Comunità Italiana

Todas as almas da Emília-Romanha

O secretário de Turismo da região Andrea Corsini acompanha Comunità rumo à descoberta do território, cuja vocação para a hospitalidade é histórica, com uma grande diversidade de atrações

A sétima parada da viagem de ComunitàItaliana às 20 regiões do Belpaese é na Emília-Romanha, coração pulsante da Itália centro-setentrional, povoada por quatro milhões e meio de habitantes. Sua capital é Bolonha, a cidade da Torre dos Asinelli, famosa por seus 47 quilômetros de pórticos e por suas esplêndidas praças. Reúne diversos lugares renomados, como Rimini e a costa romagnola, as cidades ducais Parma e Modena, a Ferrara dos Estensi e a Ravenna bizantina, sem esquecer os mil burgos encantados, a planície padana e o Appennino. Muito rico também seu patrimônio enogastronômico, começando pelos tortellini, pelo parmesão e pelo molho à bolonhesa. A Emília-Romanha é ainda uma imensa forja de talentos: entre muitos, deu à luz Giuseppe Verdi, Arturo Toscanini, Ludovico Ariosto e Piero Della Francesca, Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, Luciano Pavarotti e Zucchero e, ainda, a Giorgio Armani, Lucio Dalla, Vasco Rossi, Ligabue e Gianni Morandi, entre tantos outros. O secretário regional do Turismo, Andrea Corsini, apresenta a Emília-Romanha em detalhes aos leitores.
— Eu começaria justamente pela Via Emília, a milenar estrada romana que, além de dar, caso único em nosso país, seu nome a uma inteira região, a atravessa por inteiro, de sul a norte, funcionando como uma verdadeira ligação entre suas tantas excelências. Ao longo desta estrada, os ecos da história e do passado misturam-se às excelências da contemporaneidade. Ao percorrê-la, cruzamos as nossas 10 cidades artísticas, baús de obras-primas que ostentam o reconhecimento da Unesco, uma história e uma cultura milenares. Ao mesmo tempo, atravessamos uma Motor Valley única no mundo, que sedia marcas como Ferrari, Lamborghini, Maserati, Pagani e Ducati — introduz Corsini.
A oferta é ampla:
— São incontáveis os museus e as coleções privadas. A nossa oferta termal conta com 26 centros em 19 lugares atraentes, o nosso Appennino no inverno oferece 300 quilômetros de pistas em 15 estações de esqui e, no verão, propõe aos apaixonados por trekking a descoberta de dois parques nacionais, o Parque das Florestas Casentinesi e Monte Falterona e Campigna, e o Parque Tosco-Emiliano, além de 12 parques regionais e 13 reservas naturais — enumera.
Não falta mar, que banha a Costa Romanhola — que foi, durante décadas, um dos símbolos da dolce vita italiana.
— Podemos contar com 110 quilômetros de praias e com um total de 15 parques de diversão para famílias, o que representa um recorde europeu. Completam o quadro um esplêndido interior a ser descoberto, rico em burgos, fortalezas e castelos, e um calendário repleto de eventos que, durante todos os meses do ano, é animado por festivais, shows, feiras de setor, mostras, festas e muito mais — lembra Corsini.

Parmigiano reggiano e presunto de Parma à mesa
Uma citação especial merecem as excelências enogastronômicas que, na Emília-Romanha, possuem um papel de absoluto destaque.
— A nossa enogastronomia típica, com 43 produtos DOP, de origem protegida, e IGP, de indicação geográfica protegida, está em primeiro lugar na escala nacional e pode contar com campeões como Parmigiano Reggiano e o presunto de Parma — faz questão de ressaltar o secretário.
Um ponto forte que pode revelar-se uma alavanca decisiva também do ponto de vista turístico, pois a enogastronomia típica está se tornando cada vez mais motivação para uma viagem, sobretudo se considerarmos que cerca de um terço das despesas dos italianos e dos estrangeiros que passaram as férias no país em 2015, ou seja, 26 bilhões de euros, destinou-se à mesa de restaurantes e às compras de produtos enogastronômicos. Um item do orçamento para as férias “que superou até mesmo a hospedagem”, observa Corsini.
À mesa, a região da cantora Laura Pausini tem para todos os gostos, bolsos e estilos de consumo. O visitante pode conhecer o melhor da gastronomia local em restaurantes típicos ou estrelados, nas feiras de produtores e na Enoteca Regional.
— A oferta do Food Valley da Emília-Romanha é uma oferta única em seu setor, que atrai cada vez mais turistas, sobretudo os estrangeiros que buscam coisas típicas, tradição e sabores autênticos, enriquecidos pelo rico calendário de festas, mostras, mercados e feiras — destaca o representante do governo local.

