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Tesouros escondidos

26 de dezembro de 2016 - Por Comunità Italiana
Tesouros escondidos

Tesouros escondidosDa região de Marche, Alessandra Sposetti levou um grupo de turistas brasileiros à sua terra natal em um roteiro que incluiu visitas a fazendas de produção biológica, caça a trufas e aulas de gastronomia italiana

Situada no coração da Itália e ainda pouco conhecida pelos turistas, a região de Marche consegue guardar até hoje uma dimensão particular, antiga, com uma qualidade de vida típica das cidades de interior. Em posição estratégica, entre o mar Adriático e a cordilheira dos Apeninos, consegue manter um equilíbrio harmônico entre a paisagem urbana e rural. Nascida na cidade de Macerata e residente no Rio de Janeiro, Alessandra Sposetti, organizou uma viagem enogastronômica em outubro na sua região para turistas brasileiros, que ficaram encantados com os pequenos burgos medievais, as belas praias e, sobretudo, com a gastronomia genuína do território.
Com a parceria do operador turístico marchigiano Moreno Moretti, Alessandra criou um roteiro ad hoc que, além de visitas nas fazendas familiares e nas vinícolas, incluiu excursões naturalísticas, passeios nas cidades acompanhados com guia e até experiências únicas como caçar as trufas no bosque e meter a mão na massa para preparar uma autêntica massa fresca italiana.
— É uma viagem de cultura culinária que permite ao viajante conhecer melhor os alimentos como queijo, chocolate, vinho, azeite, massa e trufas e entender como são produzidos. Ele vê o alimento do campo, onde é produzido, ao prato, onde é servido à mesa — explicou à Comunità Alessandra que, além das viagens, há seis anos se dedica também a dar aulas de culinária italiana.
A cidade onde os turistas brasileiros se hospedaram e de onde se deslocavam diariamente foi Ascoli Piceno, que deixou todos encantados pela sua elegância e pela sua arquitetura. Recentemente, a praça principal da cidade, a Piazza del Popolo, foi eleita entre as 10 mais bonitas do mundo, segundo uma pesquisa do site Tripadvisor.
— É uma belíssima cidade, pouco conhecida inclusive pelos italianos porque está longe dos roteiros turísticos. É como se fosse uma Roma em miniatura, suntuosa e muito bem conservada, com um centro histórico inteiramente construído em travertino (rocha calcária) — destacou Alessandra.
Alessandra cuidou também dos cardápios dos restaurantes para que os viajantes pudessem saborear não só a cozinha regional, mas os pratos típicos de cada cidade visitada. Em Ascoli Piceno, não podiam faltar as famosas olive all’ascolana, a azeitona verde recheada de carnes mistas, parmesão e especiarias, empanada e frita; a coratella di agnello, preparada à base de miúdos de cordeiro; o ravioli incaciati, recheado de carne de galinha e temperado com queijo pecorino e canela; e o lonzino de fichi, que segue uma receita do século II d.C. de salame doce feito de figos secos, nozes e amêndoas. Outro prato típico da tradição ascolana é a galantina di pollo, que remonta ao Renascimento, onde a pele de galinha íntegra é usada como um recipiente e é recheada de carnes variadas, azeitonas, ovos, pistache, vinho Marsala, legumes, parmesão e especiarias.

