pontifício e a Unificação da Itália, passou a ser a casa real da família Savoia, até 1946. Neste ano, com o fim da monarquia e o nascimento da República Italiana, o palácio se transformou na sede da presidência.
— Esta é uma maneira de transformar o Palácio Quirinal concretamente na casa de todos em nosso país. Também será ótimo receber aqui tantos turistas e estrangeiros — afirmou o presidente Matarella na abertura oficial ao público.
Lustres de Murano, obras de Guido Reni, porcelana do século XVIII e mais de 100 carruagens entre os tesouros
Agora o público pode “entrar” na história da Itália, inclusive no gabinete presidencial, que foi nobre estúdio real, e nas salas onde os papas encontravam pessoas importantes, nas quais hoje o presidente recebe os embaixadores. O acervo é digno dos maiores museus do mundo, mas a diferença é que o Quirinal é sede da vida residencial e da instituição de poder.
A Sala das Tapeçarias, os enormes lustres de Murano, a sala dos Mapas do mundo, a Capela Paulina, onde o rei Umberto II se casou com Maria José e agora abrigam concertos de câmara, são algumas das 1.200 salas que podem ser admiradas, junto com obras de artistas como Pietro da Cortona, Domenico Fontana, Alessandro Specchi, Ferdinando Fuga, Carlo Maderno, Giovanni Paolo Pannini e Guido Reni. Na sala da rainha Margherita, o vestido da monarca está exposto no manequim como uma obra de arte, costurado no século XIX em seda e bordado com folhas de prata e cristais. Impressiona a grandiosidade da coleção da sala das louças — chamada de Vasella do Quirinal — onde estão armazenados cristais, porcelanas, talheres e serviços de jantar da família real, sendo o mais antigo datado de 1785, que inclui nove mil peças, totalizando 38 mil produtos refinados feitos por artistas importantes, entre 1700 e 1800.
Vale a pena admirar ainda a coleção de 105 carruagens reais, com carrinhos de bebês e nobres diligências usadas em matrimônios e funerais. Além das coleções, é possível ver de perto antigos livros e documentos raríssimos, como o texto original da Constituição da Itália. Tudo isso aliado à paisagem, de perder o fôlego, com a cidade eterna aos pés do visitante, acompanhada pelo canto dos pássaros que frequentam os quatro hectares cobertos por magníficos jardins e suas fontes.
Reservas só pela internet
A reserva online é obrigatória e deve ser feita através do site http://palazzo.quirinale.it. São dois tipos de visita: uma com o percurso artístico e institucional que passa pelo Andar Nobre e pelo térreo, e outra, mais completa, que custa 10 euros e inclui a Vasella, os jardins e as carruagens, além de outras coleções.