A oferta heterogênea de atrações turísticas é o diferencial da região
A lista das atrações é de fato longa, mas perguntamos ao assessor qual é o verdadeiro diferencial em relação a outros lugares da península.
— Acho que o nosso principal ponto forte está na capacidade de oferecer férias a 360 graus, sob o signo do mais autêntico turismo da experiência. Na nossa região, o hóspede tem condições de viver situações extraordinariamente emocinantes e diferentes entre si, como fazer uma imersão completa na vida e no universo artístico de personagens de fama mundial, como Verdi e Fellini; experimentar a melhor cozinha tradicional ou talvez sentar-se à mesa de um dos 50 melhores restaurantes do mundo, como o La Francescana de Modena, premiado com três estrelas Michelin. E, depois, dirigir uma Ferrari ou ir conhecer o rio Pó de bicicleta. Pode passear por Bolonha, onde se encontram os pórticos mais longos do mundo, ou fazer yoga na praia, durante a aurora, enquanto o sol nasce — afirma.
Experiências absolutamente únicas e, “no entanto, ligadas pela histórica vocação para a hospitalidade de nossa terra e dos nossos operadores turísticos, que faz o visitante sentir-se mimado e bem-vindo”. Com uma oferta tão heterogênea, fica difícil identificar um único público turístico ao qual se dirigir:
— Mais que difícil, é impossível. O turista contemporâneo concentra em si muitos interesses diferentes, das férias ativas à enogastronomia, da arte e cultura ao espetáculo e à diversão noturna, passando pelo bem-estar termal. Por isso, quando vamos promover nosso território em mercados específicos, valorizamos vários aspectos das férias passadas na Emília-Romanha.
Os dados sobre os fluxos turísticos parecem confortantes para a administração local. Em 2015, foram registradas mais de 8,8 milhões de chegadas, o que representa um aumento de 5,1% em relação a 2014. Os 46 milhões de presenças turísticas traduzem-se em uma média de mais de cinco dias de pernoite por turista.
A tendência positiva foi determinada sobretudo pela retomada da demanda italiana.
— Sob esse aspecto, as chegadas aumentaram em 6,9% e as presenças em 4,8%, mas também o mercado estrangeiro fez sua parte, como confirmam o +4,2% de chegadas e o +3,3% de presenças, mesmo sem o movimento turístico russo, que teve uma queda de cerca de 40% por causa da conjuntura econômica negativa dos últimos tempos — revela o secretário, acrescentando que a presença brasileira ainda é discreta: os últimos dados relatam 25.263 chegadas e 67.070 presenças, com 2,6 dias de permanência média nos hotéis locais.
O único problema poderia ser representado por uma pequena névoa sobre a costa romanhola, cuja estrela não parece brilhar mais como nos tempos áureos. Os números mostram recuperação, porém ainda estão distantes dos hotéis lotados de décadas atrás.
— Na verdade, não falaria em névoa, mesmo porque a nossa Costa Adriática fechou o ano com um aumento de 5,9% de chegadas e de 3,2% de presenças. Todos as localidades da costa registraram uma volta dos italianos e, no que diz respeito aos turistas estrangeiros, registrou-se a retomada do mercado alemão (+3,5%), com auges de +9% de demanda extra hoteleira de língua alemã para os locais de férias dos Lidi Ravennati e de Comacchio, além de um aumento das chegadas da Suíça (+4,9%) e da França (+6,3%).

Meta é aumentar a participação do turismo no PIB
No geral, de qualquer modo, o turismo assume um considerável destaque na economia da região: é, realmente, um item que tem um peso no PIB da Emília-Romanha, de 8,7%, correspondente a cerca de 10 bilhões de euros. O objetivo atual é fazer este item chegar a 10%, afirma Corsini. Para tanto, o governo lançou a marca única “Via Emilia, Experience The Italian Lifestyle”.
— Com ela, promovemos os vários componentes de nossa oferta, da Motor Valley à enogastronomia, o bem-estar termal e a Costa Romanhola. Temos propostas de estadia ad hoc, com a marca do turismo experiencial e do Italian Style, com os territórios e as excelências turísticas intimamente ligados entre si.
Conectar os territórios às excelências turísticas é também a abordagem que caracteriza a nova lei regional de organização turística, uma medida recente com a qual pretende-se “responder às mutações do mercado turístico internacional, interceptando os desejos dos novos viajantes contemporâneos”.

Iniciativas procuram atrair o visitante brasileiro
A administração emiliano-romanhola olha com grande interesse também para o mercado brasileiro, para o qual já partiram várias iniciativas.
— Participamos com os nossos operadores das principais feiras turísticas do Brasil, da Abav-Feira de Turismo das Américas ao Wtm Latin America, e organizamos tours educativos, dirigidos aos operadores turísticos brasileiros. Além disso, hospedamos periodicamente veículos de comunicação brasileiros. Por exemplo, durante o Blogville, o nosso projeto nascido em 2012 e dedicado aos travel bloggers do mundo inteiro, recebemos Cláudia Beatriz, fundadora da RBBV, a rede brasileira dos bloggers de viagem, e, em fevereiro passado, hospedamos a equipe de Car and Driver TV, um programa da Band que apresenta as excelências automobilísticas mundiais e que veio conhecer o nosso Motor Valley.
O ano de 2016  é realmente um ano de celebrações para os amantes dos motores Made in Emilia: festejam-se os 100 anos do nascimento do fundador da Lamborghini, Ferruccio Lamborghini, os 50 anos do Lamborghini Miura, os 90 anos da Ducati, e o nascimento, em San Cesario sul Panaro, da nova fábrica Pagani, que abriga o museu da empresa
A presença de muitos imigrantes e oriundos no Brasil pode representar um recurso em termos turísticos, pois “são pessoas orgulhosas de suas raízes, que mantêm uma forte ligação com o Belpaese e que certamente favorecem a difusão da cultura italiana nos lugares em que vivem”, define o secretário.
O assessor ainda não visitou o país sul-americano, mas confessa que é uma de suas metas prioritárias.
— Espero ir muito em breve. Sou um amante do futebol e uma viagem ao país, para mim, não pode deixar de incluir uma visita ao lendário Maracanã, um dos templos do futebol mundial. A floresta tropical, o Rio de Janeiro e a mítica praia de Ipanema, as Cataratas do Iguaçu, a arquitetura portuguesa do século XVII e as obras de Oscar Niemeyer geram em seu conjunto uma alquimia extremamente fascinante, que eu gostaria muito de conhecer — suspira Andrea Corsini.