Turistas caçaram trufas nos bosques da região e aprenderam sobre a vegetação local
A professora Mônica Ballarin voltou da viagem e logo depois revelou as fotos dos dias inesquecíveis, fazendo um álbum que olha diariamente. Ela e o seu marido Ronaldo nunca tinham visitado o velho continente.
— Eu da Europa só queria ver a Itália porque sou descendente de italianos. O meu avô veio do Vêneto junto com minha avó e, desde pequena, ouvia italiano e apreciava a comida italiana. Eu não gosto de cartões-postais, não me interessa ver cidades grandes e museus. Gosto muito do campo. Quando Alessandra disse que era uma viagem enogastronômica, pensei, “é nessa que eu vou”! Porque o meu foco é esse: eu adoro cozinhar — contou à Comunità.
Ao ser perguntada sobre os aspectos dos quais mais gostou, Mônica disse que a escolha era difícil, mas a primeira lembrança que lhe veio à cabeça foi a visita numa fazenda de produção biológica, onde, junto com a proprietária, colheram as plantas alimentícias não convencionais (PANC), como tarássaco e urtiga, além de vegetais e frutas, como as maçãs rosa das montanhas Sibillini para a aula-almoço.
— Todo mundo meteu a mão na massa e foi muito divertido! Aprendemos a fazer massa verde e almoçamos o que preparamos: tagliatelle de urtiga com salsiccia e nozes, crostini com tarassaco (dente-de-leão) e batata, maçã rosa ao forno, e outras iguarias — relembrou a oriunda.
O mês de outubro, quando Mônica e seus outros companheiros de viagem fizeram a viagem, é a época das trufas: a programação incluiu um dia nos bosques à procura dos diamantes escondidos na terra com o cachorro Spina e o trufeiro Giovanni.
— O cachorro caça pelo olfato, cava e pega com a boca a trufa e tenta comê-la. Por isso, o caçador de trufa sempre traz com ele uns biscoitinhos que dá ao cachorro em troca da trufa. Depois, a gente comeu em um restaurante uma massa com as trufas raladas que tínhamos achado — relatou Mônica, que adorou essa experiência.
A viagem intercalou visitas nas fazendas e nos bosques com passeios em pequenas cidades, como Loreto, um dos mais antigos lugares de culto católico, e Grottammare, vilarejo medieval acima do mar.

Do jantar na casa da dona de uma queijaria à ceia no restaurante estrelado
O roteiro de Alessandra os levou para degustar a culinária tradicional de Marche em ambientes simples, como tratorias ou fazendas familiares, e até em um restaurante premiado pelo Guia Michelin, onde comeram carne de pombo, leitão e galinha de Angola no espeto, além de pappardelle ao molho de lebre.
Após visitar a fazenda de queijo de ovelha e carne de cordeiro da senhora Giovanna, em Monteprandone, e ver como se produzem os diferentes tipos de queijo, o grupo comeu na casa-laboratório com produtos da própria queijaria preparados pela proprietária.
Para a artista plástica Alice Strauch, cada dia era uma descoberta com um menu único e um sabor diferente.
— O que mais me impressionou foi que as fazendas e as vinícolas que visitamos tinham nome de mulheres, pois elas eram as proprietárias ou herdaram aquilo da família. São mulheres que têm muita vitalidade e muito orgulho de estar fazendo esse tipo de trabalho. Nós perdemos isso — avaliou Alice, que já conhecia a Itália.
Quando ficou sabendo que Alessandra estava formando o grupo para ir a Marche, Alice não pensou duas vezes, pois o roteiro incluía visitas a uma cidade que nunca saiu da sua cabeça.
— Depois de 14 anos, retornei a Macerata e pude entrar no Teatro Lauro Rossi onde, em 2002, recebi um prêmio de encadernação de um concurso internacional — disse, emocionada, a artista.
Após visitar a cidade e fazer uma aula-degustação com um mestre chocolateiro, o grupo almoçou em um restaurante no qual os donos cozinharam pratos típicos da cidade, como vincisgrassi, lasanha recheada com um rico ragu, miúdos de galinha e cogumelos; riso corco (arroz deitado), feito com polenta branca de arroz e farinha de trigo com um molho em cima diferente a cada estação; e cordeiro empanado e frito, acompanhado de cremini, creme de confeiteiro à milanesa e chicória refogada.
A rica e intensa programação incluiu uma visita a um laboratório de massas em Monte San Giusto, degustação de azeite num oleificio e um passeio naturalístico no Monte Conero acompanhado de um guia que deu explicações sobre a vegetação típica, seguido por um almoço na praia, em que os brasileiros experimentaram os moscioli, um tipo de mexilhão selvagem encontrado somente em Portonovo.
— Marche vai ser a futura Toscana porque essa região tem tudo para oferecer de maravilhoso: parte medieval e parte moderna, mar e montanha, comida boa e pessoas maravilhosas. O que uma pessoa pode querer mais? — indagou Mônica, que já se ofereceu para próxima viagem.
Para 2017, Alessandra já está organizando levar um grupo a Marche, em abril, e a alguma área geográfica italiana pouco conhecida pelos brasileiros em outubro.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.